Apresentação MEJ Brasil - 1º Congresso Mundial do MEJ - 2012

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domingo, 25 de julho de 2010

A voz do nosso pároco

17º Domingo do Tempo Comum – Ano C – 25 de julho de 2010
Textos: Gn 18, 20-21.23-32; Salmo 137; Cl 2, 12-14; Lc 11, 1-13.


Irmãos e irmãs:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


Domingo passado fizemos uma reflexão sobre a pessoa do patriarca Abraão e seu relacionamento com Deus. Vimos também a humanidade de Abraão; os acertos e os erros em sua trajetória de vida.
Por isso, a Sagrada Escritura, que contém a Palavra de Deus, é sempre uma referência para o crescimento da fé. São livros que falam de Deus, mas, gasta mais tempo para nos revelar quem é o ser humano. A Palavra de Deus, ao revelar o ser humano, não dá nenhuma chance para a nossa fé seja uma fé ilusória, uma fábula ou conto de fadas.
Vimos também o quanto Deus viveu a nossa humanidade, em seu Filho Jesus Cristo. As alegrias e as tristezas vividas por Deus, em Cristo. Já por 2 domingos vemos Cristo sofrendo incompreensões; primeiro, com o jovem doutor da Lei que, ao final da conversa com Jesus, preferiu não segui-Lo, mas, viver uma religião de ilusão e, mais ainda, ver que aquele rapaz tão inteligente e com um futuro promissor, preferiu também negar a humanidade nas pessoas. Depois, sua decepção durante a sua caminhada e a chegada à casa de Marta, onde mais uma vez, a anfitriã também não quer dar ouvidos ao Evangelho anunciado por Cristo; ela prefere ficar «distraída» com os afazeres domésticos, em manter o sistema cultural e familiar e as tradições. E mais: no único momento em que se dirige a Jesus, ela o faz com a intenção de repreendê-Lo, querendo jogar Jesus contra a sua própria irmã Maria.
O Evangelho de Cristo realmente acrescenta ensinamentos práticos na vivência da nossa fé? O Evangelho tem força para mudar o nosso jeito de ser? A Sagrada Escritura nos afirma e nos garante essa possibilidade quanto, tomamos consciência da realidade em nós mesmos e no mundo que nos cerca; e Deus faz uma proposta para nós: é preciso arrepender-se e passar por um processo de «reconciliação» com Ele e com as pessoas. É a tal «conversão» a primeira palavra dita por Jesus, no início de seu ministério, após seu batismo. «O tempo acabou. Convertei-vos e crede no Evangelho!» (cf. Mc 1,15).

A primeira leitura nos apresenta a conclusão de uma conversa que Abraão teve com Deus. E a conclusão é esta: «Que o meu Senhor não se irrite, se eu falar» (v. 32-a). O Abraão que dialoga com Deus não é mais aquele Abraão que foi surpreendido, com a visita de Deus, quando estava deitado sob um carvalho num lugar chamado Mambré; não é mais aquele Abraão que, antes estava tão iludido com a riqueza que adquiriu com o filho obtido com a amante Agar, chamado Ismael. É outro Abraão. É uma nova pessoa, capaz agora de se compadecer dos seres humanos pecadores que viviam em duas cidades grandes e modernas: Sodoma e Gomorra.
Por isso, o texto de hoje do Genesis apresenta esse diálogo que, é mais do que uma conversa; uma conversa que mais parece uma oração em favor dos seres humanos. Essa compaixão que vem de Abraão na qual ele ousa, diante de Deus, vem da sua consciência de sua própria condição de pecador.
São as palavras do Salmo 137 que nos dá o espírito e a espiritualidade da conversa de Abraão; parece que os grandes homens e mulheres, os heróis do povo e da Bíblia, são capazes de sentir compaixão e acabam tendo consciência da importância em «agradecer», em ser gratos para com Deus. «Ó Senhor, de coração eu vos dou graças» (v. 1). O agradecimento pleno a Deus nos ensinou Jesus, séculos mais tarde, acontece diante da presença de Cristo na Palavra e na Eucaristia (do grego, «agradecer», «ação de graças»).

Os ensinamentos práticos de Paulo, na segunda leitura, em sua carta aos Colossenses, nos dão a idéia de ele também, chamado por Cristo Ressuscitado para ser Apóstolo da Igreja, também passou por um duríssimo processo de conversão. A todos nós, que recebemos o único e verdadeiro Batismo da Igreja, não pertencemos mais àquela antiga humanidade pecadora. «Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo» (v. 13-c), insiste Paulo para a comunidade. É um trecho em sua carta escrito em forma litúrgica, de prece.
Paulo reza com a Igreja. Essa prece litúrgica tem como ponto de partida o «primado de Cristo» na salvação dos homens. «Com Cristo fostes sepultados no batismo; com ele também fostes ressuscitados por meio da fé no poder de Deus, que ressuscitou a Cristo dentre os mortos» (v. 12). E Paulo essa oração concluindo, na leitura de hoje, que tudo se realizou em virtude do suplício de Cristo na cruz. «Existia contra nós uma conta a ser paga, mas ele a cancelou, apesar das obrigações legais, e a eliminou, pregando-a na cruz» (v. 14).

No Evangelho de Lucas (11,1-13), o evangelista continua a nos oferecer ensinamentos a respeito da caminhada realizada por Jesus; depois de acumular decepções com o Doutor da Lei e com Marta, aos quais Ele constrói críticas construtivas, pois no fundo do coração Ele ama essas pessoas, Ele agora atende um pedido de seus discípulos.
Os discípulos que presenciaram a tristeza na face de Jesus e o vê se dirigindo para um lugar deserto para rezar; eles fazem um pedido para Ele. «Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um dos seus discípulos pediu-lhe: Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos» (v. 1).
E Jesus ensina a mais bela oração para a comunidade; é o «Pai-Nosso». «Jesus respondeu: Quando rezardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação» (v. 2-4). No Novo Testamento encontramos 2 versões para o «Pai-Nosso»; a primeira está em Mt 6, 9-13 e a segunda está em Lc no texto de hoje. Em Mateus o «Pai-Nosso» é mais comprido, pois na comunidade de Mateus, que era formado pela maioria de judeus convertidos ao Cristianismo, era um povo acostumado à oração. Na comunidade de Lucas era o contrário, é uma versão mais curta. O motivo é a de que maioria dos membros da sua comunidade era formada por pagãos convertidos ao Cristianismo.
As duas versões têm o mesmo conteúdo, porém, numa forma de linguagem diferente. Os evangelistas revelam que Jesus tinha uma pedagogia para falar a respeito de Deus. Quem já é da Igreja e é participante ativo não tem preguiça de rezar; agora quem vive afastado da Igreja e aparece de vez em quando, tem certas dificuldades de convivência e de adaptação, até mesmo para rezar.
A seguir ele revela a face e o jeito do ser humano ser. Mas, revela também o jeito chato e carrancudo, mal-humorado daqueles que são participantes ativos da comunidade. Ele narra uma «quase-parábola», na verdade uma «alegoria», algo que para ilustrar o significado do Pai-Nosso. É a alegoria do «vizinho que está em apuros», passando por uma necessidade: a fome. Nós somos o vizinho chato e carrancudo, que já está dentro de casa, pronto para ir dormir e que se sente incomodado com o outro que bate à porta.
O vizinho recebe a visita de um amigo, mas, como é pobre, não tem nada para oferecer. «Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer» (v. 5-6). No fundo todos nós somos um pouco o vizinho que não quer abrir a porta para atender o outro que está necessitando. Por isso, às vezes, pessoas que são melhores do que nós se afastam da Igreja, da comunidade, pois não sabemos «acolher» e pior, não sabemos «ouvir». No fundo somos o tal «doutor da Lei» e a tal da Marta que causou sofrimentos a Jesus.
E a mensagem final de Jesus vai para aquele que está em apuros. E a mensagem é essa: insista, não desanime. «Pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá» (v. 9-10).
E nos transmite um ensinamento cheio de olhar amoroso, para nós que somos ativos membros da Igreja: olhem para vocês mesmos e vejam como vocês agem na vida do dia-a-dia. «Será que algum de vós, que é pai, se o filho lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem» (v. 11-13).
(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 25/7/2010)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Toy Story III: nobreza, amizade e trabalho em equipe

Continua sendo uma das maiores bilheterias em um mês de estreia


Por Carmen Elena Villa

ROMA, quinta-feira, 22 de julho de 2010 (ZENIT.org) – Recentemente chegou aos cinemas a terceira parte de Toy Story, uma divertida e criativa história cujas primeiras edições cativaram o público de todas as idades na última metade da década de 90.

Realizada pelos estúdios Pixar e distribuída por Walt Disney Pictures, Toy Story I sempre será lembrado na história do cinema por ser o primeiro filme feito em computador.

Onze anos depois, Andy, a criança alegre, criativa e sonhadora, retorna às telas já com 17 anos. Está prestes a entrar na universidade e, assim, deixar a casa de sua mãe. Chegou o momento de fazer uma triagem de todos os seus pertences: aquilo que levará consigo, aquilo que deixará no sótão e o que deve se desfazer ou ser doado.

São muitas as aventuras que os simpáticos brinquedos, comandados pelo cowboy Woody e o astronauta Buzz, devem enfrentar nesta terceira parte. Uma fuga do caminhão de lixo, porque a mãe de Andy misturou os itens a serem desfeitos, a chegada a um berçário onde eles conhecem centenas de brinquedos novos, entre eles o urso Lotso, Ken, o telefone da Fisher Price, entre outros divertidos jogos. Eles também devem decidir se para eles é melhor ou não permanecer neste jardim de infância aonde acidentalmente chegaram.

Além do roteiro sumamente criativo e entretido, ideal para qualquer idade, Toy Story III destaca valores como amizade, necessidade de se sentir querido pelos demais e a capacidade de sacrifício até dar a vida.

Agradavelmente surpreende que, num mundo onde se prioriza o individualismo e a distância, este filme ressalte tão fortemente a importância do trabalho em equipe, em que levam em conta as qualidades de cada um, onde cada um dá o melhor de si onde é necessário. Seus integrantes aceitam os próprios defeitos e equívocos. Às vezes, têm de renunciar a suas próprias opiniões para aderir à verdade e permitir que sua equipe continue.

