Apresentação MEJ Brasil - 1º Congresso Mundial do MEJ - 2012

Hino do Congresso Internacional do MEJ 2012 Argentina - Escute aqui!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Anúncio do Concílio Vaticano II no Natal de 1961

POR: CNBB/SIR/ECCLESIA
O dia de Natal de 1961 foi a data escolhida pelo Papa João XXIII para anunciar ao mundo que tinha chegado a "hora de convocar o Concílio Ecumênico Vaticano II". O bem-aventurado assinava, há 50 anos, a constituição apostólica 'Humanae Salutis', quase três anos depois de ter anunciado a intenção de convocar um concílio, 25 de janeiro de 1959, o 21.º da história da Igreja.
"Nós, desde quando subimos ao supremo pontificado, não obstante nossa indignidade e por um desígnio da Providência, sentimos logo o urgente dever de conclamar os nossos filhos para dar à Igreja a possibilidade de contribuir mais eficazmente na solução dos problemas da idade moderna", escrevia.
Para o Papa Roncalli, que viria a falecer antes da conclusão deste evento eclesial, "a jubilosa repercussão que teve seu anúncio, seguida da participação orante de toda a Igreja e do fervor nos trabalhos de preparação, verdadeiramente encorajador, como também o vivo interesse ou, pelo menos, a atenção respeitosa por parte de não-católicos e até de não-cristãos demonstraram, da maneira mais eloquente, como não escapou a ninguém a importância histórica do acontecimento".
João XXIII desejava uma "demonstração da Igreja, sempre viva e sempre jovem, que sente o ritmo do tempo". "Ao mundo perplexo, confuso, ansioso sob a contínua ameaça de novos e assustadores conflitos, o próximo concílio é chamado a oferecer uma possibilidade de suscitar, em todos os homens de boa vontade, pensamentos e propósitos de paz", podia ler-se. Angelo Guiseppe Roncalli, João XXIII, tinha sido eleito a 28 de outubro e investido a 4 de novembro de 1958, pelo que esta decisão causou "surpresa", como refere o historiador e padre Senra Coelho, do Instituto Superior de Teologia de Évora, num texto publicado no semanário Agência ECCLESIA.
O investigador lembra que "o Concílio Vaticano I fora adiado sine die, devido às dificuldades políticas surgidas com os movimentos promotores da unificação de Itália", em 1870. Segundo o padre Senra Coelho, "com a realização do Concílio Vaticano II mudou o olhar da Igreja para o mundo e muitos dos que estiveram sob suspeita, foram depois referência e assumiram atuações de primeira ordem". Paulo Rocha, diretor da Agência ECCLESIA, sublinha os contributos enviados para Roma nos três anos anteriores à realização das sessões conciliares, quando foram pedidos temas para debate e sugestões para o desenrolar dos trabalhos: "A Roma chegaram quase 2 mil respostas, onde estavam mais de 9 mil propostas".
"Depois, os anos de reunião, no Vaticano: 2500 participantes no Concílio, observadores, peritos, consultores teológicos, tradutores e muitas outras pessoas para concretizar uma ideia do Papa João XXIII, expressão de procuras e interrogações de mulheres e homens dos meados do séc. XX na tentativa de adequar verdades eternas a novos contextos", acrescenta. O arcebispo emérito de Braga, Portugal, D. Eurico Nogueira Dias, recorda ainda hoje o "entusiasmo" com que recebeu a convocação e elogia o momento em que "a Igreja resolve encarar os problemas no seu conjunto", permitindo que o Concílio se tornasse "um lugar de discussão clara, pública e sem reservas".

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"CRISTO NASCEU POR NÓS"

A mensagem natalícia "Urbi et Orbi" e as saudações de natal do Papa Bento XVI


CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de dezembro de 2011 (Zenit.org) – Publicamos o texto da tradicional mensagem natalina, “Urbi et Orbi”, dirigida hoje por Bento XVI aos fiéis presentes na praça de São Pedro e a todo o mundo por meio da radio e da televisão. Colocamos também algumas saudações do Pontífice nas 65 línguas do globo.
***
Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro!
Cristo nasceu para nós! Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado: a todos chegue o eco deste anúncio de Belém, que a Igreja Católica faz ressoar por todos os continentes, sem olhar a fronteiras nacionais, linguísticas e culturais. O Filho de Maria Virgem nasceu para todos; é o Salvador de todos.
Numa antífona litúrgica antiga, Ele é invocado assim: «Ó Emanuel, nosso rei e legislador, esperança e salvação dos povos! Vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus». Veni ad salvandum nos! Vinde salvar-nos! Tal é o grito do homem de todo e qualquer tempo que, sozinho, se sente incapaz de superar dificuldades e perigos. Precisa de colocar a sua mão numa mão maior e mais forte, uma mão do Alto que se estenda para ele. Amados irmãos e irmãs, esta mão é Cristo, nascido em Belém da Virgem Maria. Ele é a mão que Deus estendeu à humanidade, para fazê-la sair das areias movediças do pecado e segurá-la de pé sobre a rocha, a rocha firme da sua Verdade e do seu Amor (cf. Sal 40, 3).
E é isto mesmo o que significa o nome daquele Menino (o nome que, por vontade de Deus, Lhe deram Maria e José): chama-se Jesus, que significa «Salvador» (cf. Mt 1, 21; Lc 1, 31). Ele foi enviado por Deus Pai, para nos salvar sobretudo do mal mais profundo que está radicado no homem e na história: o mal que é a separação de Deus, o orgulho presunçoso do homem fazer como lhe apetece, de fazer concorrência a Deus e substituir-se a Ele, de decidir o que é bem e o que é mal, de ser o senhor da vida e da morte (cf. Gn 3, 1-7). Este é o grande mal, o grande pecado, do qual nós, homens, não nos podemos salvar senão confiando-nos à ajuda de Deus, senão gritando por Ele: «Veni ad salvadum nos – Vinde salvar-nos!»
O próprio facto de elevarmos ao Céu esta imploração já nos coloca na justa condição, já nos coloca na verdade do que somos nós mesmos: realmente nós somos aqueles que gritaram por Deus e foram salvos (cf. Est (em grego) 10, 3f). Deus é o Salvador, nós aqueles que se encontram em perigo. Ele é o médico, nós os doentes. O facto de reconhecer isto mesmo é o primeiro passo para a salvação, para a saída do labirinto onde nós mesmos, com o nosso orgulho, nos encerramos. Levantar os olhos para o Céu, estender as mãos e implorar ajuda é o caminho de saída, contanto que haja Alguém que escute e possa vir em nosso socorro.
Jesus Cristo é a prova de que Deus escutou o nosso grito. E não só! Deus nutre por nós um amor tão forte que não pôde permanecer em Si mesmo, mas teve de sair de Si mesmo e vir ter connosco, partilhando até ao fundo a nossa condição (cf. Ex 3, 7-12). A resposta que Deus deu, em Cristo, ao grito do homem, supera infinitamente as nossas expectativas, chegando a uma solidariedade tal que não pode ser simplesmente humana, mas divina. Só o Deus que é amor e o amor que é Deus podia escolher salvar-nos através deste caminho, que é certamente o mais longo, mas é aquele que respeita a verdade d’Ele e nossa: o caminho da reconciliação, do diálogo e da colaboração.
Por isso, amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, neste Natal de 2011, dirijamo-nos ao Menino de Belém, ao Filho da Virgem Maria e digamos: «Vinde salvar-nos»! Repitamo-lo em união espiritual com tantas pessoas que atravessam situações particularmente difíceis, fazendo-nos voz de quem a não tem.
Juntos, invoquemos o socorro divino para as populações do Nordeste da África, que padecem fome por causa das carestias, por vezes ainda agravadas por um estado persistente de insegurança. A comunidade internacional não deixe faltar a sua ajuda aos numerosos refugiados vindos daquela Região, duramente provados na sua dignidade.
O Senhor dê conforto às populações do Sudeste asiático, particularmente da Tailândia e das Filipinas, que se encontram ainda em graves situações de emergência devido às recentes inundações.
O Senhor socorra a humanidade ferida por tantos conflitos, que ainda hoje ensanguentam o Planeta. Ele, que é o Príncipe da Paz, dê paz e estabilidade à Terra onde escolheu vir ao mundo, encorajando a retoma do diálogo entre israelitas e palestinianos. Faça cessar as violências na Síria, onde já foi derramado tanto sangue. Favoreça a plena reconciliação e a estabilidade no Iraque e no Afeganistão. Dê um renovado vigor, na edificação do bem comum, a todos os componentes da sociedade nos países do Norte da África e do Médio Oriente.
O nascimento do Salvador sustente as perspectivas de diálogo e colaboração no Myanmar à procura de soluções compartilhadas. O Natal do Redentor garanta a estabilidade política nos países da região africana dos Grande Lagos e assista o empenho dos habitantes do Sudão do Sul na tutela dos direitos de todos os cidadãos.
Amados irmãos e irmãs, dirijamos o olhar para a Gruta de Belém: o Menino que contemplamos é a nossa salvação. Ele trouxe ao mundo uma mensagem universal de reconciliação e de paz. Abramos- Lhe o nosso coração, acolhamo-Lo na nossa vida. Repitamos-Lhe com confiada esperança: «Veni ad salvandum nos».
Depois da sua mensagem, o Papa enviou a saudação natalícia em 65 línguas, entre as quais a língua portuguesa:
"Feliz Natal para todos, e que a Luz de Cristo Salvador ilumine os vossos corações de paz e de esperança!"

