Apresentação MEJ Brasil - 1º Congresso Mundial do MEJ - 2012

Hino do Congresso Internacional do MEJ 2012 Argentina - Escute aqui!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A voz do nosso paróco

1º. Domingo do Advento – Ano B – 27 de novembro de 2011.
Textos:
Is 63, 16-b-17.19-b;64,1-c-7; Salmo 79; 1Cor 1,3-9; Mc 13, 33-37.

Irmãos e irmãs:

«Ao Rei dos séculos,
imortal, invisível,
Deus único,
honra e glória
pelos séculos dos séculos!
Amém!»
(«Oração das primeiras gerações cristãs» in «Oração dos primeiros cristãos». Ed. Paulinas. Col. «A oração dos pobres». 1985).


         Iniciamos hoje o novo ano da liturgia. É o ano centrado na meditação e reflexão do Evangelho de São Marcos, o primeiro dos 4 evangelhos escritos. Foi escrito por um discípulo de São Pedro: o jovem João Marcos. Marcos acompanhou Pedro nas suas viagens missionárias e foi catequizado por ele. Recebeu de Pedro o Sacramento do Batismo. Os fiéis das comunidades pediram a Marcos que escrevesse os ensinamentos de Pedro, pois esses vinham do próprio Cristo, em forma de Evangelho para que esses ensinamentos fossem perpétuos. A tradição diz que Marcos escreveu seu evangelho numa cidade chamada Aquiléia, onde teria sido enviado por Pedro para formar comunidades e evangelizar o povo. Aquiléia é uma cidade da província de Udine, no norte da Itália; ela faz fronteira com a Áustria e a Eslovênia.
         A tradição conta que Marcos era um jovem que tinha o dom da eloquência, sabia falar muito bem, e era possuidor de uma inteligência invejável. Mas, era uma pessoa muito humilde. Pedro queria ordená-lo sacerdote, mas, ele não se achava digno. Dizem até que Marcos cortou um dos polegares para evitar que isso acontecesse. Mas, a vontade de seu padrinho, o apóstolo Pedro, venceu. Marcos foi escolhido para bispo de Alexandria. Na posse como bispo, Marcos realizou o milagre da cura da mão do sapateiro da cidade. Foi martirizado e sepultado em Alexandria. Mais tarde seu corpo fora transportado para Veneza, na Itália, onde permanece até hoje. No Livro do apocalipse, Marcos é o evangelista representado pelo leão.
        
        
         A primeira leitura do livro do profeta Isaías nos convida a todos a saborear a mensagem consoladora da Palavra de Deus reconhecendo a paternidade de Deus. «Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor; eterno é o teu nome» (v. 16b). Ela nos introduz na centralidade da mensagem de Cristo que um dia ensinou seus discípulos a rezar chamando Deus de «Pai». O povo reconhece quem é Deus. Após todo o sofrimento do exílio o povo judeu quer ainda confiar naquele que o «modelou». «Assim mesmo, Senhor, tu és nosso pai, somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos» (v. 7, do cap. 64).

         Amados irmãos e irmãs:

         Essa mensagem do profeta Isaías no primeiro domingo do Advento é fundamental para nós. Nós que temos consciência da nossa missão nesse mundo não podemos nunca nos esquecer de que Deus é Pai de todos e ama e cuida com ternura e carinho de todos. Precisamos sentir em nossas vidas esse carinho e essa ternura de Deus. Precisamos anunciar às pessoas afastadas da comunidade para que elas se voltem para Deus e retornem à comunidade. Amparadas em nossa palavra de fé, elas precisam de conversão, ou seja, também ter a mesma consciência nossa da necessidade de praticar os mandamentos de Cristo.
         É com imensa afeição que saúdo os nossos valentes e perseverantes animadores de grupos de rua e os coordenadores de grupos da paróquia que nesse tempo do advento e do Natal levam a palavra de Cristo e a imagem do Menino Jesus na manjedoura até as casas das pessoas. Para eles nós dizemos as mesmas palavras do apóstolo Paulo, na segunda leitura, da 1ª. Carta aos Coríntios: «Graça e paz para vós, da parte de Deus, nosso pai, e do Senhor Jesus Cristo» (v.3).
         A nossa ação missionária e evangelizadora confirma a nossa fé e o nosso testemunho.«Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós» (v. 4b). Quando evangelizamos nos preparamos para o encontro definitivo com Deus, na sua vinda, no seu Advento. Evangelizamos por causa da expectativa da sua chegada, do seu «Dia». Queremos  que nossos ouvidos ouçam as palavras abençoadas da boca do Cristo: «Vinde, benditos de meu Pai» (cf. Mt 25, 34).
         Deus nos quer irrepreensíveis na fidelidade e perseverantes na fé. Ele sempre nos dá a coragem necessária para enfrentar todas as dificuldades que encontramos na Igreja e fora dela. «É ele também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até o fim, até o dia de nosso Senhor, Jesus Cristo» (v. 8). Paulo nos lembra que Deus é fiel ao seu projeto.