Um filme que ressalta o valor e a importância da nobreza na amizade, acompanhada também da audácia e inteligência para trabalhar da melhor forma em momentos de tensão e adversidade.

Destaca ainda a figura da autoridade em toda comunidade ou equipe. Entendida não como a imposição dos próprios caprichos (que às vezes resultam frutos da falta de reconciliação pessoal), mas com a constante busca de decisões que permitem o bem para cada um de seus integrantes e, por fim, para a equipe em seu conjunto.

E, claro, não podem ficar de lado os incríveis efeitos de terceira dimensão, a forma como, por meio da animação por computador, sobressaem as características próprias de cada brinquedo, fato que permite ao espectador adulto se encontrar com sua infância e reviver aqueles momentos onde as brincadeiras e a fantasia faziam parte de sua vida cotidiana.

A canção "You’ ve got a friend in me", que acompanha as três versões deste filme, mostra, como disse o L’Osservatore Romano em sua edição de 10 de julho, referindo-se à saga de Toy Story, que “a amizade é o verdadeiro imã deste improvável mas unido grupo de brinquedos”.

Direitos Reservados á ZENIT.ORG

domingo, 18 de julho de 2010

A voz do nosso pároco

16º. Domingo do Tempo Comum – Ano C – 18 de julho de 2010
Textos: Gn 18,1-10-a; Salmo 14; Cl 1,24-28; Lc 10,38-42


Meus irmãos:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

A primeira leitura é extraída de um dos livros mais bonitos da Bíblia. É o livro do Gênesis. É bonito porque nos remete a pensar nas nossas origens. A História e os fatos da vida são utilizados por Deus para revelar sempre a sua Presença entre nós. É uma maravilha porque Deus está sempre a esfregar na nossa cara a realidade da vida. Somos sempre impulsionados para uma vida de ilusão em todas as áreas, seja na economia, na política, no universo religioso e, somos, de fato, envolvidos por finas e sofisticadas ideologias. Essas finas e sofisticadas ideologias tem por objetivo submeter o ser humano aos interesses econômicos e políticos. Toda e qualquer ideologia atende à subserviência. Em nós, em cada pessoa, em cada grupo, em nossa sociedade atual os efeitos são devastadores. Devemos sempre estar alertas e vigilantes. Devemos tomar cuidado com «certas distrações».

O contexto bíblico da primeira leitura nos remete a uma tomada de decisão. Diante da realidade cruel o homem tem que tomar certas decisões. Abraão está se sentindo satisfeito! Tem uma mulher, tem um rebanho para cuidar, tem trabalho... Abraão «se sente» poderoso. Está com 99 anos de idade. Tudo é diversão. Prosperidade! Nesse clima e nessas condições, nada de mal em fornicar com a escrava Agar, com quem tivera um filho chamado Ismael já com 13 anos de idade, um adolescente – afinal, naquele contexto histórico-cultural – o poder lhe atribuíra-a a gostos extravagantes. Tinha sido um dia de festa na família. Abraão estava tão feliz que chegou a realizar a circuncisão de Ismael e a sua própria, naquela idade (cf. Gn 18, 23-27). Abraão não tinha idéia do que aconteceria no dia seguinte. «O Senhor apareceu a Abraão junto ao carvalho de Mambré, quando ele estava sentado à entrada de sua tenda, no maior calor do dia» (Gn 18,1). O carvalho é um tipo de árvore considerada nas culturas antigas como uma representação da presença de Deus. Todos nós sabemos que o carvalho é um tipo de madeira que atrai os raios durante uma tempestade. Na mitologia grega, Hércules, filho de Zeus e de Alcmena, uma mortal, além de ser forte apunhava uma clave feita de carvalho. O carvalho simboliza a «força» física e a «força» moral. Olhar a realidade para ser luz. Deus, representado pelos 3 hóspedes, uma referência à Trindade, faz uma visita àquele velho rico, que prosperou na vida trabalhando no comércio, justamente debaixo de um carvalho.

Deus vem trazer uma notícia. A noticia era a de que Ele não esquecera a promessa feita há anos. Os visitantes, após uma refeição, contam a novidade. «No ano que vem, por este tempo, e Sara tua mulher, já terá um filho» (v. 10-a). Alegria e arrependimento tomam conta da alma de Abraão. Alegria porque ele teria um filho com a mulher legítima; arrependimento, porque estava certo de que seu herdeiro seria Ismael, pois, já tinha realizado todo o procedimento segundo a lei que vigorava na sua família. Abraão toma consciência de seu erro; reconhece-se pecador diante de Deus e chega até a clamar a Deus para poupar as cidades de Sodoma e Gomorra (cf. Gn 18,16-33). Deus altera o curso da história. Abraão escuta e segue fielmente para um rumo novo na vida; rumo novo determinado por Deus.

Por isso, no Evangelho de Lucas nos deparamos com a chegada de Jesus na casa de uma mulher chamada Marta e que vivia com os irmãos Maria e Lázaro. Lucas destaca sempre que Jesus está sempre a caminho. Depois da decepção vivida com o rapaz religioso, doutor da Lei, que não conseguiu se libertar das ilusões da riqueza (cf. Lc 10,25-37), Jesus chega triste na casa de Marta. O rapaz não entendeu nem quem é Deus e nem quem é o «próximo» dele. «Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa» (v. 38). Marta está preocupada com os afazeres, em manter o sistema organizado, as tradições herdadas. Distraída com essa situação, ela não consegue ver a novidade da presença de Deus, em Jesus de Nazaré. «Marta, porém, estava ocupada com muitos afazeres» (v. 40).

O Papa João XXIII, quando instaurou o Concílio Vaticano II, disse na imprensa mundial, que a Igreja precisa ver o mundo, verdadeiramente como ele é. E quantas coisas acontecem que nos faz se distanciar do verdadeiro objetivo da nossa vida em comunidade. A Igreja, em sua palavra, está sempre nos puxando para ver a realidade do mundo e os riscos sérios a quais somos submetidos. É preciso ser forte. Não podemos desanimar.

Tudo chega até nós para nos iludir, nos tirar do caminho proposto por Jesus. «As ideias não correspondem aos fatos», como cantara o genial compositor brasileiro Cazuza, numa crítica ao governo e à sociedade brasileira. Cazuza ilustrava dizendo que a realidade é como uma «piscina cheia de ratos»; e é nela em que vivemos. A realidade é uma tempestade feroz que devasta tudo que vem pela frente. Muitos reagem diante da realidade buscando caminhos que pensam que são «novos». Diante da realidade só há um caminho: enfrentá-la. Pode ser um caminho de sofrimento, mas, temos força e luz que vem de Deus, de seu Filho na Palavra e na Eucaristia; uma força que vem dos santos, que, entre nós, experimentaram n´alma a paz necessária que vem de Deus.

Jesus faz uma crítica construtiva para Marta. «Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas» (v. 41). E faz um elogio ao modo de agir da irmã chamada de Maria. «Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada» (v.42).

Irmãos:

Em ano eleitoral sejamos conscientes. É preciso «votar bem»; votar bem não é só um ato, um dever. «Votar bem» (cf. Documento 15, da 73ª. Assembléia dos Bispos do Regional Sul 1), significa votar com princípio, com cultura e tradição e respeito ao povo brasileiro. O seu voto não é um ato individual, como a ideologia política ensina e massifica a cabeça do povo.

Três candidatos despontam, segundo a imprensa, parecem ser o gosto do povo brasileiro. Dois candidatos falam e apresentam propostas para fortalecer o Estado, a máquina governamental, uma política de continuidade implantada pelos poderosos do mundo durante a era Bush. Só uma candidata, quando fala e aparece, apresenta propostas para fortalecer a pessoa humana.

Queremos políticos que ocupem cargos públicos e que desenvolvam políticas com e a favor do povo; queremos políticos que saibam administrar os variados conflitos na sociedade de classes em que vivemos como ensina e analisa o professor e geógrafo inglês da Universidade de Cambridge e que reside atualmente em Nova Iorque, David Harvey, especialista em sociologia urbana.

A História ensina que é necessário um Estado forte, mas, um Estado forte à serviço da humanidade e das reais necessidades do povo.

(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 18/7/2010)

A voz do nosso pároco

15º. Domingo do Tempo Comum – Ano C – 11 de julho de 2010
Textos: Dt 30, 10-14; Salmo 68; Cl 1,15-20; Lc 10, 25-37.

Amados irmãos e irmãs!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Quanta honra acolher e receber todos vocês em nossa paróquia querida para um encontro de irmãos! Trazemos para a casa de Deus a nossa vida certa e torta e olhamos para Ele na cruz do sofrimento; olhamos para Ele Vivo na Palavra; olhamos para Ele no pão repartido e partilhado. E estamos aqui para celebrar; colocar-nos diante de Deus e da comunidade, apresentar a nossa alma, a nossa face e o nosso rosto para Deus. O domingo é «o tempo favorável» (v. 14, do Salmo 68). Toda vez que a assembleia Eucarística se reúne põe-se em relação com Deus em Cristo Jesus. Ele é a face humana de Deus e que nos transforma. «Cristo é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois, por causa dele, foram criadas todas as coisas, no céu e na terra, as visíveis e as invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes. Tudo foi criado por meio dele e para ele» (Cl 1, 15).

Ontem, fui celebrar na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera. Fui convidado e chamado pelo meu irmão Paulo Sérgio Bezerra a ter alguns momentos de partilha fraterna e convivência com aquele povo maravilhoso e valente de Itaquera.