Fonte: Zenit.org http://www.zenit.org/article-29434?l=portuguese (Acesso 26/12/2011 às 10h36)

domingo, 25 de dezembro de 2011

Mensagem de Natal 2011

A ternura de Deus
se manifesta em uma criança


“E o Verbo se fez homem”


É Natal! A ternura de Deus encarnou-se na pessoa de Jesus. Diante desta criança, somos curados de nossos temores, ansiedades e medos.  Contemplando o Filho de Deus, reclinado no presépio, compreendemos a insensatez do consumismo desenfreado, do desejo de acumular, do espírito de competição, da violência e de sempre querer tirar vantagem em tudo. Brota de nosso coração um desejo profundo de sermos mais humanos, de buscarmos o diálogo e a reconciliação, de experimentarmos a alegre certeza de que Jesus nos indica o caminho que leva à casa do Pai.

Jesus Cristo vem, porque nos ama e quer salvar-nos do mal, de todos os males. Ele vem para acolher-nos, fazer-nos experimentar o seu amor, transformar-nos em seus discípulos missionários e enviar-nos a anunciar a todo o mundo que Deus é amor e nos ama sem medidas. Por isso, Jesus se faz nosso companheiro. Ele quer caminhar conosco. Deixemo-nos alcançar por Ele. Iluminados e transformados por este encontro com Ele, anunciá-lo-emos a todos os homens e mulheres do nosso tempo. Eis o Natal!

Pois, o Natal não se reduz a comemorações de um acontecimento extraordinário do passado, que recordamos com amor e gratidão. Natal é acontecimento que se atualiza por uma vida de intimidade com Deus, como nos diz Edith Stein: “Não basta ajoelhar-se uma vez ao ano frente ao presépio para que a vida humana seja inundada da vida divina; antes, é necessário que toda a vida esteja em contato com Deus.”

Nesta festa lembramos os padres de nossa Diocese que estão fora em missão: Pe. Marcos Moreira dos Santos, Pe. Wetemberg Aires de Oliveira, Pe. Antônio Pereira de Araújo e Pe. Eduardo Nery Nunes. A eles e a todos os diocesanos deixo meus votos de um Feliz e Santo Natal.

Dom Manuel Parrado Carral

Bispo Diocesano de São Miguel Paulista


Fonte: http://www.diocesesaomiguel.org.br/joomla/ (Acesso 24/12/2011 às 22h47)

sábado, 24 de dezembro de 2011

Frei Cantalamessa: no mundo secularizado, os leigos cristãos chegam com o Evangelho onde os padres não chegam

Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI iniciou seus compromissos desta sexta-feira participando, na Capela Redemptoris Mater da residência pontifícia, da quarta e última pregação do Advento.

Não se pode prescindir, hoje, dos leigos cristãos, das famílias, sobretudo, na ação evangelizadora da Igreja. Foi o que afirmou o Pregador da Casa Pontifícia, o Frade Capuchinho Raniero Cantalamessa, que na manhã desta sexta-feira concluiu, no Vaticano, o ciclo das pregações de Advento feitas na presença do Papa e da Cúria Romana.

Na quarta meditação, o Pregador pontifício reconheceu aos fiéis leigos um papel comumente mais "decisivo" do que o do clero em difundir o Evangelho em contextos secularizados.

De fato, Frei Cantalemessa dedicou sua última reflexão do Advento ao que chama de "quarto mundo": o quarto mundo – segundo a sua reconstrução – das "ondas evangelizadoras" que caracterizaram os dois mil anos de história da Igreja. Após os bispos protagonistas do anúncio de Cristo no mundo greco-romano; os monges no mundo bárbaro; e os frades no Novo mundo americano, o religioso se deteve sobre os fiéis leigos e a sua capacidade de incidir no mundo secularizado "pós-cristão".

