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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A voz do nosso paróco

33º. Domingo do Tempo Comum – Ano A – 13 de novembro de 2011

Textos:
Pr 31,10-13. 19-20.30-31; Salmo 127  ; 1Ts 5,1-6; Mt 25, 14-30.

      A primeira leitura é do livro da Sabedoria, capítulo 31. O livro quer apresentar a Sabedoria de Deus e como devemos vivê-la. Para facilitar nossa compreensão, o autor personifica a sabedoria na figura de uma «mulher». Esse poema fala de uma mulher ideal. O texto completo a descreve como aquela que possui tino comercial: é excelente dona de casa e também comerciante; se encontra um tempinho para sentar, é para confeccionar tecidos com as próprias mãos (vv. 13.19); vende o que produziu e, com o dinheiro, faz a feira, compra terras e planta vinhas; encarrega os empregados de fazer o que ela não consegue realizar pessoalmente; preocupa-se com o bem-estar de seus empregados e não se esquece de abrir suas mãos ao necessitado e de estender suas mãos ao pobre (v. 20). Em síntese, uma mulher capaz de fazer tudo e sempre disposta a trabalhar. E o marido dela? E os filhos? O marido é conselheiro da cidade, e todos o respeitam por ter uma mulher tão trabalhadora e eficiente. O povo da cidade até mudou de idéia em relação aos padrões femininos: o que importa não é a beleza e o charme da mulher (v. 30a); o que conta é sua capacidade de executar competentemente as mais variadas tarefas, inclusive as que eram confiadas ao homem. O autor, todavia, não deixa de sublinhar que, acima de tudo, está o temor do Senhor (v. 30b).
     
      Na segunda leitura, da primeira carta aos tessalonicenses, capítulo 5º., é um dos raros textos em que Paulo cita palavras da tradição dos evangelhos. «O dia do Senhor vem como um ladrão de noite» lembrando Mateus 24: «Quando as pessoas disserem «paz e segurança», então de repente sobrevirá a destruição» (v. 3) e em Lc 21: «como as dores de parto sobre a mulher grávida» (v. 3b). Paulo descreve aqui a existência completamente iluminada pela proximidade do Senhor. Novamente observamos que a iminência do último dia é descrita muito mais em termos de luz do que de ameaça. Para Paulo a vigilância necessária que o cristão deve viver só pode acontecer se ele for iluminado pela luz de Cristo. «Mas vós, meus irmãos, não estais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão» (v.4).  O próprio Cristo lembrou-nos que não podemos viver distraídos com qualquer coisa. «Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia» (v.5).

      O evangelho de Mateus nos apresenta a parábola dos talentos. Assim como na parábola das virgens o noivo demorava a chegar, também na parábola dos talentos o proprietário fica muito tempo fora e volta de surpresa. Para os primeiros cristãos o retorno de Cristo seria breve. Por isso vivia uma certeza: era preciso fazer frutificar os dons que Deus havia lhes dado e não enterra-los.
       A parábola se refere ao tempo que se chama hoje em vista do amanhã. O que fazer enquanto o noivo ou o patrão não chegar? (cf. v. 19)? Lembremos que os nossos dias são tempos de espera ativa que provoca a vinda do Senhor. Quando virá? Quando acontecerá o Reino? Quando a justiça tiver permeado a vida das pessoas e da sociedade como um todo.
O patrão da parábola é o próprio Deus. Ele nos confiou seus bens (v. 14), a cada um segundo sua capacidade: “A um deu cinco talentos, a outro dois, e um ao terceiro” (v. 15a). Quais são os bens que Deus nos confiou? Nada mais nada menos que o Reino: “Felizes os pobres em espírito… felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu” (5, 3.10). A parábola, portanto, quer mostrar como devem agir os que se sentem responsáveis pelo Reino de justiça trazido por Jesus e o que vai acontecer com eles na hora do acerto de contas, na volta do patrão (v. 19).
      O acerto de contas esclarece a questão dos méritos: aquele que recebeu cinco talentos e com eles lucrou mais cinco (v. 20) não é mais importante daquele que recebeu dois e lucrou com eles mais dois (v. 22), pois ambos recebem a mesma resposta do patrão: “Muito bem, empregado bom e fiel! Como você foi fiel na administração de tão pouco, eu lhe confiarei muito mais. Venha participar da minha alegria!” (vv. 21.23). O patrão não discrimina nem estabelece graus de premiação. Nós estamos habituados a avaliar as pessoas a partir da posição que ocupam na sociedade e na Igreja, e até criamos títulos para as pessoas importantes. Deus, ao contrário, chama de “empregado bom e fiel” a todos os que lutam pela justiça do Reino…
      A parábola nos fala também do medo do risco e da busca de seguranças. É o caso do empregado que recebeu só um talento (v. 24a). O medo do risco nos paralisa faz a gente projetar uma imagem falsa de Deus: “Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence” (vv. 24b-25). Naquele tempo, esconder dinheiro no chão era a maneira mais segura de guardá-lo. Esse empregado buscava seguranças na luta pela justiça que provoca a vinda do Reino. Era mais fácil e cômodo enterrar o talento do que investir (cf. v. 17). A parábola não fala do risco enfrentado pelos empregados que receberam cinco e dois talentos, mas o risco existia, e ainda existe. Basta pensarmos nos desafios que a justiça do Reino proporciona aos que lutam por ela em nossos dias… A busca de segurança faz pensar nos conservadores do tempo de Jesus e de hoje. No tempo de Jesus, a onda conservadora era provocada pelos doutores da Lei e fariseus, e a “justiça” deles impedia o acesso ao Reino do Céu (cf. 5,20). E hoje, quando os desafios da justiça são mais graves, o que ganhamos? O empregado “conservador” criou uma teologia própria, fazendo de Deus um patrão cruel, um ídolo. E hoje, projetamos imagens distorcidas de Deus? Não nos esqueçamos de que o patrão chama de “mau, preguiçoso e inútil” (vv. 26.30) àquele que, com medo do risco e buscando seguranças, enterrou parte dos bens de Deus!
      A parábola mostra a grandeza e a fragilidade de Deus. Sua grandeza está em “entregar seus bens” às pessoas. Nada retém para si. Tudo o que tem (os oito talentos da parábola) é entregue. Sua fragilidade apresenta-se em forma de risco. De fato, falando com o empregado mau e preguiçoso, dá a entender que conhecia o modo certo de multiplicar seus bens sem a colaboração das pessoas: “Você devia ter depositado meu dinheiro no banco, para que, na volta, eu recebesse com juros o que me pertence” (v. 27). Bem que o empregado mau poderia ter-lhe respondido: “E por que você próprio não fez isso?” A resposta parece evidente na parábola: Confiando nas pessoas, Deus arrisca perder. (Será que não sabe que irá perder?) Contudo, confia e entrega. Sua fragilidade ressalta sua grandeza.
      Em Mt 21,43 Jesus dizia às autoridades: “O Reino de Deus será tirado de vocês, e será entregue a uma nação que produzirá seus frutos”. Na parábola de hoje o patrão ordena que tirem do empregado mau e preguiçoso o talento e o dêem àquele que tem dez (v. 28), e explica: “Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado” (v. 29). E manda expulsá-lo (v. 40). Na parábola dos vinhateiros assassinos Jesus se dirigia aos líderes. Hoje ele fala aos discípulos, sinal de que nós também podemos estar entre os que mantêm e defendem a sociedade injusta.

(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 13/11/2011)

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