A primeira leitura é do livro do Deuteronômio quase em seu final. Moisés nos conta o autor, antes de morrer, aos 128 anos, chamou o povo da sua comunidade e fez um pedido. O pedido era esse: seja sempre fiel a Deus. E o próprio Moisés nos indica o caminho dessa fidelidade. Em primeiro lugar é preciso ouvir, ou seja, estar aberto ao diálogo. «Ouve a voz do Senhor, teu Deus» (v. 10-a). O interessante é que a Palavra de Deus associa o ato e a disponibilidade de «ouvir» com o «observar os mandamentos». A fidelidade verdadeira percorre esse caminho. Como posso «observar» se antes não ouvi? O texto sugere que não há uma conversão válida quando interrompemos ou cortamos esse processo: ouvir – observar – colocar em prática. A conversão a que Moisés se refere é a «metánoia». O convertido não abandona a sua história e a sua vida. Quem abandona a sua história e a sua vida é uma pessoa fracassada. «Converte-te para o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma» (v. 10-c). No fim de tudo está uma declaração de amor de Moisés para com Deus. Diz o Bispo-poeta do Araguaia: «Felizes são pobres com espírito! E aqueles que compartem com os pobres os riscos e a esperança, porque eles têm o Reino em suas vidas!» (VER: CASALDÁLIGA, Pedro. «Orações da caminhada». Campinas. Ed. Verus. 2006). Um homem que chega aos 128 anos de vida e diz para quem é mais jovem que Deus está ao alcance das mãos! É verdadeiramente um santo! Um homem que diz «acredite», não desanime nunca, «tenha fé em Deus, tenha fé na vida». «Na verdade, este mandamento que hoje te dou não é difícil demais, nem está fora do teu alcance”. Não está no céu, para que possas dizer: 'Quem subirá ao céu por nós para apanhá-lo? Quem no-lo ensinará para que o possamos cumprir? ' Nem está do outro lado do mar, para que possas alegar: 'Quem atravessará o mar por nós para apanhá-lo? Quem no-lo ensinará para que o possamos cumprir? ' Ao contrário, esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir (v. 11-13).

Então, a «fidelidade verdadeira» se mescla com a atitude sincera do arrependimento. O povo não entendeu o que Moisés queria dizer. Bastou Moisés morrer; o povo e a comunidade se distanciaram de Deus. E Deus disse essas palavras amargas: «Eu vou esconder o meu rosto... Eu vou abandonar esse povo... Eles serão devorados» (v. 17, do cap. 31 de Dt). Esse texto do Livro do Deuteronômio é apenas a entrada para mergulharmos fundo na verdadeira Palavra de Deus.

O Evangelho de Lucas está ligado à primeira leitura do livro do Deuteronômio. Jesus dialoga com um perito em Bíblia, um especialista da Lei. Mesmo percebendo que o mestre da Lei vem ao seu encontro para tentar desorienta-lo de sua missão, Jesus o acolhe fraternalmente e se dispõe ao diálogo. «Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?» (v. 25). A conversa por parte de Jesus começa bem. Jesus não o agride. Simplesmente pergunta: «O que está escrito na Lei? Como lês?» (v. 26). O perito não vacila e responde corretamente. «Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!» (v. 27 apud Lv 18,5). Está acabada a conversa. É isso. É simples. Mas, como o perito se aproxima com má-intenção ele retruca o que Jesus diz. «E quem é o meu próximo?» (v. 29). E Jesus conta a parábola do Bom Samaritano. Na parábola Jesus coloca seus personagens num «caminho». Todos os personagens – independentemente do que possamos achar deles – estão nesse caminho anunciado por Jesus. O final do caminho é Jerusalém, centro econômico, político e religioso. Um fato horrível acontece. Um homem é assaltado e espancado por ladrões e fica ali, caído no «caminho».

O primeiro personagem é um sacerdote. Ele representa o homem religioso, cumpridor da Lei. Ele busca através do seguimento da Lei chegar à perfeição; simbolicamente chegar ao destino: Jerusalém. E essa sua preocupação é tão grande que, do ponto de vista da ética, o faz fechar os olhos para a realidade. «Um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado» (v. 31).

O segundo personagem é um levita. O levita é o leigo que ajuda no Templo de Jerusalém; exerce um ministério, sobretudo, no culto. Ele também está a caminho e quer chegar ao destino. «O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado» (v. 32). Mas, mesmo esse personagem fecha também os olhos para a realidade. A preocupação maior do sacerdote e do levita é ir correndo para o Templo, pois esse precisa da colaboração deles para o culto religioso e para receber as ofertas dos fiéis.

E o terceiro personagem é um samaritano. Ele também está no mesmo caminho. «Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão» (v. 33). A atitude do samaritano é diferente. Ele interrompe por alguns instantes a caminhada que estava fazendo para cuidar do homem que fora assaltado. «Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: ‘Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais’» (v. 34-35).

São três comportamentos éticos distintos. Os dois primeiros personagens são justificados pela ética da cultura e da sociedade; porém, não são justificados pela ética de Deus. O terceiro personagem é reprovado pela ética cultural e social; porém é justificado pela ética de Deus. O objetivo dessa parábola é mostrar que o verdadeiro amor só se concretiza em ações verdadeiras que promovem o bem material e espiritual para o outro. «Aquele que usou de misericórdia para com ele» (v. 37).


(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 11/7/2010)

Festa Julina 2010!

Por: Rosangela Molina

Pois é galera, essa turminha é festeira!!!

Neste sábado (17/7/2010), aconteceu no salão paroquial nossa já tradicional Festa Julina!

Esse momento de pura descontração, marca o encerramento dos trabalhos do 1º semestre e nada melhor que reunir a turma toda pra dançar uma quadrilha pra lá de animada!

Valeu pela participação e colaboração de todos (em especial todos os pais)!
Mais uma vez, vocês arrasaram!!!

...

Confira alguns momentos desta festa nas fotos abaixo!

terça-feira, 13 de julho de 2010

“São Tomas More, mártir, patrono dos estadistas e governantes” (*)

(*) Transcrição do pronunciamento do jornalista e professor Domingos Zamagna (São Paulo, 02/7/2010).
Enviado por: Pe. Devair Carlos Poletto

Sr. Bispo Dom Angélico Sândalo Bernardino
Prezados sacerdotes e religio(a)s
Sr(a)s representantes dos Poderes da República
Amigas e amigos

Estamos participando de um singelo, porém, importante fato histórico cívico-religioso. Pela primeira vez na Igreja do Brasil uma paróquia acolhe, abençoa e oferece à devoção pública dos fiéis a imagem de São Tomás More. A partir de hoje a Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, liderada pelo pároco Pe. Paulo Bezerra, no âmbito da Pastoral Social Diocesana, coordenada pelo Pe. Ticão (Pe. Antônio Marchioni), torna-se também um centro de reflexão e sobretudo de oração pelos estadistas e governantes. A escolha da data é oportuníssima, pois o Brasil acaba de aprovar, com imenso esforço da Igreja Católica, com destaque para a CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Lei Complementar nº 135, de 4/6/2010 (“Lei da Ficha Limpa”), e a partir deste mês começa a campanha eleitoral para a presidência da República, governos estaduais, Senado e Câmara dos Deputados.

Não é minha intenção tecer aqui um panegírico de São Tomas More, cuja vida pode facilmente ser conhecida nos bons livros de história. (1)
Quem tiver mais de 50 anos talvez se recorde de Tomás More em seus livros de segundo grau. Quem for jovem, porém, talvez nem tenha ouvido falar deste personagem, pois no nosso país – como já foi estudado por pesquisadores universitários – constata-se uma política de reduzir ao máximo, quem sabe até eliminar dos livros das crianças e jovens, qualquer alusão à Igreja Católica, como se o seu passado merecesse o esquecimento dos cidadãos brasileiros.

A pergunta que caberia, neste instante, é: em época de apregoada tolerância, a quem interessa esta nova e odiosa forma de obscurantismo? A quem interessa o ofuscamento do papel relevante da Igreja Católica em nosso país, mas não somente dela obviamente, de todas as forças que efetivamente se colocam ao lado do povo, sem querer absolutizar-se, aceitando a crítica e a renovação? Sugiro que cada um dos presentes faça um esforço para responder a esta questão.

Esperemos que a partir de hoje esta pioneira igreja de Nossa Senhora do Carmo, da Diocese de São Miguel – que não tem os cacoetes das velhas instituições, porque ainda é bastante jovem – seja um foco de difusão do pensamento deste luminoso humanista, beatificado por Leão XIII em 1886, canonizado por Pio XI em 1935 e que João Paulo II, em 2002, proclamou “Patrono dos estadistas e governantes”, logo dos políticos. É nosso dever agradecer a quantos tiveram esta bela iniciativa, no palco ou nos bastidores, para nos proporcionar esta reunião de congraçamento e reflexão cívico- religiosa. Não podemos deixar de citar o autor da ideia, jornalista José Maria dos Santos, e o escultor desta bela imagem em madeira, o artista Jaime Aparecido de Oliveira.

Por que aproximar o civismo e a religião? Não haveria aí uma contradição?

É contemporâneo de Tomas More, que afinal é um renascentista, o adágio latino cujus regio huius et religio (= de quem é a região, dele é a religião, isto é, a confissão religiosa do príncipe se aplica a todos os súditos), aceito em 1955 pela Paz de Augsburgo. Se este princípio arcaico vingasse no Brasil de hoje – ou alhures – significaria que deveríamos todos pensar de acordo com as ideologias de nossos governantes; cada cidadão deveria introjetar o que os nossos chefes – ou chefetes – pensam ou fingem pensar, seus conceitos e preconceitos.

Foi exatamente o que aconteceu a Tomás More, no longínquo século XVI. Instado a capitular diante da razão de estado, na Inglaterra governada por Henrique VIII, o chanceler do reino ousou contestar a legitimidade do monarca para impor sua caprichosa vontade, quando valores maiores que os de estado impediam a sua consciência de qualquer assentimento. Renunciou às funções de governante, proclamando que, para a sua dignidade de homem e cristão, católico, a união com a sua Igreja era mais vinculante, mais imperiosa. Em troca da sua fidelidade à Igreja Católica, recebeu a pena de morte.

Morreu para poder continuar a viver, lembrando-nos de que viver não é apenas existir, como o filósofo judeu Walter Benjamin ensinou aos nazistas. O cristianismo sempre soube que para viver depois de morto, deve viver como quem sabe que deve morrer: ut moriens viveret vixit ut moriturus, lê-se num túmulo da basílica de Santa Sabina, em Roma (séc. V). E ficou provado, com o sacrifício da promissora vida de nosso filósofo-político inglês, que a política tem limites, que ela não é um absoluto, que ela deve ser regida por valores inegociáveis, por princípios imorredouros, por cláusulas eticamente pétreas.