         No Evangelho de Marcos, cap. 13, versículos 33 a 37, o Cristo nos adverte para não cairmos na tentação do desânimo, do cansaço. «Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento» (v. 33). Toda a humanidade caminha, com confiança, ao encontro do Senhor. Não sabemos quando o Senhor irá pedir contas do nosso serviço que ele nos deixou em nossas mãos. É uma espécie de continuação do «5º. Sermão do Fim do Mundo», que meditamos domingo passado, em Mateus.
         Como os apóstolos nós também encontramos muitas dificuldades nesse mundo e na Igreja que, muitas vezes, podem nos desanimar. O «não» que ouvimos de uma pessoa que queremos bem e consideramos nosso amigo causa-nos certa tristeza no coração, certa decepção. A falta de fidelidade das pessoas para com a causa da evangelização e para com a obra da Igreja dá-nos essa sensação. A palavra de Cristo deve despertar-nos: «Vigiai!» (v. 37).
         Nossa falta de fidelidade para com a evangelização e para com a obra da Igreja é um desrespeito a Deus. Ele confia tanto em nós que pede a nossa colaboração para que, inseridos na realidade desse mundo, tenhamos a coragem de transformá-lo. A salvação não vem só do lado de Deus.
        
Caríssimos irmãos e irmãs:

         A Igreja entra neste fim de semana no tempo litúrgico do Advento. Os cristãos proclamam que o Messias veio realmente e que o Reino de Deus está ao nosso alcance. O Advento não muda Deus. O Advento aprofunda em nosso desejo e em nossa espera que Deus realize o que os profetas anunciaram. Rezamos para que Deus ceda à nossa necessidade de ver e sentir a promessa de salvação aqui e agora.
         O Advento nos recorda que temos de estar prontos para encontrar o Senhor em todos os momentos da nossa vida. Como um despertador acorda seu proprietário, o Advento desperta os cristãos que correm o risco de dormir na vida diária.
         O Advento é um período para abrir os olhos, voltar a centrar-se, prestar atenção, tomar consciência da presença de Deus no mundo e em nossas vidas.
         Neste primeiro domingo do Advento, na primeira leitura do profeta Isaías, o Todo-Poderoso volta a dar esperança ao coração e à alma de Israel; modela Israel como o faz o oleiro com a cerâmica.
         Na segunda leitura, em sua carta à comunidade amada de Corinto, Paulo diz que espera com impaciência «o dia do Senhor», no qual o Senhor Jesus se revelará a nós para salvar aqueles a quem chamou.
         No Evangelho do primeiro domingo do Advento, Marcos descreve o porteiro da casa que vela em espera do regresso inesperado de seu senhor. Trata-se de uma imagem do que temos de fazer durante todo o ano, mas especialmente durante o período do Advento.
         Nosso Batismo nos faz participar da missão real e messiânica de Jesus. Cada pessoa que participa desta missão participa também das responsabilidades régias, em particular, no cuidado dos afligidos e dos feridos. O Advento oferece a maravilhosa oportunidade de realizar as promessas e o compromisso do nosso Batismo.
         Neste tempo do Advento, permitam-me apresentar-lhes algumas sugestões. Acabem com uma briga. Façam a paz. Procurem um amigo esquecido. Eliminem a suspeita e substituam-na pela confiança. Escrevam uma carta de amor.
         Compartilhem um tesouro. Respondam com doçura, ainda que desejassem dar uma resposta ríspida. Motivem um jovem a ter confiança nele mesmo. Mantenham uma promessa. Encontrem tempo, deem-se tempo. Não guardem rancor. Perdoem o inimigo. Celebrem o sacramento da reconciliação. Escutem mais os outros. Peçam perdão quando se equivocam.     Sejam gentis, ainda que não tenham feito nada errado! Procurem compreender. Não sejam invejosos. Pensem antes no outro.
         Riam um pouco. Riam um pouco mais. Ganhem a confiança dos outros. Oponham-se à maldade. Sejam agradecidos. Vão à Igreja. Fiquem na igreja mais do que o tempo acostumado.       Alegrem o coração de uma criança. Contemplem a beleza e a maravilha da terra. Expressem seu amor. Voltem a expressá-lo. Expressem-no mais forte. Expressem-no serenamente.
         Alegrem-se, porque o Senhor está próximo.