É claro – reconheceu o Pregador pontifício – que não se pode apresentar-se a um homem que "perdeu todo e qualquer contato com a Igreja e não mais sabe quem é Jesus" e impor-lhe vinte séculos de doutrina e tradição. Ademais, se "não se pode mudar o essencial do anúncio", se "pode e deve mudar o modo de apresentá-lo", fazendo um esforço de "criatividade":

"Temos um aliado nesse esforço: o falimento de todas as tentativas do mundo secularizado de substituir o Kerygma cristão com outros "gritos" e outros "manifestos". Cito sempre o exemplo da célebre pintura do pintor norueguês Edvard Munch, intitulado "O grito" (...) é um grito de vazio, sem palavras, sem som. Parece-me a descrição mais eficaz da situação do homem moderno que, tendo esquecido o grito repleto de conteúdo que é o Kerygma, acaba tendo que gritar no vazio a própria angústia existencial."

Ao invés, com o Evangelho, sempre é possível partir novamente de um anúncio autêntico, vital, que não é – observou o Frade Capuchinho – nem "ilusão mental", nem uma "operação de arqueologia", graças à "real contemporaneidade de Cristo que vive entre os homens hoje, como dois mil anos atrás, graças à Eucaristia.

Portanto, com os Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística, o Vaticano II descobriu também o protagonismo dos leigos na evangelização. Estes últimos e, sobretudo, as famílias – prosseguiu o religioso – têm uma potencialidade análoga ao processo de fusão do átomo, que os torna no plano espiritual "uma espécie de energia nuclear da Igreja":

"Eles não são mais simples colaboradores chamados a dar a sua contribuição profissional, o seu tempo e os seus recursos; são portadores de carismas, com os quais – diz a Lumen gentium – "estão aptos e prontos a assumirem obras e ofícios, úteis para a renovação e a maior expansão da Igreja"."

Os leigos – ressaltou Frei Cantalamessa – são aqueles que, muito mais do que os pastores, podem ir ao encontro dos que se distanciaram. Para os pastores é mais fácil "alimentar com a palavra e os Sacramentos aqueles que vêm a Igreja":

"A parábola da ovelha perdida apresenta-se hoje invertida: noventa e nove ovelhas distanciaram-se e uma permaneceu no aprisco. O perigo é passar todo o tempo e alimentar aquela única que ficou e não ter tempo, inclusive pela escassez do clero – de sair em busca das perdidas. Nisso a contribuição dos leigos se mostra providencial para os nossos tempos. A realização mais significativa nesse sentido são os movimentos eclesiais. A específica contribuição deles para a evangelização é oferecer aos adultos uma ocasião para redescobrir o seu batismo e tornar-se membro ativo e engajado na Igreja." (RL)



Fonte: radiovaticana.org http://www.radiovaticana.org/bra/Articolo.asp?c=549131 (Acesso 24/12/2011 às 13h11)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Apelo de Natal da Terra Santa

POR: CNBB/RADIO VATICANO
“Tornar-se pessoas que se perdoam, dentro da própria história, na busca de Deus": são os votos do Custódio da Terra Santa, Fr. Pierbattista Pizzaballa, contida na Mensagem de Natal divulgada na segunda-feira, 18 de dezembro, pela Custódia.

"O Natal – escreve o Custódio – é a história de um Deus que veio se esconder num campo em Belém. Natal é também a história de campos e tesouros, de homens que os encontram. Mas, ao possuir o tesouro, é preciso despojar-se de tudo."

Fr. Pizzaballa recorda que quem ama perde tudo, porque amar significa doar, como fez Cristo. E o homem, ao perder tudo, encontra Deus. "Assim, afirma o Custódio, o caminho do perder se transforma no caminho a encontrar. Quem o percorre, encontra Deus, o irmão e a si mesmo." E conclui:

"De fora, pode parecer que não muda nada, que a história, em especial a da Terra Santa, continua a ser a realidade dramática que vivemos: ódio, divisões, medos, desconfiança e preconceito. Mas dentro muda tudo! Muda o olhar sobre a vida porque esta vida não é somente um campo, mas é o campo que esconde o tesouro."