Nesta assembleia em que refletimos sobre a santidade cristã no mundo secular (após a linda homilia de Dom Angélico, que ao pregar nos faz pensar em Paulo de Tarso, em João Crisóstomo, em Leão Magno...), mesmo que brevemente, é para o hoje que desejamos dirigir nossa atenção. Na Igreja não costumamos apenas fazer arqueologia do passado. Nossa intenção é sempre buscar o dinamismo de uma tradição viva, ou, como dizia Péguy, um novo que seja absoutamente igual ao antigo: o antigo da nova aliança. (“Anticus sed non antiquatus”, gostava de recordar meu mestre Alonso Schöckel).

Eu seria omisso se não repercutisse nesse templo, e nesta hora, o que passa no pensamento de milhões e milhões de brasileiros. A nossa pragmática política provocou um esvaziamento da missão dos nossos mandatários. Por que? Porque os nossos políticos privatizaram o Estado. A maioria de nossos políticos costuma abandonar um mandato outorgado pela vontade popular para trabalhar pela nação, e se entrega com afinco aos interesses próprios, aos interesses de grupos, especializados na ganância de sorver o fruto do trabalhador brasileiro. Muitos passam a vida desprendendo uma enorme energia, um imenso esforço para serem apenas medíocres, quando não traficantes de influência, ladrões, estelionatários, venais, corruptos.

Um sistema tributário dos mais vorazes do planeta, inclemente com os assalariados, mas extremamente flexível e acomodatício para os poderosos, obriga o brasileiro a trabalhar mais do pode, para amealhar tributos devorados por governos perdulários, ineficientes, incapazes de resolver até os problemas de fácil solução. Sai governo, entra governo, cresce cada vez mais esse sorvedouro escravizante, essa derrama imobilizante para quem quer produzir. Formalmente, o Brasil aboliu a monarquia, mas não aboliu a corte. Temos uma corte de políticos corruptos disposta a rivalizar, em pé de igualdade, com os mais empedernidos corruptos de todo o mundo. Nessa “copa”, indiscutivelmente somos vencedores.

Ninguém tem gosto, ninguém tem prazer em expor as vísceras da nação; desvelar o manto que cobre as feridas nunca cicatrizadas de um país rico, porém, injusto. Mas é preciso recordar aos que desejam ignorar ou desfigurar a Lei da Ficha Limpa: entre nós existe, à solta, impunes – por um Judiciário inepto, quando não corrupto –, uma camarilha de interesseiros, de delinquentes postulando cargos públicos, alguns que se perpetuam no poder pelo sobrenome, pelo coronelismo, pela subserviência, pela fortuna, por várias formas de violência. Trata-se de uma elite tão ampla, tão vasta, que precisa ser denunciada... até... e sobretudo... para que saibamos identificar, apreciar, valorizar, apoiar, somar esforços com as poucas dezenas de políticos sérios, competentes, com espírito de serviço ao povo. Estes trabalham sob condições tão precárias, num combate tão desigual que, além da nossa, precisam da ajuda dos santos.

Simbolicamente, a partir de hoje, os bons políticos podem contar com um novo reforço, pois a imagem abençoada de São Tomas More, aqui está a nos sugerir, a nos propor, a nos incentivar um imperioso compromisso junto àqueles nomes que constam, sem subterfúgios, de uma “Ficha Limpa”.

São os que não ludibriam os eleitores, que se cercam de colaboradores competentes, que renunciam às práticas do mandonismo, vigilantes com o emprego do dinheiro público, produzem leis eficientes; os que têm transparência, que não são servis a partidos carcomidos, cujo prazo de validade já está vencido. Assim como Tomas More escreveu uma U-topia (um não-lugar, um lugar inexistente, sonho, devaneio, fantasia; um país imaginário onde tudo é regulado da melhor maneira), muitos políticos brasileiros estão escrevendo uma U-cronia, ou uma Ana-cronia isto é, um não-tempo, uma alienação, uma realidade que não corresponde às necessidades do cidadão brasileiro, cuja dignidade é cada vez mais aviltada pela falta de atendimento médico e escolar, falta de segurança, falta de trabalho e lazer, falta de perspectivas para os jovens e os idosos, ainda que nos tentem fazer crer em estatísticas produzidas pelos burocratas servidores dos príncipes de plantão.

Nunca devemos perder a esperança. O cardeal John Henry Newmann, que vai ser beatificado no próximo mês de setembro, dizia que “viver é mudar, e ser santo é mudar constantemente”. Eu lhes proponho que renovemos com muito amor a crença nos valores de santidade que a Igreja transmite – não a igreja instrumentalizada, partidarizada, não a igreja das aparências, não a igreja-farsa... mas a Igreja Povo de Deus, a Igreja como desejou o Evangelho de Jesus Cristo, cuja substância (ensinou-nos o Concílio Vaticano II), subsiste na Igreja Católica, mas também em todas as confissões onde estão as “sementes do Verbo” (semina Verbi). (2)
O saudoso Paulo VI resumiu muito bem o pensamento da Igreja, definindo a política (cuja complexidade não nos passa despercebida) como “a mais alta forma de caridade”. Por isso é que a Igreja aconselha aos seus fiéis leigos (os que tenham vocação política e queiram empreender essa “aventura de santidade”) que assumam tal compromisso, e se santifiquem através desse exercício de servir ao bem comum. Por isso, também, apesar da triste situação em que se encontram determinadas formas de prática política, devemos guardar esperança e trabalhar para que a política seja valorizada e cada vez mais aperfeiçoada. Temos, aliás, muitos casos de cristãos que foram políticos ou viveram muito perto da atividade política e constituem maravilhosos exemplos. Muitíssimos deles são anônimos, pais e mães de família, estudantes, índios, operários, missionários etc... Outros, até bem conhecidos, ligados à nossa América (exemplificando, para só falar de quem já faleceu, recordo-me neste instante de Frei Bartolomeu de Las Casas, dos padres Antônio Vieira, Luigi Sturzo, Dominique Pire e Joseph Lebret, de João XXIII, de Dom Helder Câmara, Dom Oscar Romero, Irmãs Dulce e Dorothy Stang, Dom Luciano Mendes de Almeida... e dentre os leigos: os intelectuais Frederico Ozanam e Alceu Amoroso Lima, o imperador Carlos I de Habsburgo, o presidente Alcide De Gasperi (deve ser beatificado em breve), o jovem Piero Giorgio Frassati, o operário Santo Dias... são tantos, tantos...). Do meu ponto de vista, quem deveria ser mais bem conhecido pelos nossos políticos é o extraordinário prefeito de Florença, falecido em 1977, hoje bem-aventurado Giorgio La Pira).

Recordando-nos do tema maior desta noite, que é a santidade, e olhando para a imagem ao mesmo tempo serena e vigorosa de São Tomas More, para renovar nosso compromisso com a ética na política, pedindo o banimento dos maus políticos da vida pública; a renovação dos políticos certamente bons, mas apáticos e despreparados; e apoiando os bons políticos que, como frisei, felizmente também os temos), vou citar as palavras de um grande jornalista e pensador católico francês, que viveu muitos anos no Brasil, primeiramente no Rio de Janeiro e depois em Minas Gerais, falecido em 1948. O texto – verdadeiro hino à santidade como vivência da caridade – deve ser entendido não como polêmico em relação a outras confissões religiosas, mas como testemunho de que a força transformadora dos valores evangélicos é realmente vivenciada, ainda que pecadores, por homens e mulheres de todos os tempos. O autor chama-se Georges Bernanos:

“Nossa Igreja é a Igreja dos santos. Quem dela se aproxima com desconfiança julga ver apenas portas fechados, barreiras e guichês, uma espécie de gendarmeria espiritual. Mas nossa Igreja é a Igreja dos santos. Para ser santo, que bispo não daria seu anel, sua mitra, seu báculo; que cardeal não daria sua púrpura; que pontífice não daria sua veste branca, seus camareiros, sua guarda suíça e todo o seu aparato temporal? Quem não gostaria de ter a força para empreender esta admirável aventura? Porque a santidade é uma aventura, é na realidade a única aventura. Quem a experimentou entrou no coração da fé católica, sentiu estremecer na sua carne mortal um terror diferente da morte, uma esperança sobre-humana (...). Que uma outra Igreja mostre seus santos! (...). Os santos viveram, sofreram como nós, eles foram tentados como nós. Carregaram um fardo bem pesado, e mais de um, sem deixá-lo, deitou-se debaixo dele para morrer (...) Toda essa construção de sabedoria, de força, de flexível disciplina, de magnificência e de majestade não é nada em si mesma se não estiver animada pela caridade. (...) Mas a mediocridade só procura uma sólida segurança contra os riscos do divino.” (3)


(1) Dentre as obras em português sobre Tomas More, seria de grande proveito ler o fascinante livro Tomas Morus e a Utopia, do filósofo e escritor mineiro Ivan Lins (1904-1975), membro da Academia Brasileira de Letras, publicado pela Civilização Brasileira em 1969.

(2) Cf. Vat. II: Ad Gentes, 11; Nostra aetate, 2. Congregação para a Doutrina da Fé: Declaração Dominus Iesus, 17 e nota 56, de 6/8/2000.
(3) Jeanne relapse et sainte. Plon, Paris: 1934. p. 61-64.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sobre a Concentração Diocesana do AO-MEJ

Olá pessoal!