(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 27/11/2011)

domingo, 20 de novembro de 2011

A voz do nosso paróco

34º. Domingo do Tempo Comum
Jesus Cristo – Rei do Universo – Ano A – 20 de novembro de 2011
Textos:
Ez 34, 11-12.15-17; Salmo 22; 1Cor 15,20-26.28; Mt 25, 31-46.


«Igreja – Povo de Deus – em movimento!»

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


         Celebramos hoje o dia de Cristo-Rei. Essa celebração marca o que se chama de «fim». Essa palavra não tem sentido cronológico, mas teológico. É somente nessa perspectiva que podemos nos distanciar de um entendimento fundamentalista e apologeta, pois o fundamentalismo e a apologética nos conduz a uma reflexão distante da «teologia da história». Quando nos distanciamos da teologia da história mergulhamos numa compreensão fanática e fechada da fé cristã e da pessoa de Jesus Cristo.

         A primeira leitura proclamada é a do profeta Ezequiel. O capítulo 34 é uma mensagem profética anunciada por Deus contra os maus pastores da comunidade de Israel que, constituíram as raízes no longo período de gestação da futura comunidade cristã: a Igreja. O profeta anuncia e denuncia. Anúncio e denúncia que devem ser lembrados permanentemente na vida comunitária. Quase sempre a comunidade se afasta dos excluídos da sociedade e da religião. Não foi o que fez Jesus. «Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor» (Mt 9, 36).
         É sempre um perigo quando a comunidade se fecha em si mesma.  «Assim diz o Senhor Deus: Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas» (v. 11). Essa decisão de Deus significa e revela o fracasso da ação dos sacerdotes, profetas e pastores do Antigo Testamento. Eles fracassaram porque abandonaram o antigo Povo de Deus e transformaram o poder sacerdotal e profético num ministério que estava somente a serviço dos grandes e dos poderosos. O que motivou esse distanciamento foi a ganância pelo dinheiro e pela política. Por isso também o profeta Jeremias, no capítulo 23, quase um século antes de Ezequiel, durante o Exilio na Babilônia, diante da traição dos governantes (que eram chamados de «pastores») de Israel, profetizou: «Ai dos governantes, pastores que destroem e dispersam o rebanho da minha pastagem! Por isso, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, contra os pastores: Vós, que governais meu povo, dispersastes minhas ovelhas, expulsaste-as e delas não cuidastes. Pois agora sou eu quem vai cuidar de vós, pedir contas da maldade que praticastes. Eu mesmo vou reunir o resto de minhas ovelhas de todos os países...» (Jr 23, 1-3). Vejam a semelhança entre o que Jeremias diz e o que Ezequiel diz. «Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repousar — oráculo do Senhor Deus. Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito» (v. 15-16).

         A segunda leitura é da 1Cor, capítulo 15. É praticante o final da carta. E o tema final é sobre a realidade da ressurreição de Jesus, o Cristo. Para Paulo falar do Ressuscitado na vida do cristão, ele ocupa seu tempo para falar dos problemas internos da vida da Igreja. As vezes a Igreja passa por divisões, ocorrem abusos de todo tipo, seja no governo da Igreja, seja na liturgia, seja no uso errado dos ministérios. Quase sempre a origem dos problemas da Igreja está no exagero, seja no governo, seja na liturgia, seja nos ministérios. Mas, para Paulo todos esses problemas podem ser superados. Essa superação deve precedida da consciência de nossa fragilidade que as vezes está no que pensamos ser fortaleza. Por isso, antecede a reflexão da ressurreição o belíssimo capítulo 13 da 1Cor. Ele nos ensina que acima de todos os poderes humanos e espirituais está a caridade, a prática do amor. Quem não ama, ainda que tenha poder, no fundo não possui nada. Quem não ama, ainda que tenha dons extraordinários, no fundo não possui nada.

