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domingo, 25 de julho de 2010

A voz do nosso pároco

17º Domingo do Tempo Comum – Ano C – 25 de julho de 2010
Textos: Gn 18, 20-21.23-32; Salmo 137; Cl 2, 12-14; Lc 11, 1-13.


Irmãos e irmãs:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


Domingo passado fizemos uma reflexão sobre a pessoa do patriarca Abraão e seu relacionamento com Deus. Vimos também a humanidade de Abraão; os acertos e os erros em sua trajetória de vida.
Por isso, a Sagrada Escritura, que contém a Palavra de Deus, é sempre uma referência para o crescimento da fé. São livros que falam de Deus, mas, gasta mais tempo para nos revelar quem é o ser humano. A Palavra de Deus, ao revelar o ser humano, não dá nenhuma chance para a nossa fé seja uma fé ilusória, uma fábula ou conto de fadas.
Vimos também o quanto Deus viveu a nossa humanidade, em seu Filho Jesus Cristo. As alegrias e as tristezas vividas por Deus, em Cristo. Já por 2 domingos vemos Cristo sofrendo incompreensões; primeiro, com o jovem doutor da Lei que, ao final da conversa com Jesus, preferiu não segui-Lo, mas, viver uma religião de ilusão e, mais ainda, ver que aquele rapaz tão inteligente e com um futuro promissor, preferiu também negar a humanidade nas pessoas. Depois, sua decepção durante a sua caminhada e a chegada à casa de Marta, onde mais uma vez, a anfitriã também não quer dar ouvidos ao Evangelho anunciado por Cristo; ela prefere ficar «distraída» com os afazeres domésticos, em manter o sistema cultural e familiar e as tradições. E mais: no único momento em que se dirige a Jesus, ela o faz com a intenção de repreendê-Lo, querendo jogar Jesus contra a sua própria irmã Maria.
O Evangelho de Cristo realmente acrescenta ensinamentos práticos na vivência da nossa fé? O Evangelho tem força para mudar o nosso jeito de ser? A Sagrada Escritura nos afirma e nos garante essa possibilidade quanto, tomamos consciência da realidade em nós mesmos e no mundo que nos cerca; e Deus faz uma proposta para nós: é preciso arrepender-se e passar por um processo de «reconciliação» com Ele e com as pessoas. É a tal «conversão» a primeira palavra dita por Jesus, no início de seu ministério, após seu batismo. «O tempo acabou. Convertei-vos e crede no Evangelho!» (cf. Mc 1,15).

A primeira leitura nos apresenta a conclusão de uma conversa que Abraão teve com Deus. E a conclusão é esta: «Que o meu Senhor não se irrite, se eu falar» (v. 32-a). O Abraão que dialoga com Deus não é mais aquele Abraão que foi surpreendido, com a visita de Deus, quando estava deitado sob um carvalho num lugar chamado Mambré; não é mais aquele Abraão que, antes estava tão iludido com a riqueza que adquiriu com o filho obtido com a amante Agar, chamado Ismael. É outro Abraão. É uma nova pessoa, capaz agora de se compadecer dos seres humanos pecadores que viviam em duas cidades grandes e modernas: Sodoma e Gomorra.
Por isso, o texto de hoje do Genesis apresenta esse diálogo que, é mais do que uma conversa; uma conversa que mais parece uma oração em favor dos seres humanos. Essa compaixão que vem de Abraão na qual ele ousa, diante de Deus, vem da sua consciência de sua própria condição de pecador.
São as palavras do Salmo 137 que nos dá o espírito e a espiritualidade da conversa de Abraão; parece que os grandes homens e mulheres, os heróis do povo e da Bíblia, são capazes de sentir compaixão e acabam tendo consciência da importância em «agradecer», em ser gratos para com Deus. «Ó Senhor, de coração eu vos dou graças» (v. 1). O agradecimento pleno a Deus nos ensinou Jesus, séculos mais tarde, acontece diante da presença de Cristo na Palavra e na Eucaristia (do grego, «agradecer», «ação de graças»).