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O MISTÉRIO DO NATAL

Padre Pietro Messa explica as razões do nascimento do Menino Jesus


ROMA, segunda-feira, 19 de dezembro de 2011(ZENIT.org) - O nascimento do Menino Jesus realmente mudou a história da humanidade? É verdade que os potentes e o povo entenderam imediatamente a importância daquele nascimento? Por que contamos os dias desde aquele nascimento? Que sentido tem na vida de cada um fazer o presépio?
 ***
Para responder a estas e a outras perguntas, ZENIT entrevistou padre Pietro Messa, Presidente da Escola Superior de Estudos Medievais e Franciscanos da Pontifícia Universidade Antonianum.
Qual é o significado na história e no presépio feito por São Francisco, da figura do Menino Jesus?
Pe. Pietro Messa: Sabemos que os primeiros cristãos, sendo todos de religião hebraica, guardavam o sábado, mas o dia seguinte, ou seja, o atual domingo, se reuniam para lembrar a Ressurreição. Então, a primeira festa celebrada e aquela por excelência é a Páscoa. Sucessivamente, começaram a celebrar outros acontecimentos da vida de Jesus, como o seu nascimento no dia 25 de dezembro, isto é, o dia em que anteriormente celebravam o Sol invictus, ou seja, que não foram vencidos pelas trevas; visto que passado o solstício de inverno, os dias começam a ser mais longos e a luz toma conta da escuridão da noite. Da celebração passamos para as representações e a peregrinação a Belém, cidade do rei Davi de cuja linhagem nasceu Jesus.
As peregrinações – ao mesmo tempo, expressão e incentivo de ligação com os lugares da vida terrena de Jesus – foram motivos propulsores para a narração e representação da humanidade de Jesus. Neste contexto está o desejo de frei Francisco de Assis manifestado ao povo de Greccio em 1223,  de ver "com os olhos do corpo", como o Menino Jesus estava deitado na manjedoura entre o boi e o jumento. E assim, na noite de Natal sobre a manjedoura onde estavam os dois tradicionais animais, foi celebrada a Eucaristia para que pudéssemos ver “com os olhos do corpo”, o pão e o vinho consagrados, e acreditar, graças ao espírito Santo, na presença do Corpo e Sangue de Cristo (para aprofundar cfr U.Occhialini-P.Messa, O primeiro presépio do mundo, Ed.Porziuncula, Assis 2011).
Em um âmbito secularizado como este moderno, o nascimento de Jesus Menino é banalizado e colocado no contexto de um “mito” que apenas as crianças podem acreditar. Por que, segundo os cristãos, aquele nascimento mudou o mundo?
Pe.Pietro Messa: Mas talvez a pior desmistificação do Natal não seja a de acreditar em um mito, mas o reducionismo do mesmo para a festa de bondade, do altruísmo, de ajuda aos necessitados. Não que essas coisas não sejam importantes ou presentes no Evangelho, mas o centro é o fato de que Jesus vem a nós porque fez a opção pela nossa pobreza. Ele estende sua mão até o momento em que seu braço é estendido na cruz. Como nos disse a Clarissa, irmã Clara Tarcisia do Promnastero de Santa Clara de Assis nos últimos meses de sua existência: “O importante na vida é amar, e, sobretudo deixar-se amar!”. E o Natal é o tempo propicio para deixar-se amar e isso não gera passividade porque Jesus nos ama como somos; mas não nos deixa como somos, ao contrário, nos transforma em capacidade de amar de modo criativo e eficaz. Desta forma, o encontro com a sua Presença muda e dá início a uma nova humanidade.
Os cristãos falam de Jesus como o Salvador, por quê?
Pe.Pietro Messa: Jesus de Nazaré – uma cidade que, de acordo com alguns, não poderia vir nada de bom – passou pela Palestina e, como para outras pessoas, também sobre ele perguntavam quem era. As respostas a essa pergunta foram as mais variadas, mas quem não se fecha em seus próprios esquemas, nota que toda resposta é inadequada, ou melhor, inesgotável. E assim, devagar, cada vez mais se reconhece a sua realidade de Messias, ou seja, ungido pelo Altíssimo e então o Salvador. Mas sobre a pessoa de Jesus, ainda que obtenhamos algumas certezas definidas pelos dogmas, questões ainda se abrem e, como nos mostram os santos, há sempre algo a se maravilhar, isto é, para parar e olhar com estupor para Ele.
A data, o Cometa, os Reis,... quais são os argumentos para recordar-los como fatos que realmente aconteceram na história?
Pe Pietro Messa: O acontecimento de Jesus ocorreu nas coordenadas da história, ou seja, no espaço e no tempo: o espaço é aquele da Palestina e o tempo é - como dizemos no Credo – “sob Pôncio Pilatos”. Mas isso não basta porque muitos viram a sua humanidade, escutaram suas palavras, admiraram seus milagres, mas somente alguns acreditaram na sua divindade. Como afirma Francisco de Assis na Admoestação em primeiro lugar, os discípulos viram "com os olhos do corpo" a sua humanidade, mas acreditaram na sua divindade. Assim, certamente, Jesus tem uma história, mas também alguma coisa que supera a história; por isso é importante, como nos recorda Bento XVI, que exista uma razão aberta ao mistério e uma fé racional. Caso contrário, cairíamos no racionalismo ou no fideísmo. Jesus é um acontecimento racional, mas que supera a razão e quando a razão quer ser omni-compreensiva, ou seja, pretender que com-preende tudo, cai no racionalismo. Da mesma forma, quando a fé exclui a história, a investigação da razão torna-se fideísmo, que abre a qualquer deriva, até mesmo violenta.
Quem, além dos cristãos, acolheu a importância daquele nascimento que aconteceu há mais de dois mil anos?
Pe.Pietro Messa: Muitas pessoas, incluindo os muçulmanos para os quais Jesus é um grande profeta. Dizia Monsenhor Luigi Padovese que na missa de Natal na Turquia, estavam presentes também os muçulmanos e em sua homilia inédita pela ocasião, soube acolher tal presença com sabedoria. Na verdade, ele disse que todos estavam comemorando o nascimento de Jesus, para alguns, porque era um grande profeta, para os cristãos manifestava misericórdia, ou melhor, presença de Deus entre os homens sendo o Filho de Deus.
Porque grande parte do mundo marca o tempo a partir daquele nascimento?
Pe.Pietro Messa: Em 313 houve o decreto de Constantino, de certa forma, marcou o fim das perseguições, após o qual o cristianismo se tornou a religião oficial.E assim, o cálculo do tempo começou a ser pontuado por seu nascimento, reconhecendo nele o cumprimento das profecias e promessas e o início de uma nova era. Nas palavras do Beato João Paulo II, ele é "o centro do cosmos e da história."
Por Antonio Gaspari
 (Tradução:MEM)

Fonte: ZENIT.org http://www.zenit.org/article-29396?l=portuguese - (Acesso 21/12/2011 às 11h48)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

CONFIRMADA A DATA DA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE RIO 2013

Informou o setor de comunicação da JMJ


CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 13 de dezembro de 2011 (ZENIT.org)- A data oficial foi decidida durante reunião entre o Pontifício Conselho para os leigos e o Comitê Organizador Local do Rio.
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A Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 será de 23 a 28 de julho de 2013, informou o setor de comunicação da JMJ.
A data oficial foi decidida durante a reunião entre o Pontifício Conselho para os Leigos (PCL), que é o Comitê Organizador Central da Jornada, e a comissão do Comitê Organizador Local (COL) do Rio, que está em Roma desde ontem.
O Comitê local é formado pelo presidente da comissão e arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, dois bispos auxiliares que acompanham mais diretamente a Jornada, Dom Antônio Augusto Dias Duarte e Dom Paulo Cezar Costa, monsenhor Joel Portella Amado, da coordenação geral, e os padres Márcio Queiroz, responsável pela Comunicação, e Renato Martins, responsável pelos Atos Centrais.
O Comitê do Rio está em Roma para tratar de diversas questões sobre o evento, inclusive a escolha pela logomarca.

Fonte: Zenit http://www.zenit.org/article-29365?l=portuguese (Acesso 14/12/2011 às 09h45)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A LIVRE EMPRESA E A IGREJA CATÓLICA

Como a moralidade na empresa faz progredir a humanidade


Por Pe. John Flynn, L. C.
ROMA, sábado, 10 de dezembro, 2011 (ZENIT.org) - A recente nota do Pontifício Conselho de Justiça e Paz, juntamente com o protesto que eclodiu em várias cidades do mundo, nos fizeram refletir sobre os limites do capitalismo, e levantou novamente a questão do que exatamente a Igreja Católica ensina sobre questões de Economia e de Doutrina Social.
A publicação na Austrália do livro "Empreendedorismo na Tradição Católica", publicado pelo Connor Court; (anteriormente publicado nos EUA pela Lexington Books), é uma boa contribuição para o debate sobre estes temas.
Assinado pelo Padre Anthony G. Percy, reitor do Seminário do Bom Pastor em Sydney, na Austrália, o livro examina o desenvolvimento do pensamento da Igreja sobre trabalho e negócios.
A partir da óbvia necessidade e aspiração de fazer um trabalho conforme os ensinamentos dos Padres da Igreja chegando até as encíclicas sociais dos últimos séculos, o livro sintetiza o desenvolvimento da reflexão teológica sobre estas questões.
O livro centra-se em particular sobre a figura do empreendedor, e Percy diz na sua introdução que a Igreja tem manifestado um profundo apreço por este papel. A Sagrada Escritura condena a ganância por dinheiro, mas não condena o lucro.
Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento afirmam que o trabalho e a cooperação da humanidade com Deus é demonstrada no sucesso e no progresso do mundo criado.
Várias parábolas de Jesus refletem as atividades de negócio. O homem que busca um tesouro no campo, o comerciante que vai procurando pérolas finas, a parábola dos talentos e a comparação entre o administrador honesto e desonesto, são apenas algumas delas.
O livro argumenta que o significado fundamental dessas parábolas é espiritual, mas ao mesmo tempo, há um reconhecimento do trabalho humano envolvido nessas atividades.
Na parábola dos talentos, aqueles que conseguiram multiplicar a riqueza são elogiados por sua energia e perseverança, enquanto que o administrador preguiçoso, que para evitar os riscos e os obstáculos esconde o talento, é criticado.