         O Evangelho de Mateus, capítulo 25, nos relata o 5º. Sermão de Jesus, com qual encerramos o ano litúrgico. É um sermão cujo conteúdo é o «fim do mundo». A reflexão desse sermão está disposto no evangelho Mateus em 2 capítulos (cf. Mt 24 e 25). Momentos antes de sua morte e ressurreição, Jesus faz alguns pedidos aos discípulos e missionários Dele. Mas, Ele fala tudo em forma de parábola. Sabemos que Jesus ao falar nessa forma, quis se fazer compreender; Ele utiliza imagens do cotidiano da vida.
         O primeiro pedido que Ele nos faz: não ser relaxado na fé. É preciso estar sempre vigilante (cf. Mt 25,1-13) e, sobretudo, não enterrar os dons que Deus nos dá para servir a Igreja; também não podemos desistir na luta por um mundo mais justos e fraterno (cf. Mt 25,14-30).
         Todas essas parábolas fazem parte do que se chama «Sermão do Fim do mundo». A última parábola é proclamada hoje.
         Inspirado no livro da Lei e nos Profetas (Ezequiel e Daniel) esse Sermão aparece também no livro do Apocalipse (20,10), onde João diz que só as pessoas de fé, as que não são relaxadas com a própria fé e as que não abandonam o compromisso com a Igreja, poderão ver a derrota final do Diabo e dos seus seguidores. «Eles serão jogados no lago de fogo e enxofre e serão atormentados dia e noite para sempre» (cf. Ap 20,10).
         É preciso tomar cuidado. Muitos não enxergam a presença de Jesus Ressuscitado neste mundo. Por isso, agem como as virgens descuidadas da parábola.
         Resumindo o Sermão do Fim do Mundo se divide em 2 comportamentos dos cristãos. Mateus utiliza a expressão grega «panta to ethne» [έθνη να panta],que ao mesmo significa reunião de todos os povos, mas a própria palavra indica um tipo de comportamento ÉTICO.
         O primeiro comportamento é daqueles vivem conforme Jesus queria. «Eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar» (v. 35).  Eles não se perderam no caminho após a morte de Cristo na cruz. Não se deixaram vencer pela decepção e nem pelo desanimo. «Vinde benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo!» (25, 34).
         O segundo comportamento é daqueles que não vivem conforme Jesus queria. «‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos?’» (v. 37). A pergunta desse segundo grupo tem uma conotação de ingenuidade e inocência como a do primeiro grupo. Mas, Jesus revela a diferença. «‘Em verdade eu vos digo: todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!’» (v.40).
         No Dia de Cristo Rei, tomemos consciência da responsabilidade que temos para com a Igreja e para com a sociedade. Seja a nossa marca a fé perseverante, ativa, participante. Uma fé que não é preguiçosa. Uma fé que enche nosso coração de generosidade em todos os momentos.

        

Caríssimos:

         Hoje, Dia de Cristo Rei, dia dos leigos e leigas, não sem razão celebramos a Primeira Comunhão dessas crianças e jovens. Jesus Cristo as chamou a mergulharem na fé católica pelo sacramento do Batismo, no Espírito Santo, e a partir de hoje, as convida permanentemente a ocuparem um lugar preparado por Deus à mesa do Senhor, através da Eucaristia, para uma «ação de graças». Aos catequistas da paróquia nossa gratidão pelo esforço, apesar das fragilidades em nossa caminhada. Aos pais e mães, às famílias dessas crianças, rogamos ânimo, fé perseverante na continuidade na formação permanente desses jovens. A família vive hoje situações de confusão que vocês bem sabem. Mas, devemos aprender sempre que Deus nunca nos deixa só e nunca nos desampara.

(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 20/11/2011)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A voz do nosso paróco

33º. Domingo do Tempo Comum – Ano A – 13 de novembro de 2011

Textos:
Pr 31,10-13. 19-20.30-31; Salmo 127  ; 1Ts 5,1-6; Mt 25, 14-30.

      A primeira leitura é do livro da Sabedoria, capítulo 31. O livro quer apresentar a Sabedoria de Deus e como devemos vivê-la. Para facilitar nossa compreensão, o autor personifica a sabedoria na figura de uma «mulher». Esse poema fala de uma mulher ideal. O texto completo a descreve como aquela que possui tino comercial: é excelente dona de casa e também comerciante; se encontra um tempinho para sentar, é para confeccionar tecidos com as próprias mãos (vv. 13.19); vende o que produziu e, com o dinheiro, faz a feira, compra terras e planta vinhas; encarrega os empregados de fazer o que ela não consegue realizar pessoalmente; preocupa-se com o bem-estar de seus empregados e não se esquece de abrir suas mãos ao necessitado e de estender suas mãos ao pobre (v. 20). Em síntese, uma mulher capaz de fazer tudo e sempre disposta a trabalhar. E o marido dela? E os filhos? O marido é conselheiro da cidade, e todos o respeitam por ter uma mulher tão trabalhadora e eficiente. O povo da cidade até mudou de idéia em relação aos padrões femininos: o que importa não é a beleza e o charme da mulher (v. 30a); o que conta é sua capacidade de executar competentemente as mais variadas tarefas, inclusive as que eram confiadas ao homem. O autor, todavia, não deixa de sublinhar que, acima de tudo, está o temor do Senhor (v. 30b).
     