Os ensinamentos práticos de Paulo, na segunda leitura, em sua carta aos Colossenses, nos dão a idéia de ele também, chamado por Cristo Ressuscitado para ser Apóstolo da Igreja, também passou por um duríssimo processo de conversão. A todos nós, que recebemos o único e verdadeiro Batismo da Igreja, não pertencemos mais àquela antiga humanidade pecadora. «Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo» (v. 13-c), insiste Paulo para a comunidade. É um trecho em sua carta escrito em forma litúrgica, de prece.
Paulo reza com a Igreja. Essa prece litúrgica tem como ponto de partida o «primado de Cristo» na salvação dos homens. «Com Cristo fostes sepultados no batismo; com ele também fostes ressuscitados por meio da fé no poder de Deus, que ressuscitou a Cristo dentre os mortos» (v. 12). E Paulo essa oração concluindo, na leitura de hoje, que tudo se realizou em virtude do suplício de Cristo na cruz. «Existia contra nós uma conta a ser paga, mas ele a cancelou, apesar das obrigações legais, e a eliminou, pregando-a na cruz» (v. 14).

No Evangelho de Lucas (11,1-13), o evangelista continua a nos oferecer ensinamentos a respeito da caminhada realizada por Jesus; depois de acumular decepções com o Doutor da Lei e com Marta, aos quais Ele constrói críticas construtivas, pois no fundo do coração Ele ama essas pessoas, Ele agora atende um pedido de seus discípulos.
Os discípulos que presenciaram a tristeza na face de Jesus e o vê se dirigindo para um lugar deserto para rezar; eles fazem um pedido para Ele. «Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um dos seus discípulos pediu-lhe: Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos» (v. 1).
E Jesus ensina a mais bela oração para a comunidade; é o «Pai-Nosso». «Jesus respondeu: Quando rezardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação» (v. 2-4). No Novo Testamento encontramos 2 versões para o «Pai-Nosso»; a primeira está em Mt 6, 9-13 e a segunda está em Lc no texto de hoje. Em Mateus o «Pai-Nosso» é mais comprido, pois na comunidade de Mateus, que era formado pela maioria de judeus convertidos ao Cristianismo, era um povo acostumado à oração. Na comunidade de Lucas era o contrário, é uma versão mais curta. O motivo é a de que maioria dos membros da sua comunidade era formada por pagãos convertidos ao Cristianismo.
As duas versões têm o mesmo conteúdo, porém, numa forma de linguagem diferente. Os evangelistas revelam que Jesus tinha uma pedagogia para falar a respeito de Deus. Quem já é da Igreja e é participante ativo não tem preguiça de rezar; agora quem vive afastado da Igreja e aparece de vez em quando, tem certas dificuldades de convivência e de adaptação, até mesmo para rezar.
A seguir ele revela a face e o jeito do ser humano ser. Mas, revela também o jeito chato e carrancudo, mal-humorado daqueles que são participantes ativos da comunidade. Ele narra uma «quase-parábola», na verdade uma «alegoria», algo que para ilustrar o significado do Pai-Nosso. É a alegoria do «vizinho que está em apuros», passando por uma necessidade: a fome. Nós somos o vizinho chato e carrancudo, que já está dentro de casa, pronto para ir dormir e que se sente incomodado com o outro que bate à porta.
O vizinho recebe a visita de um amigo, mas, como é pobre, não tem nada para oferecer. «Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer» (v. 5-6). No fundo todos nós somos um pouco o vizinho que não quer abrir a porta para atender o outro que está necessitando. Por isso, às vezes, pessoas que são melhores do que nós se afastam da Igreja, da comunidade, pois não sabemos «acolher» e pior, não sabemos «ouvir». No fundo somos o tal «doutor da Lei» e a tal da Marta que causou sofrimentos a Jesus.
E a mensagem final de Jesus vai para aquele que está em apuros. E a mensagem é essa: insista, não desanime. «Pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá» (v. 9-10).
E nos transmite um ensinamento cheio de olhar amoroso, para nós que somos ativos membros da Igreja: olhem para vocês mesmos e vejam como vocês agem na vida do dia-a-dia. «Será que algum de vós, que é pai, se o filho lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem» (v. 11-13).
(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 25/7/2010)

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