Visitem o site da Diocese e vejam a publicação sobre a missa celebrada por D. Manuel, na Basílica da Penha (27/6) na Concentração Diocesana do AO e MEJ.

http://www.diocesesaomiguel.org.br/joomla/

Vejam ainda, nota no jornal "Voz diocesana"

http://www.diocesesaomiguel.org.br/joomla/images/stories/voz_diocesana_jun_jul2010.pdf

bjs

As TVs católicas

Texto:Domingos Zamagna(*)
Enviado por: Pe. Devair Carlos Poletto


Os mineiros, que geralmente são bem sensatos, costumam aconselhar: em época de férias o melhor que se faz é desligar a televisão. Já faz tempo que saí de Minas, talvez por isso tenha feito exatamente o contrário. Nos meus dez dias de férias grudei na televisão, dia e noite. Explico-me: quase não tenho tempo de acompanhar as programações de TV; jornalismo e magistério não me dão mais tempo para a TV. Não me dão “mais” porque, durante dezoito anos, fui jornalista de TV. Posso dizer que conheço um pouco desse veículo e tenho contatos freqüentes com colegas semeados por quase todas as TVs.
Entretanto, quis propositadamente ver com meus próprios olhos a quantas andam as chamadas TVs católicas. Fiz, por isso, uma imersão nesse mundo. Isso vai render um estudo que, complementado com outras observações, leituras e análises pretendo apresentar em sala de aula. Mas posso desde já antecipar algumas breves observações.
Começo pelas surpresas desagradáveis. Desculpem-me a franqueza, mas a Igreja Católica não merece o que vi. Sobre a maior parte do que pude apurar, custa-me crer que sejamos capazes de produzir programas de tão baixo nível; pareceu-me que fizemos um pacto com a feiúra. E se tivesse de adquirir todos os produtos ali anunciados, desde os penduricalhos da fé (medalhinhas, bentinhos, livrinhos, romarias etc.) iria certamente fazer um dos mais excêntricos repositórios de apetrechos fúteis. Fiquei, além disso, admirado com a quantidade de gente, alguns incrivelmente jovens, semeando “certezas” que não resistem aos mais moderados e respeitosos questionamentos. Tive a impressão de presenciar um apagão teológico ou regredir quatro séculos no tempo, sobretudo ao ouvir transmissões de sandices alucinantes como se fossem a ortodoxia da fé. Além do que o nível de repetição pareceu-me tão elevado que, por um princípio de economia, praticamente nem precisamos assistir alguns programas para saber o que dirão ad nauseam.
As pessoas que se postam diante dessas emissoras geralmente sabem de cor o catecismo, possuem edições da Bíblia, são dizimistas, têm em casa provisão de água benta para mais de seis meses, veneram o Papa, respeitam o clero, freqüentam os templos, empolgam-se com as pompas litúrgicas, praticamente nem precisam dessas TVs, a não ser como auto-convencimento ou, pior ainda, como auto-engano. Desconfio, porém, que os que mais precisariam da mensagem evangélica pela TV nem sequer entendem aquela linguagem devocional.
Excluo destas observações, por exemplo, a TV Aparecida, ou as de universidades católicas. Elas têm por suporte equipes que conhecem a Teologia e sabem o que é evangelização.
Ao acompanhar alguns programas, vinham-me calafrios: o que deles pensarão os ateus, ou os que não têm mais fé, ou os que têm juízo crítico, ou simplesmente as pessoas dotadas de experiência de vida? Não deveríamos expor a Igreja à irrisão das pessoas competentes.
Feitas essas observações e indagações – algumas até para provocar a reflexão de meus leitores – confesso que estou, sempre estive convencido que a TV pode ser um importantíssimo meio de evangelização. Mas não deveríamos nos acomodar com essa hemorragia de religiosidade destilada pelas nossas TVs. O excesso de religião pode levar à superstição.
Pude constatar, porém, e com enorme satisfação, que as TVs católicas abrigam também valores altamente promissores. Pessoas – clérigos, religiosos e leigos – que, se forem apoiadas e puderem se dedicar de corpo e alma ao veículo, certamente nos apresentarão um trabalho de boa qualidade. Nas mídias, de fato, estão os espaços mais privilegiados de que dispomos para fazer chegar a Palavra de Deus ao povo brasileiro. Feitas algumas bastante sérias, criteriosas e realistas revisões, essas TVs serão um rico potencial evangelizador e, melhoradas, merecerão o apoio de cada católico.
Porque não sou e nunca fui radical, e para não assustar ninguém, diria o seguinte: a TV é um veículo difícil de ser dominado. Considero que estamos todos na fase de aprendizado. Devemos ser compreensivos com as dificuldades ainda encontradas, mas ao mesmo tempo precisamos ser muito exigentes e não aceitar improvisações e pregações que quase se nivelam com algumas TVs de certas confissões religiosas ou pseudo-religiosas.
Na Igreja, quando fazemos críticas, nós as fazemos sempre com espírito construtivo, como membros da Igreja interessados no aperfeiçoamento de nossas instituições. Mas nós as fazemos também esperando a maturidade das pessoas e das instituições, que já devem ter superado uma exacerbada sensibilidade, e saibam acolher com naturalidade as sugestões que lhes chegam, não só de especialistas, mas das pessoas mais simples. É nesta última categoria que me incluo, porque o que exprimi nestas linhas é também o pensamento de muitos e muitos católicos brasileiros.

(*) Jornalista e professor de Filosofia

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Unidade na Diversidade - Setor Juventude da CNBB



Por Everson Lima:

Este foi o clima entre os participantes do Encontro dos Dirigentes dos Movimentos Juvenis pelo Setor Juventude da CNBB realizado na Casa Siloé – Vinhedo – SP

Nos diversos carismas dos movimentos, o fato marcante, sem dúvida, foi o trabalho visando atingir o bem comum: a Evangelização da Juventude.

Estavam presentes representantes jovens dos seguintes movimentos: MEJ, CVX, Segue-me, Comunidade Emanuel, Legião de Maria, Juventude Salesianas, Juventude Marista, Ministério Jovem - RCC, Vicentinos, CNLB, Milícia da Imaculada, Neo Catecumenato, Focolares, Schoentantt, Juventude Franciscana, Regnum Christi e Equipe Jovens de Nossa Senhora (EJNS), anfitriã do encontro.

Sendo discutido, em plano comum, pontos sobre o Documento 85 - Evangelização da Juventude e as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil - 2008-2010. Este que também será estudado em um encontro macro em Mariápolis – SP, que será realizado para as lideranças de nossos movimentos, em dezembro próximo.

Vale destacar a importância do encontro por seu valor "político" dentro da Igreja, uma vez que os movimentos são dados como caminhos paralelos à Igreja.

A cada reunião deste grupo é visto que os diversos carismas, presentes na Igreja, vem para somar na Evangelização do Juventude no Brasil e, não para caminhar paralelamente. "Existem carismas diferentes, mas um único Espírito; existem ministérios diferentes, mas um único Senhor; existem atividades diferentes, mas um único Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada uma manifestação do Espírito para o bem comum”. (1 Cor 12, 4-7)

Todo o carisma individual visa o bem da comunidade. E empenhados nesta missão somos convocados a desempenhar, nas variedades de manifestações, o protagonismo jovem na Evangelização da Juventude (Jovem evangelizando Jovem) em favor da unidade.

terça-feira, 6 de julho de 2010

EM CONSTRUÇÃO!!!

domingo, 4 de julho de 2010

A voz do nosso Pároco


Solenidade de São Pedro e São Paulo – Ano C – 4 de julho de 2010
Textos: At 12, 1-11; Salmo 33; 2Tm 4,6-8.17-18; Mt 16, 13-19

Irmãos e irmãs:

No dia da Solenidade de São Pedro e São Paulo, apóstolos e santos, que vivendo nesse mundo, plantaram a Igreja e a regaram com o seu sangue, celebramos também o Dia do Papa.

Pedro no Evangelho responde pela fé dos Doze, a primeira comunidade constituída por Jesus Cristo, a base pela qual surge a Igreja Católica.

Ao chamar Pedro e ele professar a fé, Cristo muda o nome dele. De Simão (nome que significa «obediente», «aquele que se entrega à tristeza»), Cristo passa a chamá-lo de «Pedro». Este nome indica a sua vocação: a pessoa de Simão deve ser a «pedra», a rocha, que deve defender e dar solidez para a comunidade.

A nomeação de Pedro é seguida de uma promessa que Cristo faz. A promessa é a de as «portas do inferno» não poderão nada contra a Igreja. As portas da prisão onde Pedro se encontrava são abertas pela ação do anjo, informa a primeira leitura.

A vocação de Paulo surge quando ele vê Cristo no caminho para Damasco; de perseguidor da Igreja ele se transforma em apóstolo. Ele realizou mais do que os outros apóstolos: formou comunidades, lideranças, acolheu os pagãos, trabalhou as diferentes culturas. Na segunda leitura podemos ver um resumo de toda a sua vida.

O nome Paulo significa «boca de trombeta». Após ver Cristo no caminho de Damasco ele muda seu nome de «Saulo» para Paulo.

Para a Igreja Católica, o Papa traz consigo toda a história e a tradição da comunidade cristã. Ele não representa uma pessoa, só um chefe, mas, o «administrador» das promessas de Cristo. A maior preocupação do Papa, sua maior responsabilidade, é a de que a Igreja, no mundo inteiro, seja fiel a Cristo e ao Evangelho. Ele também deve iluminar a evangelização e a pastoral que a comunidade nos 5 continentes realiza.

Na primeira leitura Pedro é libertado por intervenção de Deus da prisão. Fora preso por que anunciava o Cristo Ressuscitado e dava firmeza para a fé cristã dos membros da comunidade.

O texto dos Atos revela a vida de quem é testemunha de Cristo. O testemunho acaba sendo um reflexo do testemunho do Cristo.

O pescador da Galiléia foi o primeiro a professar a fé em Cristo. «Tu és o Messias, o Filho e Deus vivo» (v.16). Na fé católica encontramos o fundamento seguro do nosso caminho rumo à comunhão plena e eterna com Deus. A nós também Deus nos pede que confessemos nossa fé, nesse mundo, dentro dessa realidade, de que Cristo é a «pedra angular, a mais importante, o fundamento», o Chefe da Igreja.

A profissão da verdadeira fé em Cristo nos liberta. «Agora sei que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar» (v.11a). A Providência de Deus age. Quando nossa missão ainda não terminou nessa terra podemos ter esperança de que em algum momento a mão de Deus nos é estendida.

Pedro foi o apóstolo que teve o maior fervor e amor a Cristo. Na quinta-feira santa ele declara ser desejoso de saber quem trairia Jesus. Santo Agostinho diz que se Pedro tivesse sabido antes dos fatos, ele agiria para defender Jesus. Teria trucidado Judas Iscariotes e causaria uma divisão na comunidade. Por isso, o Senhor não quis revelar.

A comunidade rezou por Pedro enquanto estava na prisão. A tradição da Igreja conta que ao chegar à comunidade, os membros da Igreja o aconselharam a se afastar um pouco, descansar, sair daquela realidade. Ele não quis. Devia continuar na sua missão.