      Na segunda leitura, da primeira carta aos tessalonicenses, capítulo 5º., é um dos raros textos em que Paulo cita palavras da tradição dos evangelhos. «O dia do Senhor vem como um ladrão de noite» lembrando Mateus 24: «Quando as pessoas disserem «paz e segurança», então de repente sobrevirá a destruição» (v. 3) e em Lc 21: «como as dores de parto sobre a mulher grávida» (v. 3b). Paulo descreve aqui a existência completamente iluminada pela proximidade do Senhor. Novamente observamos que a iminência do último dia é descrita muito mais em termos de luz do que de ameaça. Para Paulo a vigilância necessária que o cristão deve viver só pode acontecer se ele for iluminado pela luz de Cristo. «Mas vós, meus irmãos, não estais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão» (v.4).  O próprio Cristo lembrou-nos que não podemos viver distraídos com qualquer coisa. «Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia» (v.5).

      O evangelho de Mateus nos apresenta a parábola dos talentos. Assim como na parábola das virgens o noivo demorava a chegar, também na parábola dos talentos o proprietário fica muito tempo fora e volta de surpresa. Para os primeiros cristãos o retorno de Cristo seria breve. Por isso vivia uma certeza: era preciso fazer frutificar os dons que Deus havia lhes dado e não enterra-los.
       A parábola se refere ao tempo que se chama hoje em vista do amanhã. O que fazer enquanto o noivo ou o patrão não chegar? (cf. v. 19)? Lembremos que os nossos dias são tempos de espera ativa que provoca a vinda do Senhor. Quando virá? Quando acontecerá o Reino? Quando a justiça tiver permeado a vida das pessoas e da sociedade como um todo.
O patrão da parábola é o próprio Deus. Ele nos confiou seus bens (v. 14), a cada um segundo sua capacidade: “A um deu cinco talentos, a outro dois, e um ao terceiro” (v. 15a). Quais são os bens que Deus nos confiou? Nada mais nada menos que o Reino: “Felizes os pobres em espírito… felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu” (5, 3.10). A parábola, portanto, quer mostrar como devem agir os que se sentem responsáveis pelo Reino de justiça trazido por Jesus e o que vai acontecer com eles na hora do acerto de contas, na volta do patrão (v. 19).
      O acerto de contas esclarece a questão dos méritos: aquele que recebeu cinco talentos e com eles lucrou mais cinco (v. 20) não é mais importante daquele que recebeu dois e lucrou com eles mais dois (v. 22), pois ambos recebem a mesma resposta do patrão: “Muito bem, empregado bom e fiel! Como você foi fiel na administração de tão pouco, eu lhe confiarei muito mais. Venha participar da minha alegria!” (vv. 21.23). O patrão não discrimina nem estabelece graus de premiação. Nós estamos habituados a avaliar as pessoas a partir da posição que ocupam na sociedade e na Igreja, e até criamos títulos para as pessoas importantes. Deus, ao contrário, chama de “empregado bom e fiel” a todos os que lutam pela justiça do Reino…
      A parábola nos fala também do medo do risco e da busca de seguranças. É o caso do empregado que recebeu só um talento (v. 24a). O medo do risco nos paralisa faz a gente projetar uma imagem falsa de Deus: “Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence” (vv. 24b-25). Naquele tempo, esconder dinheiro no chão era a maneira mais segura de guardá-lo. Esse empregado buscava seguranças na luta pela justiça que provoca a vinda do Reino. Era mais fácil e cômodo enterrar o talento do que investir (cf. v. 17). A parábola não fala do risco enfrentado pelos empregados que receberam cinco e dois talentos, mas o risco existia, e ainda existe. Basta pensarmos nos desafios que a justiça do Reino proporciona aos que lutam por ela em nossos dias… A busca de segurança faz pensar nos conservadores do tempo de Jesus e de hoje. No tempo de Jesus, a onda conservadora era provocada pelos doutores da Lei e fariseus, e a “justiça” deles impedia o acesso ao Reino do Céu (cf. 5,20). E hoje, quando os desafios da justiça são mais graves, o que ganhamos? O empregado “conservador” criou uma teologia própria, fazendo de Deus um patrão cruel, um ídolo. E hoje, projetamos imagens distorcidas de Deus? Não nos esqueçamos de que o patrão chama de “mau, preguiçoso e inútil” (vv. 26.30) àquele que, com medo do risco e buscando seguranças, enterrou parte dos bens de Deus!
      A parábola mostra a grandeza e a fragilidade de Deus. Sua grandeza está em “entregar seus bens” às pessoas. Nada retém para si. Tudo o que tem (os oito talentos da parábola) é entregue. Sua fragilidade apresenta-se em forma de risco. De fato, falando com o empregado mau e preguiçoso, dá a entender que conhecia o modo certo de multiplicar seus bens sem a colaboração das pessoas: “Você devia ter depositado meu dinheiro no banco, para que, na volta, eu recebesse com juros o que me pertence” (v. 27). Bem que o empregado mau poderia ter-lhe respondido: “E por que você próprio não fez isso?” A resposta parece evidente na parábola: Confiando nas pessoas, Deus arrisca perder. (Será que não sabe que irá perder?) Contudo, confia e entrega. Sua fragilidade ressalta sua grandeza.
      Em Mt 21,43 Jesus dizia às autoridades: “O Reino de Deus será tirado de vocês, e será entregue a uma nação que produzirá seus frutos”. Na parábola de hoje o patrão ordena que tirem do empregado mau e preguiçoso o talento e o dêem àquele que tem dez (v. 28), e explica: “Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado” (v. 29). E manda expulsá-lo (v. 40). Na parábola dos vinhateiros assassinos Jesus se dirigia aos líderes. Hoje ele fala aos discípulos, sinal de que nós também podemos estar entre os que mantêm e defendem a sociedade injusta.