Segundo o autor, o espírito empresarial não figura muito na reflexão dos Padres da Igreja, e é claro que essa atividade não é considerada incompatível com os cristãos. O empresário é chamado, como todos os outros, para uma melhor utilização dos recursos naturais do planeta para contribuir ao bem comum.
Parte do livro está dedicada a um breve resumo do que Tomás de Aquino e outros teólogos têm escrito sobre o empresário. No geral, a tradição teológica católica vê esta figura cheia de algumas virtudes, como a criatividade e o desejo de trabalhar com os outros, e também a moderação no uso e na posse do dinheiro.
A partir de uma reflexão mais profunda sobre as encíclicas sociais, começando com a publicação em 1891 da "Rerum Novarum" de Leão XIII, conclui-se que o socialismo é rejeitado e o direito à propriedade privada é defendido.
A Rerum Novarum insiste no fato de que o Estado não deve absorver nem o indivíduo e nem a família. Ambos deveriam ser livres para operar e desenvolver a iniciativa privada na esfera econômica.
Com a encíclica "Quadragesimo anno", o Pontífice Pio XI teve que enfrentar uma situação mundial muito difícil. Em 1931 estava-se logo após a Primeira Guerra Mundial e no meio da Grande Depressão.
Nesta encíclica, o Papa defendeu a propriedade privada, sublinhando o ensino tradicional segundo o qual as atividades econômicas devem ser usados ​​para o bem comum. Ainda que defendendo o livre mercado, Pio XI criticou o excessivo individualismo que ignora a dimensão social e moral da atividade econômica.
Em relação à liberdade, numa mensagem de rádio para celebrar o décimo aniversário da "Quadragesimo ano", Pio XII disse que as pessoas têm o direito fundamental de fazer uso dos bens materiais para o desenvolvimento comercial por meio da troca.
Num discurso dirigido aos banqueiros em 1950, Pio XII descreveu o trabalho como necessário desenvolvimento social fazendo notar que deve ser orientado para o bem comum. Se feito corretamente o trabalho pode ser uma maneira de servir a Deus e alcançar a santificação pessoal.
Em outro discurso, dirigido aos representantes das Câmaras de Comércio, Pio XII levantou a questão da vocação para o comércio. Defendeu a importância da iniciativa privada e seu papel na criação de riqueza. E pediu para ser fiel ao ideal de serviço, evitando concentrar-se exclusivamente no lucro, para não trair a vocação ao serviço.
Em outras intervenções, Pio XII renovou o seu convite às empresas para servirem o bem comum. A liberdade das atividades econômicas - disse - é justificada se promove uma maior liberdade para a humanidade.
Dois capítulos do livro foram dedicados aos ensinamentos de João Paulo II e às suas contribuições para a doutrina social da Igreja. No primeiro capítulo, Percy aprofunda a questão do trabalho humano de acordo com o beato papa polonês.
Na primeira encíclica sobre questões económicas, "Laborem Exercens", João Paulo II estabelece três idéias: o trabalho tem um significado objetivo, um significado subjetivo e um significado espiritual.
O trabalho tem um significado objetivo externo quando envolve o esforço de criar algo. João Paulo II pôs este conceito no contexto do dom da criação. Portanto, - disse Percy - a criatividade de um empreendedor é um dom que não é totalmente autônomo, pois está sujeito a uma ordem estabelecida por Deus
Na dimensão subjetiva, uma pessoa trabalha para realizar a sua humanidade na realização da ação humana universal.
Falando a homens de negócio em Buenos Aires em 1987, João Paulo II disse que o empreendedor desempenha um papel vital na sociedade para produzir bens e serviços. Durante esta atividade os empreendedores deveriam realizar-se como pessoas ao serviço dos outros para criar uma sociedade mais justa e pacífica.
Sobre a dimensão espiritual do trabalho, de acordo com Percy, o pontífice polonês na "Laborem Exercens", diz que o nosso trabalho é uma forma de participação individual na obra redentora de Cristo. Por esta razão, é também uma atividade salvífica.
Para o autor do livro a "Centesimus Annus", contém uma análise detalhada da economia de mercado. Nesta encíclica, o Papa reiterou que o fator humano e o desenvolvimento das habilidades e da tecnologia desempenham um papel decisivo para o desenvolvimento e para a criação da riqueza. Neste sentido, o trabalho dos empreendedores é uma fonte de riqueza.
Os empresários trabalham e colaboram livremente com os outros para satisfazer suas exigências. João Paulo II enfatizou a importância dessa orientação para as necessidades dos outros. O trabalho envolve a pessoa numa comunidade, e o trabalho gerado também serve para os outros.
Percy afirma que a "Centessimus Annus " expande e desenvolve a doutrina católica, e não é a mudança radical que alguns temiam. O Papa aprovou a economia livre, mas de nenhum modo assumiu a visão liberalista.
Na encíclica em questão são expressos alguns conceitos inovadores, como por exemplo a idéia de que uma empresa pode ser e agir como uma comunhão de pessoas.
Em conclusão, o livro diz que a Igreja tem em alta consideração, tanto a iniciativa privada como o trabalho empreenditorial.
Essas atividades, no entanto, são chamadas a reconhecer a dignidade da pessoa humana e a obrigação de servir o bem comum.