Quando finalmente resolveu ir à Roma, nas portas da cidade Pedro viu Cristo e lhe perguntou: «Para onde vais, Senhor?». Cristo teria respondido para ele: «Vou para Roma para ser crucificado de novo». «Crucificado de novo, Senhor, não!» respondeu Pedro. «Nesse caso, Senhor, eu irei e quero ser crucificado no seu lugar». A tradição da Igreja conta que Pedro ficou tão angustiado e chorou amargamente, como o Cristo no Horto das Oliveiras.

Testemunhas escreveram e relataram o martírio de Pedro. Não quis ser crucificado na mesma posição que Cristo. «Meu Senhor foi colocado de pé na cruz porque desceu do céu à terra, enquanto eu, que Ele se digna a chamar da terra ao céu, devo ser colocado na cruz com a cabeça na terra e os pés voltados para o céu. Não sou digno de estar na cruz da mesma maneira que meu Deus». As últimas palavras de Pedro olhando para o céu, foram: «Foi você, Senhor Jesus Cristo, que eu desejei imitar. Você é tudo para mim. Agradeço a você, por tudo». As testemunhas contam que após a morte de Pedro viram almas que traziam coroas de rosas e lírios.

Timóteo foi uma das lideranças formadas por Paulo. Paulo o considerava como um «filho».

A segunda leitura é considerada o «testamento» de Paulo. Como Pedro ele experimentou Deus como um Deus que liberta de toda a tribulação. «O Senhor me libertará de todo o mal» (v.18).

O apóstolo Paulo foi um homem que fez jus ao seu nome: tinha uma língua frutuosa. Pregou o Evangelho de Cristo da Ilíria a Jerusalém.

Foi também um homem de uma caridade exemplar. «Quem é fraco, sem que eu me enfraqueça com ele?», declara na segunda carta aos Coríntios. E diz mais: «Quando a minha boca abre para falar de Cristo a vocês, meu coração aumenta e bate mais forte».

Foi decapitado após fazer o sinal da cruz na testa e no peito. Lemóbia, uma das mulheres da comunidade que foi testemunha foi até o «Vale dos Lutadores» onde o corpo de Paulo e onde Pedro fora crucificado e viu os dois vivos, trazendo na cabeça coroas brilhantes e cercados de luz.

O Evangelho antecede o anúncio da Paixão do Senhor. No diálogo com seus discípulos Cristo os quer prontos, vivendo como irmãos, numa comunidade. Mas, quer que a fé, que deve uni-los, seja verdadeira.

As opiniões sobre Cristo estavam divididas, como nos tempos de hoje. «Quem dizem os homens ser o filho do homem?» (v.13). Muitos o consideram uma pessoa admirável, excepcional, mestre da vida moral; outros o consideram um revolucionário. Mas, essas considerações a respeito de Jesus Cristo não são suficientes para alimentar a fé cristã. A admiração e o desejo de crer em «heróis» faz parte da nossa necessidade psicológica. Os profetas foram grandes homens, mas, não salvaram ninguém; João Batista preparou os caminhos do Senhor, mas não era o «libertador» que todos acreditavam ser.

Cristo foi e é único e não pode ser comparado a ninguém.

«E vós, quem dizeis que eu sou?» (v.15). Pedro ao responder revela que chegou a hora da comunidade ser independente das suas origens que foi o povo de Israel. Cristo confirma que realmente chegou a hora de se constituir um novo povo para Deus, sendo a sua Paixão o fundamento e a rocha firme, a verdadeira declaração de amor, da graça de Deus. A liderança visível desse novo povo, aqui na terra, será o Papa. Acima dele, a liderança invisível, mas, presente, é o próprio Jesus Cristo. «Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo» lembra Paulo na carta aos Coríntios, no capítulo 3.


Amados irmãos:


A oferta da missa de hoje é especial. Ela é chamada de «óbulo de Pedro». Uma oferta que damos para ser enviada ao Papa que as distribui depois ajudando os povos e países mais necessitados.

As pessoas que testemunharam o martírio de Pedro e Paulo, as colunas da Igreja Católica, contam num encontro, meses antes, ambos se despediram. «Que a paz esteja consigo, fundamento da Igreja, pastor das ovelhas e cordeiros de Cristo», disse Paulo a Pedro. «Vá em paz, pregador dos bons costumes, mediador e guia da salvação dos justos» disse Pedro a Paulo. Morreram no mesmo dia, em lugares diferentes. Sofreram no mesmo dia, para juntos encontrarem o Cristo.

A liturgia hodierna nos convida a celebrar a solenidade de São Pedro e São Paulo; dois homens, duas colunas, dois alicerces, dois gigantes na caminhada da Igreja e que provocaram grandes transformações no mundo.

As vidas de Pedro e Paulo devem inspirar sempre todas as lideranças na Igreja. A Festa de São Pedro e São Paulo é uma oportunidade para que renovemos nosso compromisso com a comunidade, mas, ao mesmo tempo renovemos um compromisso pessoal com a comunidade.

Por isso, celebramos e acolhemos a Palavra de Deus escrita em forma de carta pelo Apóstolo Paulo e dirigida, pessoalmente, às lideranças da Igreja. Assim, tanto a primeira e a segunda leituras realçam o desígnio, a mesma palavra providencial de Deus para os dois Apóstolos. É o próprio Senhor que os orientará para o cumprimento da sua missão, cumprimento este que terá lugar precisamente aqui em Roma, onde estes seus eleitos darão a vida por Ele, fecundando a Igreja com o seu próprio sangue.

Com certeza as palavras de Paulo ao líder da comunidade chamado Timóteo dá o tom geral, o sentido da nossa pertença à Igreja, na nossa meditação de hoje. É uma palavra de intimidade pastoral. «Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé» (v. 7).

Deus age e conduz aquele «momento escatológico» em Pedro. Pobre Pedro... fraco...preso numa cadeia. Espera a morte. É o fim de tudo. O mundo acabou. Pedro é a imagem da fragilidade humana. O Apóstolo deixa que Deus aja como quiser, sem interferir. «As correntes caíram-lhe das mãos» (v.7). Mas, aquele encontro primeiro de Pedro com Jesus mudou tudo! Jesus ao chamar Pedro para integrar o seu grupo de Doze, diz para Pedro que ele não é pobre, fraco, um «aprisionado de vida qualquer», que a vida afinal não é tão complicada assim. Por isso, Cristo chama o homem mais fraco, o mais medroso, de «Cefas» - Pedra, Rocha, pois Deus quer que levantemos e despertemos para o Dia, para a vida, para o alto da montanha! Por isto, Cristo é Redentor!


(Texto: Padre Devair Carlos Poletto - 4 de julho de 2010)

Concentração Diocesana do Apostolado da Oração e MEJ

Por: Rosangela Molina

Na tarde do dia 27 de junho (domingo) nosso grupo uniu-se aos demais grupos do MEJ de nossa diocese e ao Apostolado da Oração, na celebração Eucarística presidida pelo nosso bispo, Dom Manuel.

Este foi mais um Encontro Diocesano do Apostolado da Oração e Movimento Eucarístico Jovem com o bispo.

Grupos vindos das 3 Regiões Episcopais da Diocese de São Miguel Paulista (Região São Miguel, Itaquera-Guaianazes e Penha) deixaram a Basílica da Penha num lindo tom branco e vermelho das fitas e estandartes, celebrando com alegria este dia que já faz parte do nosso calendário.



...

Antes de encerrar sua reflexão, Dom Manuel deixou sua palavra de incentivo ao Movimento Eucarístico Jovem, lembrando-nos a importância da espiritualidade do Movimento centrada na Eucaristia:

“ Já temos vários grupos jovens que se agregam nesse Movimento, que os leva a desenvolver uma espiritualidade centrada na Eucaristia que é o dom maior que brota do Coração de Jesus.

A Eucaristia!


Como é bom poder formar os nossos jovens e os nossos adolescentes para a vivência Eucarística, mostrar a eles, ajudá-los para que tenham essa consciência de que a Eucaristia é a centralidade da nossa fé que se dá na centralidade Eucarística. A Eucaristia é o centro da vida da Igreja. Não pode existir a Igreja sem a Eucaristia, assim como não podemos nós vivenciar e crescer na nossa missão sem a força da Eucaristia, sem o amor à Eucaristia.”

A voz do nosso Pároco - atualizações -

13º Domingo do Tempo Comum – Ano C – 27 de junho de 2010
Textos: 1Rs 19,16b.19-21; Salmo 15; Gl 5,1.13-18; Lc 9, 51-62

Meus irmãos:

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!



«Deus é o nosso melhor conselheiro; é Ele que me adverte e mesmo dormindo Ele cuida de mim» (cf. Salmo 15). Com essas palavras em forma de louvor, o salmista transmite aquela tranqüilidade que estamos precisando para dar continuidade à vida. Em meio ao turbilhão de preocupações sentimos alegria e encontramo-nos reunidos para rezar no dia do Senhor - a «Domenica» – o dia da Ressurreição de Cristo! Todos nós precisamos não só uns dos outros, mas, também desse momento maravilhoso de encontro de irmãos; e o mais belo de tudo é que nos encontramos na casa de Deus, na Igreja, em movimento eclesial eucarístico! De um modo misterioso Deus age em nossas vidas, por causa da nossa união em seu Filho Jesus – o Cristo, o «Servo», como diziam os profetas do Antigo Testamento. Diante do amor de Deus ficamos doidos ou santos. São esses dois caminhos: ou a loucura ou a santidade. Loucura por que aceitamos e reconhecemos o Amor Dele ou porque O rejeitamos.