(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 13/11/2011)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

BAZAR BENEFICENTE PAROQUIAL

Acontece neste final de semana um 
Bazar Beneficente na Paróquia São Francisco de Assis. 


Participe!!!!


Local:
Salão de Festas da Paróquia São Francisco de Assis
Praça Porto Ferreira, 54 - Vila Guilhermina - São Paulo - SP


Data e Horário:

12/11 das 9 às 17h
13/11 das 8 às 13 h

Maiores informações:

Secretaria (11) 2684-9027

A dificil busca da autorrealização

“É na dimensão espiritual que emerge a questão impostergável: que sentido tem, afinal, minha vida e o inteiro universo?”

Hoje, vigora vastamente uma erosão de valores éticos que normalmente eram vividos e transmitidos pela família e depois pela escola e pela sociedade. Essa erosão fez com que as estrelas-guia do céu da ética ficassem encobertas por nuvens de interesses danosos para a sociedade e para o futuro da vida e do equilíbrio da Terra.
Não obstante esta obscuridade, importa reconhecer também a emergência de novos valores ligados à solidariedade internacional, ao cuidado para com a natureza, à transparência nas relações sociais e à rejeição de formas de violência política repressiva e da transgressão dos direitos humanos. Mas nem por isso diminuiu a crise de valores, especialmente no campo da economia de mercado e das finanças especulativas, que são as instâncias que definem os rumos do mundo e o dia-a-dia dos assalariados, vivendo sob permanente ameaça de desemprego.
As crises recentes denunciaram máfias de especuladores instaladas nas bolsas e nos grandes bancos, cujo volume de rapinagem de dinheiros alheios quase levou à derrocada todo o sistema financeiro mundial. Ao invés de estarem na cadeia, depois de pequenos rearranjos, tais velhacos voltaram ao antigo vício da especulação e do jogo de apropriação indébita dos commons, dos bens comuns da humanidade (água, sementes, solos, energia etc).
Esta atmosfera de anomia e de vale-tudo que se espraia também na política, faz com que o sentido ético fique embotado e as pessoas, diante da geral corrupção, se sintam impotentes e condenadas à amargura ácida e à resignação humilhante. Neste contexto, muitos buscam sentido na literatura de auto-ajuda, feita de cacos de psicologia, de sabedoria oriental, de espiritualidade com receitas para a felicidade completa, ilusória, porque não se sustenta nem se apoia num sentido realista e contraditório da realidade. Outros procuram psicólogos e psicanalistas que recebem dicas melhor fundadas. Mas, no fundo, tudo termina com os seguintes conselhos: “Dada a falência das instâncias criadoras de sentido, como as religiões e as filosofias, devido à confusão de visões de mundo, da relativização de valores e do vazio de sentido existencial, procure você mesmo seu caminho, trabalhe seu Eu profundo, estabeleça você mesmo referências éticas que orientem sua vida e busque sua autorrealização. “Autorrealização”: eis uma palavra mágica, carregada de promessas.