Fonte: Zenit.org http://www.zenit.org/article-29352?l=portuguese (Acesso 13/12/2011 às 19h07)

sábado, 10 de dezembro de 2011

MARIA IMACULADA: A NATUREZA HUMANA EM SUA FORMA PERFEITA

O mariologista Stefano de Fiores fala à Rádio Vaticano


ROMA, sexta-feira, 9 de dezembro de 2011 (ZENIT.org) - A natureza humana de Maria atinge a perfeição desde a concepção: ela proclama a redenção de Cristo de forma muito mais perfeita do que todos os outros resgatados. São palavras ditas à Rádio Vaticano pelo padre Stefano De Fiores, mariologista, sacerdote de Monfort.
"Maria faz parte da comunidade dos que foram salvos porque ela é Imaculada não pelas próprias forças, mas por um dom que vem de Jesus Cristo, que tem duas maneiras de se tornar e mostrar-se mediador: libertando-nos do pecado cometido ou preservando-nos do pecado com uma força ainda superior, que é a força que impede Maria de cair em pecado".
As aparições de Lourdes não se restringem apenas a confirmar o dogma de Pio IX promulgado em 1854, já que, naquela localidade dos Pirineus, Maria disse "Eu sou a Imaculada Conceição", e não apenas que foi concebida imaculada .
Portanto, continuou De Fiores, a Virgem Maria se identifica com o primeiro instante da sua concepção imaculada, porque durante toda a sua vida ela é fiel àquele momento inicial.
Além de ter sido concebida sem a mancha do pecado original, Maria "sempre viveu de acordo com esse dom inicial, podendo de verdade representar a Imaculada Conceição", acrescentou.
Já em Gênesis, especificamente no chamado Protoevangelho da Salvação, Maria é prefigurada em seu dogma quando Deus amaldiçoa o demônio, que, disfarçado de serpente, corrompe a primeira mulher, Eva: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela; ela te esmagará a cabeça e tu lhe atacarás o calcanhar" (Gen 2,15).

Uma profecia, esta, que é entendível justamente com o dogma da Imaculada Conceição, graças ao qual "temos a realização desse anúncio profético do Protoevangelho, com Maria unida a Cristo na vitória sobre o diabo e sobre todos os pecados, inclusive o pecado original", concluiu De Fiores.
Fonte: Zenit http://www.zenit.org/article-29350?l=portuguese (Acesso 10/12/2011 às 20h17)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

QUEM ENSINOU JESUS A REZAR?

Mensagem de Bento XVI durante a Audiência de quarta-feira


CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 01 de dezembro de 2011(ZENIT.org) - Apresentamos a mensagem do papa durante a Audiência de quarta-feira.
***
Queridos irmãos e irmãs,
Depois de ter tratado alguns exemplos de oração no Antigo Testamento, convido-vos hoje a olhar para a oração de Jesus. Esta atravessa todos os momentos da sua vida, guiando-o até ao dom total de Si mesmo, segundo os desígnios de Deus Pai. Jesus é o nosso mestre de oração. Mas, quem O ensinou a rezar? O seu coração de homem aprendeu a rezar com a sua Mãe e a tradição judaica. Mas a sua oração brota duma fonte secreta, porque Ele é o Filho eterno de Deus, que, na sua santa humanidade, dirige a seu Pai a oração filial perfeita. Assim, olhando para a oração de Jesus, devemos nos perguntar: Como é a nossa oração? Quanto tempo dedicamos à nossa relação com Deus? Hoje, num mundo frequentemente fechado ao horizonte divino, os cristãos estão chamados a ser testemunhas de oração. E é através da nossa oração fiel e constante, na amizade profunda com Jesus, vivendo n'Ele e com Ele a relação filial com o Pai, que poderemos abrir, no mundo, as janelas para o Céu.

Fonte: http://www.zenit.org/article-29314?l=portuguese (Acesso 06/12/2011 ás 22h12)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A voz do nosso paróco

2º. Domingo do Advento – Ano B – 4 de dezembro de 2011.
Textos:
Is 40, 1-5.9-11; Salmo 84; 2Pd 3,8-14; Mc 1,1-8.


«Em Cristo somos novas criaturas!»

            Todos nós sabemos que os tempos da liturgia, assim como os sacramentos, acompanham a vida humana em sua totalidade. A liturgia nos oferece a Palavra de Deus como aquela que ilumina a vida; porém a luz litúrgica se realiza em seu aspecto celebrativa. Assim, para compreender essa iluminação que provém da Liturgia é utilizado o que se chama de «sacramentais». Os «sacramentais» são imagens e coisas próprias da vida humana que ilustram o que é invisível aos olhos e aos sentidos. Há assim uma tensão entre a espiritualidade que brota do agir de Deus e a espiritualidade do homem.
                O Advento é o tempo de «espera», de «expectativa da chegada» de alguém muito importante. Mal comparando é como um pai e uma mãe gravida que ansiosa aguarda a chegada do filho. Ambos se preparam. É na realidade um tempo que faz parte da vida de cada um de nós.
                Personagens importantes que fazem parte do Advento: João Batista, o último elo histórico entre o antigo povo e o novo povo; Maria, a mãe que feliz aguarda o nascimento do Filho e pela fé, coopera para a intervenção radical de Deus na História. Através dessas duas pessoas somos convidados a ter mais esperança e nos converter, nos preparar para a chegada de Jesus, o Menino-Deus.
           

Na primeira leitura do livro do Segundo Isaías, cap. 40, 1-5 e 9-11, relembra o antigo Êxodo ao Povo de Deus recordando-o que Deus é Libertador. Palavras fundamentais desse texto: «deserto» e «voz que grita». O profeta fala dos motivos que causou o sofrimento do povo e procura trazer palavras de esperança e de coragem.
                Deus não abandonou o povo. Ele fará surgir novos profetas nos mais variados momentos da história. «A Palavra de Deus fica de pé para sempre!» (v. 8).
                O deserto é uma imagem de muitos significados. Por um lado significa «sofrimento», pela aridez, pela violência sufocante das alterações de temperaturas; mas, por outro lado, caminhar em meio ao sofrimento nos faz entrar num processo especial e único de «aprendizado». «Anunciai-lhe: seu cativeiro terminou, sua culpa está paga, da mão do Senhor já recebeu, por suas faltas, o castigo dobrado» (v. 2). Assim como Moisés gritou no deserto para alertar e educar o povo, assim também o profeta tanto na denúncia quanto no anúncio, às vezes deve gritar também. O profeta de usar sua voz para gritar. Quase sempre ainda assim, o povo tem dificuldade em escutar. Por isso Deus recomenda para subir no alto de uma montanha e «gritar, não ter medo!» (cf. v.9-c). Moisés também teve que subir numa alta montanha. O profeta Isaías resume o conteúdo da voz que grita: «Lá vem o Senhor nosso Deus! É com poder que ele vem, seu braço tudo vence. Vem com ele o que ele ganhou, à frente dele, o que conquistou» (v. 10). Isaías conclui comparando Deus como uma espécie de «pastor» que ama e cuida do seu rebanho e ampara e cuida com um carinho especial das que estão mais frágeis. «Qual pastor que cuida com carinho do rebanho, nos braços apanha os cordeirinhos, para leva-los ao colo, e à mãe ovelha vai tangendo com cuidado!» (v. 11).

                O Salmo 84 é um canto de esperança de um povo que não tinha mais esperança. Por isso o povo suplica e inicia caminho novo de conversão. Agora o povo diz: «Ouvirei o que diz o Senhor Deus: ele anuncia paz para seu povo, para seus fiéis, para quem volta para ele de todo o coração!» (v. 9). O povo que aprendeu com o sofrimento quer construir um mundo novo onde a «misericórdia e a verdade se encontram, a justiça e a paz se abraçam» (v. 11).