Paulo, o Apóstolo evangelizador e pastor das comunidades das grandes cidades que fale; diante do Filho Deus Ressuscitado o apóstolo fica cego por enxergar a verdade. «As armas e os barões assinalados / que da Ocidental praia Lusitana/ por mares nunca de antes navegados/ passaram ainda além da Taprobana (atual Sri-Lanka. Capital: Sri Jayawardenapura-Kotte)/ em perigos e guerras esforçados/ mais do que prometia a força humana/ e entre gente remota edificaram/ Novo Reino que tanto sublimaram! » (Luiz de Camões. «Os Lusíadas». Canto I, verso I), bem lembrava o grande poeta português. Diante da consciência do Amor de Deus nós precisamos nos encher de coragem e ir avante. «Vai e unge a Eliseu, filho de Safat, de Abel-Meula, como profeta em teu lugar» (v. 16-b), ordena Deus na primeira leitura. Nós católicos hoje precisamos ouvir o chamado de Deus nos atuais tempos; precisamos «ir» missionariamente pelo mundo, com a sabedoria dos antigos patriarcas, com a valentia dos profetas; precisamos agir e interferir mais na realidade da nossa sociedade. Agir não isoladamente, mas, organizados. «Só a ação organizada é transformadora», nos ensinava um grande Bispo de São Paulo cujo nome nos traz uma espécie de inocência angelical, mas, com o odor do sândalo. Deus ensina Elias a ser missionário. O verdadeiro missionário, o verdadeiro agente pastoral, forma e qualifica outros e novos agentes de pastoral. «Elias partiu dali e encontrou Eliseu, filho de Safat, lavrando a terra com doze juntas de bois» (v. 19). Por isso, o autor do livro dos Reis conta que Elias lança o manto sobre os ombros de Eliseu (cf. v. 19-b). Eliseu é um lavrador rico que cuida da terra. Como todas as pessoas verdadeiramente chamadas por Deus, as preocupações com o trabalho e a família surgem, deixando a pessoa meio que em dúvida do próprio chamado. É natural. Os grandes heróis e líderes do Povo de Deus passaram por isso. Num primeiro momento a família é forte resistência ao agir do agente de pastoral. «Deixa-me primeiro ir e beijar o meu pai e minha mãe, depois te seguirei» (v. 20).

A Igreja nos anima, com a 5ª. Conferência de Aparecida, a ser discípulo e missionário de Jesus Cristo na realidade urbana da paróquia; ela nos pede para que sejamos mais atuantes e que confiemos em Deus, pois Ele nos ensina o caminho para a vida (cf. Sl 15, 11-a).

Paulo, na segunda leitura, nos adverte quanto aos perigos do que ele chama de «escravidão». Fomos chamados por Deus para a liberdade (cf. v. 1-b). No contexto da carta aos Gálatas, a escravidão entra na consciência das pessoas pelo rigor e pelo zelo absurdo da religião. Por isso, diz: «É para a liberdade que Cristo nos libertou. Ficai pois firmes» (v. 1-a). Quando bem entendemos a doutrina e os ensinamentos de Cristo nós adquirimos o que Paulo chama de «liberdade» no pensar e no agir em relação às questões espirituais. O que vale mais: a fé ou a Lei? A fé, responde Paulo; mas, a fé agindo por e com amor vale muito mais! Todos os sistemas criados pelo homem podem escravizar ou não a raça humana. Por isso, no mundo a Igreja luta e anuncia o Evangelho para mostrar que a vida humana e o ser humano valem mais que os sistemas. Por detrás das palavras da Lei está, essencialmente, o Amor de Deus. «Com efeito, toda a Lei se resume neste único mandamento:

Amarás o teu próximo como a ti mesmo» (v. 14).

O seguimento a Jesus é um convite e um dom de Deus; mas, ao mesmo tempo exige de nós respostas concretas, ensina-nos o Evangelho de Lucas. «Ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém» (v. 51-a). Quanto nós tomamos uma «firme decisão» na vida, damos sempre um passo avante. Não importa mais o que vem pela frente: se sofrimento ou alegria.

Lucas diz que os samaritanos, tão amados por Jesus, tornaram-se obstáculos em sua caminhada. «Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém.» (v. 53). Mas, Jesus encontrou outros obstáculos. Vinham dos próprios discípulos, daqueles que conviviam e que eram mais achegados a Ele. A intolerância religiosa. «Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: Senhor queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?» (v. 54). No nosso agir pastoral não estamos isentos de tomar decisões e agir contra os ensinamentos de Jesus e do seu Evangelho.

Lucas não se cansa de apresentar Jesus como peregrino, itinerante, por isso o surgimento destes novos seguidores de Jesus se dá enquanto caminham: «Enquanto iam andando, alguém no caminho disse a Jesus: «Eu te seguirei para onde quer que fores» (v. 57). São seguidores de Jesus aqueles que caminham com Ele pelas estradas da vida, com olhos e coração abertos ao mundo, aos seus desafios, interrogantes, e não precisamente os que permanecem dentro do templo, com as portas fechadas ao que acontece ao redor. Para aqueles que se sentem atraídos a abraçar seu estilo de vida e missão, três são as exigências que o Mestre coloca: «As raposas têm tocas, e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça» (v. 58). Assim como Jesus, o discípulo tem que estar disposto a ter uma vida itinerante, a viver sem segurança nenhuma. «Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos; mas você, vá anunciar o Reino de Deus» (v. 59). A urgência do serviço ao Reino leva a deixar para trás tudo o que seja escravidão ou morte, a nível pessoal e social. «Quem põe a mão no arado e olha para trás não serve para o Reino de Deus» (v. 61). O seguimento é sério e comprometido, porque a causa do Evangelho assim o impõe. O que se tem entre mãos é a construção de um mundo novo onde reine justiça e igualdade entre os seres humanos.

Jesus coloca estas exigências, ciente de que seus seguidores não são super-homens, nem supermulheres. Conhece suas fraquezas, assim como a capacidade que cada um tem para amar como Ele. Mas, sobretudo, Ele sabe por experiência que o Pai sustenta a cada um com seu amor, e nunca os abandona. Por isso, o mesmo evangelista Lucas coloca na boca de Jesus este encorajamento aos seus seguidores: «Não tenha medo, pequeno rebanho, porque o Pai de vocês tem prazer em dar-lhes o Reino» (Lc 12, 32).

Irmãos: Deus nos ajude e nos fortaleça na caminhada. Sejamos firmes e decididos na construção de um mundo mais justo e fraterno. Quando estava prestes a morrer São Francisco de Assis escreveu uma carta para todos os governantes e políticos da época. Ele dizia na carta: «Ouço, vindo de todos os lados, 2 clamores que sobem até o céu. Um, é o brado da Mãe Terra terrivelmente devastada. E o outro, é a queixa lancinante dos milhões e milhões de nossos irmãos e irmãs, famintos, doentes e excluídos, os seres mais ameaçados da criação». Parece que foi escrita ontem essa carta. Tão atual.

Dia 2 de julho de 2010, sexta-feira que vem, é dia de São Tomas Morus, patrono dos governantes e dos políticos. Peçamos a Deus para que neste ano eleitoral o povo brasileiro consiga ver e enxergar a realidade e a votar com consciência.
(Texto: Padre Devair Carlos Poletto - 27 de junho de 2010)

A voz do nosso Pároco - atualizações-

12º. Domingo do Tempo Comum – Ano C – 20 de junho de 2010
Dia Nacional do Migrante
Textos: Zc 12,10-11;13,1; Salmo 62; Gl 3, 26-29; Lc 9, 18-24

Meus irmãos e minhas irmãs: Povo de Deus!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!




Nossa meditação hoje começa com o texto do profeta Zacarias, no capítulo 12, a primeira leitura. Esse profeta, cujo nome significa «Deus se lembrou», é fundamental para entender o jeito de Jesus Cristo. O livro de Zacarias está dividido em duas partes: a primeira, vai do capítulo 1 a 8 onde o profeta faz um grande apelo ao povo à conversão; a segunda parte vai do capítulo 9 a 14. O livro inteiro de Zacarias apresenta um «messianismo profético». Assim, como acontece no livro de Isaías, também no livro de Zacarias se pode perceber que foram mais de um autor. O livro do Apocalipse de São João é o que mais faz referências e faz citações do profeta Zacarias. Muitas das imagens apresentadas por João foram inspiradas em palavras, do profeta Zacarias.

O profeta Zacarias anuncia a certeza do cumprimento da promessa de Deus, feita a Davi, de enviar um Messias que vai conduzir o povo de Israel. Esse Messias, na perspectiva de Zacarias, será como um «filho», «uma pessoa escolhida» pelo próprio Deus. O Messias vem para regenerar a fé e a espiritualidade do povo. Essa regeneração, essa alma nova na fé, vem como diz Zacarias, pela «graça» (cf. v. 10) e pela oração. Para Zacarias, quando o homem, está imbuído e percebe a graça, a generosidade de Deus e as une em forma de oração, é como se uma luz nova clareasse a visão. «Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração; eles olharão para mim» (v. 10). Assim como Davi, sendo pai, valente, guerreiro, que teve todo o poder que o mundo podia lhe dar, mas, chorou pela morte de seus filhos legítimos e ilegítimos, assim também Deus enviará seu Filho ao mundo para o grande «Aleluia» o supremo momento de louvor. A dor e o sofrimento formarão um caminho tanto para os homens como para Deus se entenderem. A dor e o sofrimento serão como «oráculos», ou seja, mensagens codificadas e entendidas por quem as transporta. Por isso o texto de Zacarias fala de tanta desolação. «Grande pranto» (v. 11), diz o texto.

Na segunda leitura, Paulo manda um evangelho aos gálatas: quem recebeu e acolheu o batismo de Cristo – na sua morte e ressurreição – e vive pela fé em Jesus torna-se espiritualmente igual. Não há mais divisões. «Vós todos sois filhos de Deus!» (v. 26). Não há mais gêneros. «Nem homem, nem mulher, pois todos vós sois um só!» (v. 28). Não há mais classificações. Em Cristo Jesus todos somos iguais! «Panis Angélicus, Fit panis hominum, Dat panis cœlicus figuris terminum. O Res mirabilis! Manducat Dominum, Pauper, pauper servus et humilis!» . O Pão dos Anjos, torna-se pão dos homens,e o Pão dos ceus dá fim aos velhos símbolos. Oh Coisa admirável! O Senhor é a comida do pobre e humilde servidor !