Não serei eu que vou combater a “autorrealização” depois de escrever A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana(Vozes 1999), livro que estimula as pessoas a encontrarem em si mesmas as razões de uma autorrealização sensata. Esta resulta da sábia combinação da dimensão de águia e da de galinha. Quando devo ser galinha, quer dizer, concreto, atento aos desafios do cotidiano, e quando devo ser águia, que busca voar alto para, em liberdade, realizar potencialidades escondidas. Ao articular tais dimensões, cria-se a possibilidade de uma autorrealização bem sucedida.
Penso que essa autorrealização só se consegue ao se incorporar seriamente três outras dimensões. A primeira é a dimensão de sombra. Cada um possui seu lado autocentrado, arrogante e com outras limitações que não nos enobrecem. Essa dimensão não é defeito, mas marca de nossa condição humana, feita da união dos contrários. Acolher tal sombra, cuidar que seus efeitos maléficos não atinjam os outros, nos faz humildes, compreensivos das sombras alheias e nos permite uma experiência humana mais completa e integrada.
A segunda dimensão é a relação com os outros, aberta, sincera e feita de trocas enriquecedoras. Somos seres de relação. Não há nenhuma autorrealização cortando os laços com os demais.
A terceira dimensão é alimentar certo nível de espiritualidade. Com isso, não quero dizer que a pessoa deva se inscrever em alguma confissão religiosa. Pode até ocorrer, mas não é imprescindível. O importante é abrir-se ao capital humano/espiritual que, ao contrário do capital material, é ilimitado e feito de valores como a verdade, a justiça, a solidariedade e o amor. É nessa dimensão que emerge a questão impostergável: que sentido tem, afinal, minha vida e o inteiro universo? Que posso esperar? A volta ao pó cósmico ou ao abrigo num Útero divino que me acolhe assim como sou?
Se esta última for a resposta, a autorrealização  traz profundidade e uma felicidade íntima que ninguém  pode tirar.
Autor:
* Doutor em Teologia e Filosofia pela Universidade de Munique, nasceu em 1938. Foi um dos formuladores da “teologia da libertação”. Autor do livro Igreja: carisma e poder, de 1984, que sofreu um processo judicial no ex-Santo Oficio, em Roma, sob o cardeal Ratzinger. Participou da redação da Carta da Terra e é autor de mais de 80 livros nas várias áreas das ciências humanísticas.

sábado, 5 de novembro de 2011

A voz do nosso paróco


32º Domingo do Tempo Comum – Ano A – 6 de novembro de 2011
Solenidade de Todos os Santos

Textos:
Ap 7, 2-4.9; Salmo 23; 1Jo 3,1-3; Mt 5,1-12-a.

      Quando fazemos nossa profissão de fé dizemos que cremos na «comunhão dos santos».  A comunhão dos santos faz parte da Igreja. A Igreja é a assembléia de todos os que formam o Corpo Místico de Cristo. Os membros do corpo se ajudam e todos se beneficiam com essa comunhão, comparou um dia o apóstolo Paulo, na 1ª. Carta aos coríntios, capítulo 12. «Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; diversidade de Ministérios, mas o Senhor é o mesmo; diversidade de modos de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito Santo para o bem de todos».
      Comunhão é amor. Quando os membros de uma comunidade estão em comunhão eles demonstram amor pela comunidade, apesar de suas diferenças. «Alegrai-vos com os que estão alegres e chorai com os que choram» escreveu o apóstolo Paulo na carta aos Romanos, cap. 12, 15. O menor ato de caridade irradia uma luz, que gera comunhão, e que beneficia a todos.
     