                A segunda leitura é da segunda carta de Pedro, cap. 3, versículos 8 a 14. É o «testamento pastoral» de Pedro. As suas últimas palavras começam com um pedido especial para o Povo de Deus. O Povo não pode esquecer nunca de sua vocação e de que fora chamado por Cristo à vida verdadeira. «A graça e a paz vos sejam concedidas abundantemente, pelo conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor!» (1,2).  Mas não basta saber que foi chamado; é preciso ter uma boa memória. É preciso lembrar sempre da caminhada realizada e, especialmente, daqueles que deram suas vidas pelo martírio e testemunho para que pudéssemos encontrar Jesus Cristo.
                Pedro faz referência à Voz que ele e os outros apóstolos escutaram; uma voz que veio do céu e declarou: «Este é o meu Filho bem-amado, no qual está o meu agrado» (1, 17). Essa Voz aparece no Batismo de Jesus e na sua transfiguração. Jesus é o realizador do Projeto de Deus. Assim, com essa compreensão, Pedro como uma espécie de profeta diz: «O que esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça» (v. 13).

                O título do Evangelho de Marcos é este: «Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus» (1,1). Logo no começo Marcos que fazer uma distinção importante. Quem é Jesus? Jesus é o «Filho de Deus» e não o «Filho de Davi». A distinção é para mostrar que a proposta da Boa Nova  extrapolou para todos os povos.
                Todo texto deste 2º. Domingo do Advento do Evangelho nos fala da «preparação» que ocorreu nos tempos históricos para a chegada de Jesus, o Filho de Deus. Faz referência os profetas do Antigo Testamento e inspirado neles mostra que a palavra profética fez vir ao mundo João Batista. «Assim veio João» (v. 4-a). A mensagem de João é a mesma de seus antecessores: «conversão». «Pregava um batismo de conversão, para o perdão dos pecados» (v.4-b).  João é a síntese da função do AT: «preparar o caminho do Senhor» (Is 40,3); ele é uma espécie de «anjo», de «mensageiro», como foi Moisés (cf. Ex 23, 20).  Marcos diz que os povos iam ao encontro de João, tanto os judeus quando os vizinhos de Jerusalém. O encontro acontecia no Rio Jordão. Para quem não lembra o rio Jordão se tornou uma espécie de marca divisória, de fronteira, entre a antiga vida do Povo caminheiro do deserto e a nova vida do Povo no que se chamou de «Terra Prometida» (cf. Nm 13,29; Js 4,5;5,1). Assim, o encontro dos povos com João Batista, preanuncia o fim da caminhada, o fim de um tempo e o início de um novo. Não é à toa que o próprio Jesus muito mais tarde irá também ao encontro de João e irá se submeter ao batismo.
                As vestes e o alimento de João Batista trazem em si um simbolismo importante e uma mensagem. João quer dizer que ele não é o protagonista de sua pregação. Essa mesma pregação vinha de longe, mais exatamente do profeta Elias. Esse profeta usava sandálias de couro, uma cinta de couro na cintura. O alimento de João composto de «gafanhotos e mel silvestre» indica o alimento de quem é nômade, daqueles que vivem afastados da sociedade.

Irmãos:

                Quero lembra-los que hoje e no próximo domingo a Igreja Católica realiza em todo o Brasil a «Campanha da Evangelização». Na mesma generosidade de Jesus Cristo «somos novas criaturas». A vocação da Igreja, da nossa paróquia, grupos e comunidades é evangelizar. É através da ação evangelizadora e pastoral que a Igreja pode apresentar ao mundo a proposta e a Boa Nova de Jesus Cristo. Acreditamos que a humanidade só pode ter um novo olhar de esperança a partir da mensagem, da proposta e da ação de Jesus Cristo.
                Por isso somos convidados a uma nova consciência aceitando o convite da Igreja em sua missão evangelizadora, através do firme testemunho, de ações pastorais que revelem o Evangelho.
                A realização da «Campanha» é apelo a todos para que garanta ajuda e apoio financeiro para apoio às ações pastorais e aos Projetos evangelizadores da Igreja em nosso imenso e querido Brasil.
                Não nos esqueçamos do Sermão do Fim do mundo anunciado por Jesus em Mt 25,31-46. O Reino é dado àqueles que dão com generosidade e praticam as obras de Misericórdia. O Reino é dado aqueles que conseguem enxergar o rosto de Jesus Cristo no rosto dos mais pobres.

(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 04/12/2011)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A voz do nosso paróco

1º. Domingo do Advento – Ano B – 27 de novembro de 2011.
Textos:
Is 63, 16-b-17.19-b;64,1-c-7; Salmo 79; 1Cor 1,3-9; Mc 13, 33-37.

Irmãos e irmãs:

«Ao Rei dos séculos,
imortal, invisível,
Deus único,
honra e glória
pelos séculos dos séculos!
Amém!»
(«Oração das primeiras gerações cristãs» in «Oração dos primeiros cristãos». Ed. Paulinas. Col. «A oração dos pobres». 1985).


         Iniciamos hoje o novo ano da liturgia. É o ano centrado na meditação e reflexão do Evangelho de São Marcos, o primeiro dos 4 evangelhos escritos. Foi escrito por um discípulo de São Pedro: o jovem João Marcos. Marcos acompanhou Pedro nas suas viagens missionárias e foi catequizado por ele. Recebeu de Pedro o Sacramento do Batismo. Os fiéis das comunidades pediram a Marcos que escrevesse os ensinamentos de Pedro, pois esses vinham do próprio Cristo, em forma de Evangelho para que esses ensinamentos fossem perpétuos. A tradição diz que Marcos escreveu seu evangelho numa cidade chamada Aquiléia, onde teria sido enviado por Pedro para formar comunidades e evangelizar o povo. Aquiléia é uma cidade da província de Udine, no norte da Itália; ela faz fronteira com a Áustria e a Eslovênia.
         A tradição conta que Marcos era um jovem que tinha o dom da eloquência, sabia falar muito bem, e era possuidor de uma inteligência invejável. Mas, era uma pessoa muito humilde. Pedro queria ordená-lo sacerdote, mas, ele não se achava digno. Dizem até que Marcos cortou um dos polegares para evitar que isso acontecesse. Mas, a vontade de seu padrinho, o apóstolo Pedro, venceu. Marcos foi escolhido para bispo de Alexandria. Na posse como bispo, Marcos realizou o milagre da cura da mão do sapateiro da cidade. Foi martirizado e sepultado em Alexandria. Mais tarde seu corpo fora transportado para Veneza, na Itália, onde permanece até hoje. No Livro do apocalipse, Marcos é o evangelista representado pelo leão.
        