O Evangelho nos revela que Jesus era um homem de oração. Lucas destaca sempre esses momentos na vida de Jesus. «Jesus estava rezando num lugar retirado» (v. 18). Ele encontra sentido com os fatos da vida agitada transformando em oração. Para Jesus, Deus o Pai está presente no seu dia-a-dia. Ele consegue ver isso; mas, os outros que o acompanham não conseguem ver e entender a presença de Deus. Há um sentimento cruel no texto de Lucas. Jesus vê a presença de Deus no seu dia-a-dia, mas, seus discípulos não. A crueldade está na solidão que se abate sobre a pessoa que sabe rezar e que gostaria de seus companheiros estivessem partilhando do mesmo momento. Por isso Lucas sempre destaca esse fato: Jesus retira-se do grupo para rezar. O conflito entre o indivíduo e o grupo fica latente em toda a sua trajetória. A pergunta que Jesus faz tem um fundo existencial: «Quem diz o povo que eu sou?» (v. 18). Esse estar com Jesus e sentir as coisas que ele sentia é que fez os discípulos muito mais tarde pedir a Ele para que os ensinasse também a rezar (cf. Lc 11, 1).

A oração de Jesus e a oração e o espírito da oração que Ele ensinou é uma oração de comunhão. Não se tratava mais de apenas «conversar» com Deus, ou seja, de «orar», mas, rezar. Toda oração verdadeiramente cristã produz somente comunhão. Comunhão primeira entre a pessoa e toda a sua realidade e o Cristo Ressuscitado. Pedro parece perceber essa comunhão entre Jesus e o Pai. «Mas Jesus perguntou: E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro respondeu: o Cristo de Deus» (v. 20).

Jesus diz que na oração deve existir uma comunhão real entre a pessoa que reza e o Pai. Na oração nos apresentamos como somos. «E acrescentou: O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia» (v. 22).

Lucas então associa o pão multiplicado e que se tornou alimento para a multidão (cf. Lc 9, 10-17), com a oração verdadeiramente comunhão, como alimento verdadeiro do discípulo. «Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará» (v. 23-24).
(Texto: Padre Devair Carlos Poletto - 20 de junho de 2010)

sábado, 3 de julho de 2010

Os Videogames e a Educação dos Jovens


Benefícios e limites são discutidos no Fiuggi Family Festival


Por Antonio Gaspari

ROMA, sexta-feira, 2 de julho de 2010 (ZENIT.org) - As novas gerações fazem amplo uso de tecnologias como o computador, celulares e os consoles de videogame, mas as implicações destas tecnologias no que se refere ao processo educativo e ainda pouco compreendido tantos pelos pais como pelos professores.


No debate sobre os possíveis benefícios e eventuais danos que tais tecnologias podem provocar, vai-se de um extremo a outro.
Desde a primeira edição do Fiuggi Family Festival - evento anual direcionado à família, realizado no parque das Termas de Bonifácio VIII, em Fiuggi, na Itália - têm sido organizados encontros e discussões sobre o tema, e foi proposto até mesmo um concurso e uma lista de jogos recomendados.
Considerando o impacto social destas tecnologias, especialmente sobre os jovens, ZENIT entrevistou Giuseppe Romano, considerado um dos maiores especialistas italianos sobre o tema.
Giuseppe Romano, jornalista e professor de literatura junto à Universidade Católica de Milão, é vice-diretor artístico do Fiuggi Family Festival.
Dedica-se há anos ao estudo de mídias interativas e dos videogames, com a convicção de que as potencialidades, se bem desenvolvidas, são muito superiores aos riscos. É autor de diversos livros, entre os quais destaca-se L'internet, frontiera di uomini ("A Internet, fronteira dos homens", Edizioni Lavoro, 2004). É ainda o idealizador da versão interativa em CD-ROM do livro de João Paulo II, Varcare la soglia della speranza (Mondadori 1997).

ZENIT: Os videogames, especialmente os consoles como o Playstation, são muito populares entre os adolescentes da nova geração, já no final da infância. Quais são os possíveis danos provocados por estas tecnologias e quais seriam os benefícios eventualmente proporcionados?


Romano: Danos e benefícios devem ser primeiramente avaliados no contexto do equilíbrio pessoal e familiar: se que está a jogar é uma criança ou adolescente, os familiares devem ajudá-lo a ater-se aos limites adequados de tempo e de temas - como se dá em qualquer atividade no seio da família.
Dito isto, penso que os jogos de videogame devem ser julgados com base na qualidade de seus conteúdos, como livros e filmes. Sem dúvida, há jogos violentos e nada educativos; mas não são todos, e não exaurem as potencialidades de um meio de comunicação e entretenimento que é, afinal, justamente um meio: são os homens a se comunicarem, não as máquinas, e estes devem assumir suas responsabilidades.
Jogar é uma atividade importante, que não é exercitada somente ao vídeo. Entre o computador, a TV e o celular, talvez passem tempo demais diante da tela; mas simplesmente aboli-la não seria possível nem benéfico. Pode-se, ao contrário, praticar e fazer praticar a higiene mental de modo positivo: por vezes, em família, assistir à televisão ou jogar videogame passa a ser a única diversão possível, na falta de uma proposta melhor - situação triste, entre pessoas que se querem bem.

ZENIT: Muitos pais lamentam o fato de que o uso do videogame aumenta a reatividade das crianças e dos jovens, mas de maneira compulsiva, e que reduz sua capacidade de reflexão. Isto é, diante dos estímulos adrenalínicos dos jogos, os usuários reagem com os dedos aos botões antes de pensar. Qual sua opinião a respeito?

Romano: A meu ver, em situações normais, o PC ou o videogame não induzem a deformações cognitivas, ainda que alguns estudiosos considerem que sim. Ou, ao menos, não contribuem mais do que o contexto frenético no qual estamos todos inseridos. Hoje, na Itália, seis em cada onze crianças têm celular, equipamento que hoje se tornou um microcomputador, com recursos de acesso à web e capazes de receber todo tipo de conteúdo - algo que muitos dos pais ignoram.
É preciso dar um passo atrás. Meu parecer a respeito das problemáticas associadas ao uso do videogame, e o eventual aumento nos casos de distúrbios e comportamento violento a ele associados, com frequência remetem a situações de abandono, real ou virtual, de jovens ainda em formação.

ZENIT: Neste contexto, sustenta-se que a maior capacidade de crianças do sexo feminino para a reflexão não dependa apenas dos caracteres ligados ao gênero, mas também do fato de que estas fazem uso menos frequente dos videogames? Concorda com esta asserção?

Romano: As meninas inteligentes sempre foram mais propensas à reflexão que suas contrapartes do sexo masculino. Alguns dos consoles são bastante populares entre o público feminino, como ocorre com o portátil Nintendo DS, que conta com jogos especificamente concebidos para meninas.

ZENIT: Há também a questão referente ao conteúdo dos jogos. Os mais inócuos parecem ser os jogos esportivos - futebol, automobilismo, motociclismo; muitos outros, porém, têm temáticas violentas, como lutas, pugilismo e artes marciais, ou mesmo matanças intermináveis com armas de fogo. Este jogos parecem hipnotizar os usuários, os quais, imersos num estado frenesi, têm dificuldade em interromper o jogo. O que pensa a respeito?


Romano: Para começar, é bom lembrar que os jogos são classificados em faixas etárias. A idade aconselhada é estampada na capa, e segue o sistema da classificação pan-europeu PEGI. As indicações são respeitadas e bem controladas. Entretanto, a classificação não exime os pais ou responsáveis de verificar pessoalmente o conteúdo dos jogos.
O envolvimento com o jogo não representa, em si, algo negativo, visto que o exercício da interatividade é certamente melhor que a postura passiva de assistir TV, por exemplo. Para evitar excessos, atualmente todos os consoles já contam com o recurso conhecido por parental control, um filtro que permite aos pais bloquearem o aparelho para conteúdos que considerem inadequados, ou determinar limites de tempo de jogo diário.

Menciona-se também com frequência que jogar videogames poderia provocar uma produção acentuada de endorfinas, substâncias produzidas pelo cérebro que poderiam ter os efeitos de uma droga de abuso; mas é preciso lembrar que nosso cérebro produz adrenalina e endorfinas em qualquer situação emocionante ou que envolva esforço.

ZENIT: Mas nem tudo parece negativo. Na edição deste ano do Fiuggi Family Festival, será premiado o jogo "Brain training" da Nintendo. Poderia explicar como funciona e quais as razões desta escolha para premiação?


Romano: O Fiuggi Family Festival se propõe a colocar os videogames a serviço da família. Valorizando o componente "family", introduz no mercado um critério de classificação até então inédito. "Brain training" é um jogo classificado nesta categoria; trata-se de um "treina-mente" que solicita, por meio de perguntas e testes, a agilidade mental dos jogadores, sua capacidade de reflexão e intuição. Destina-se tanto aos adultos como às crianças, e, tomadas as precauções já citadas, não tem nenhuma contra-indicação.

ZENIT: Em segundo e terceiro lugar serão premiados respectivamente o "Wii sports" e "FIFA 2010". Quais são os aspectos benéficos destes jogos e quais as motivações para sua premiação?


Romano: Com o "Wii sports", e com a nova edição "Wii Sport Resort", a Nintendo introduziu uma nova modalidade de jogo até então inédita, na qual o jogador se move fisicamente para acionar um controle sensível ao movimento, e assim atuar sobre as imagens na tela. É possível jogar tênis, golfe, boliche e outros esportes. Dadas as características deste console, jogar em grupo é não apenas possível, como também fácil. "FIFA 2010", por sua vez, é um simulador de futebol que conta com versões para vários consoles; oferece um grau de realismo e versatilidade impressionantes. Também neste caso é possível jogar em grupo ou em modo multiplayer pela internet.
ZENIT: Poderia dar sugestões aos pais em sua tarefa de selecionar jogos e programas adequados para seus filhos?


Romano: A lista de 15 jogos que classificamos como "family", disponível no site www.fiuggifamilyfestival.org pode ser um bom começo. Em todo caso, sugiro não proibir o uso do console, mas de escolher ao lado dos filhos os jogos mais adequados, explorando e avaliando com eles. Considero que a família deva assumir a tarefa de selecionar os conteúdos de modo a orientar o mercado de forma positiva. É difícil, mas é o único meio possível. Considerar os jogos de videogame não como simples brinquedos ou produtos comerciais, mas como trabalhos criativos e propositivos, tanto para o bem como para o mal, pode ajudar a promover uma tendência que torne os jogos não apenas cada vez mais bonitos, mas também mais adequados em termos de proposta e conteúdo.

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Link visitado em 03/07/2010

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