     
      No Evangelho de Mateus ouvimos as «bem-aventuranças». Elas foram declaradas por Cristo no alto de uma montanha. Elas anunciam a chegada do projeto de Deus aos homens, em Cristo. São Mateus adota a tradição do Antigo Testamento quando narra o momento em que Jesus fez o seu primeiro sermão chamado de «Sermão da Montanha». A tradição bíblica do AT era a de que toda vez que Deus iria anunciar alguma coisa boa Ele o fazia sempre do alto de uma montanha ou monte.
      O conteúdo do primeiro sermão são as chamadas de «bem-aventuranças»; são as leis de Cristo para sermos felizes. O sermão é composto de 9 bem-aventuranças. Mateus utiliza a palavra grega «makarioi» que na literatura grega significa «felicidade e boa sorte». Os filósofos Platão e Aristóteles utilizam essa palavra em seus escritos para saudar seus leitores. Elas devem ser vividas pelos membros da comunidade; Mateus os chama de «discípulos». São eles que se aproximam para «aprender».
      Jesus anuncia o Sermão da Montanha após ver as «multidões». Portanto, o conteúdo teórico e prático do sermão é proclamado para os de dentro da comunidade. Os participantes.
       S. Mateus gasta muitos capítulos para demonstrar a aplicação prática das «bem-aventuranças» (cf. cap. 5-7). Os participantes da comunidade devem ser «sal e luz» para o Povo de Deus; devem ser praticantes da justiça do Reino, mas devem, sobretudo ter atitudes e comportamentos segundo o espírito da Lei de Deus. O espírito da Lei está fundamentalmente em rejeitar todo tipo de morte, amar a família e não agir por instinto de vingança e repudiar todo tipo de violência, superando as inimizades e ser generoso no uso do dinheiro.
      O anúncio da chegada do projeto de Deus deve trazer para nós felicidade porque declara a amizade de Deus para conosco. Deus nos convida a sentir vontade de ser feliz, mas, seguindo fielmente os passos de Jesus. 
      As bem-aventuranças apresentam uma espécie de programa ou modo de viver de quem é cristão e católico.
     
      A segunda leitura é da primeira carta de São João, capítulo 3º. O apóstolo nos fala da nossa realidade espiritual de «filhos de Deus». «Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus» (v. 1). O apóstolo diz que a santidade vivida pelos cristãos nem sempre é reconhecida pela sociedade e pelo mundo. A vida e os atos das pessoas santas, de fato, não são compreendidos no imediato da história.  Ele diz que o verdadeiro filho de Deus vive em comunhão com o Pai e o Filho. «Todo o que espera nele, purifica-se a si mesmo como também ele é puro» (v. 3).

      O livro da Revelação, o apocalipse de São João, anuncia que temos na Igreja uma infinita quantidade de pessoas que, com suas vidas, aderiram ao projeto salvador e santificador do Cristo. «Estavam de pé diante do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas nas mãos» (v.9). Essa quantidade infinita de pessoas é representada pelos números 144 mil (12 tribos x 12.000); é um número simbólico como já estudamos tantas vezes aqui na paróquia. O anúncio ou a revelação é realizado em meio às aberturas dos 7 selos por Cristo ressuscitado. Cristo veio anunciar, com perfeição, a vontade do Pai.
      O livro do apocalipse como o texto do evangelho de hoje dão destaque aos que são perseguidos por causa da fé em Jesus Cristo. Os mártires e os santos são suas testemunhas na Terra. «O sangue dos mártires é semente de novos cristãos».
      Os santos habitam no Céu e estão muito mais próximos do «mundo» e do «corpo» de Deus Pai; eles saíram da nossa Igreja para lá viverem. Por isso, eles têm um poder de «interceder» por nós que somos da mesma Igreja que eles. Essa intimidade de vida com Deus Pai gera uma amizade que dinamiza nossa vida.

Caríssimos:

      No final de tudo queremos ao menos imitar, nos tempos de hoje, a «santidade» dos nossos irmãos cristãos e católicos do passado. Sabemos que temos essa vocação à santidade, pois, cultivamos no nosso coração um desejo muito grande de proximidade com Deus. Sabemos que Deus é o «bom». Queremos sempre ficar ao lado dele nessa vida e na outra.
      Ser santo significa ser de Deus. Não é preciso ser anjo para isso. Santidade não é angelismo. Santidade é reconhecer a presença de Deus na vida nesse mundo. «Deus amou tanto o mundo... para que todo aquele que nele crer seja salvo e não condenado» (cf. Jo 3,16). Ser santo é «procurar a Deus de coração sincero» numa vida de muita exigência porque temos consciência da nossa pertença a Deus e à sua Igreja.
      A Eucaristia, nosso agradecimento a Deus, é plenamente satisfeita perante Ele quando nós participamos de coração ouvindo atentamente da sua Palavra e da «Mesa da comunhão». Comungar significa assim realizar a comunhão entre os membros da Igreja e Deus, nosso Pai. 

(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 06/11/2011)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Jesus Christ, you are my life - JMJ Rio 2013

ASSISTAM O VÍDEO DIVULGADO SOBRE A PEREGRINAÇÃO DA CRUZ DA JMJ E DO ÍCONE DE NOSSA SENHORA PELO BRASIL

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