        
         A primeira leitura do livro do profeta Isaías nos convida a todos a saborear a mensagem consoladora da Palavra de Deus reconhecendo a paternidade de Deus. «Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor; eterno é o teu nome» (v. 16b). Ela nos introduz na centralidade da mensagem de Cristo que um dia ensinou seus discípulos a rezar chamando Deus de «Pai». O povo reconhece quem é Deus. Após todo o sofrimento do exílio o povo judeu quer ainda confiar naquele que o «modelou». «Assim mesmo, Senhor, tu és nosso pai, somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos» (v. 7, do cap. 64).

         Amados irmãos e irmãs:

         Essa mensagem do profeta Isaías no primeiro domingo do Advento é fundamental para nós. Nós que temos consciência da nossa missão nesse mundo não podemos nunca nos esquecer de que Deus é Pai de todos e ama e cuida com ternura e carinho de todos. Precisamos sentir em nossas vidas esse carinho e essa ternura de Deus. Precisamos anunciar às pessoas afastadas da comunidade para que elas se voltem para Deus e retornem à comunidade. Amparadas em nossa palavra de fé, elas precisam de conversão, ou seja, também ter a mesma consciência nossa da necessidade de praticar os mandamentos de Cristo.
         É com imensa afeição que saúdo os nossos valentes e perseverantes animadores de grupos de rua e os coordenadores de grupos da paróquia que nesse tempo do advento e do Natal levam a palavra de Cristo e a imagem do Menino Jesus na manjedoura até as casas das pessoas. Para eles nós dizemos as mesmas palavras do apóstolo Paulo, na segunda leitura, da 1ª. Carta aos Coríntios: «Graça e paz para vós, da parte de Deus, nosso pai, e do Senhor Jesus Cristo» (v.3).
         A nossa ação missionária e evangelizadora confirma a nossa fé e o nosso testemunho.«Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós» (v. 4b). Quando evangelizamos nos preparamos para o encontro definitivo com Deus, na sua vinda, no seu Advento. Evangelizamos por causa da expectativa da sua chegada, do seu «Dia». Queremos  que nossos ouvidos ouçam as palavras abençoadas da boca do Cristo: «Vinde, benditos de meu Pai» (cf. Mt 25, 34).
         Deus nos quer irrepreensíveis na fidelidade e perseverantes na fé. Ele sempre nos dá a coragem necessária para enfrentar todas as dificuldades que encontramos na Igreja e fora dela. «É ele também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até o fim, até o dia de nosso Senhor, Jesus Cristo» (v. 8). Paulo nos lembra que Deus é fiel ao seu projeto.

         No Evangelho de Marcos, cap. 13, versículos 33 a 37, o Cristo nos adverte para não cairmos na tentação do desânimo, do cansaço. «Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento» (v. 33). Toda a humanidade caminha, com confiança, ao encontro do Senhor. Não sabemos quando o Senhor irá pedir contas do nosso serviço que ele nos deixou em nossas mãos. É uma espécie de continuação do «5º. Sermão do Fim do Mundo», que meditamos domingo passado, em Mateus.
         Como os apóstolos nós também encontramos muitas dificuldades nesse mundo e na Igreja que, muitas vezes, podem nos desanimar. O «não» que ouvimos de uma pessoa que queremos bem e consideramos nosso amigo causa-nos certa tristeza no coração, certa decepção. A falta de fidelidade das pessoas para com a causa da evangelização e para com a obra da Igreja dá-nos essa sensação. A palavra de Cristo deve despertar-nos: «Vigiai!» (v. 37).
         Nossa falta de fidelidade para com a evangelização e para com a obra da Igreja é um desrespeito a Deus. Ele confia tanto em nós que pede a nossa colaboração para que, inseridos na realidade desse mundo, tenhamos a coragem de transformá-lo. A salvação não vem só do lado de Deus.
        
Caríssimos irmãos e irmãs:

         A Igreja entra neste fim de semana no tempo litúrgico do Advento. Os cristãos proclamam que o Messias veio realmente e que o Reino de Deus está ao nosso alcance. O Advento não muda Deus. O Advento aprofunda em nosso desejo e em nossa espera que Deus realize o que os profetas anunciaram. Rezamos para que Deus ceda à nossa necessidade de ver e sentir a promessa de salvação aqui e agora.
         O Advento nos recorda que temos de estar prontos para encontrar o Senhor em todos os momentos da nossa vida. Como um despertador acorda seu proprietário, o Advento desperta os cristãos que correm o risco de dormir na vida diária.
         O Advento é um período para abrir os olhos, voltar a centrar-se, prestar atenção, tomar consciência da presença de Deus no mundo e em nossas vidas.
         Neste primeiro domingo do Advento, na primeira leitura do profeta Isaías, o Todo-Poderoso volta a dar esperança ao coração e à alma de Israel; modela Israel como o faz o oleiro com a cerâmica.
         Na segunda leitura, em sua carta à comunidade amada de Corinto, Paulo diz que espera com impaciência «o dia do Senhor», no qual o Senhor Jesus se revelará a nós para salvar aqueles a quem chamou.
         No Evangelho do primeiro domingo do Advento, Marcos descreve o porteiro da casa que vela em espera do regresso inesperado de seu senhor. Trata-se de uma imagem do que temos de fazer durante todo o ano, mas especialmente durante o período do Advento.
         Nosso Batismo nos faz participar da missão real e messiânica de Jesus. Cada pessoa que participa desta missão participa também das responsabilidades régias, em particular, no cuidado dos afligidos e dos feridos. O Advento oferece a maravilhosa oportunidade de realizar as promessas e o compromisso do nosso Batismo.
         Neste tempo do Advento, permitam-me apresentar-lhes algumas sugestões. Acabem com uma briga. Façam a paz. Procurem um amigo esquecido. Eliminem a suspeita e substituam-na pela confiança. Escrevam uma carta de amor.
         Compartilhem um tesouro. Respondam com doçura, ainda que desejassem dar uma resposta ríspida. Motivem um jovem a ter confiança nele mesmo. Mantenham uma promessa. Encontrem tempo, deem-se tempo. Não guardem rancor. Perdoem o inimigo. Celebrem o sacramento da reconciliação. Escutem mais os outros. Peçam perdão quando se equivocam.     Sejam gentis, ainda que não tenham feito nada errado! Procurem compreender. Não sejam invejosos. Pensem antes no outro.
         Riam um pouco. Riam um pouco mais. Ganhem a confiança dos outros. Oponham-se à maldade. Sejam agradecidos. Vão à Igreja. Fiquem na igreja mais do que o tempo acostumado.       Alegrem o coração de uma criança. Contemplem a beleza e a maravilha da terra. Expressem seu amor. Voltem a expressá-lo. Expressem-no mais forte. Expressem-no serenamente.
         Alegrem-se, porque o Senhor está próximo.

(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 27/11/2011)

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