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domingo, 1 de agosto de 2010

A voz do nosso pároco

18º Domingo do Tempo Comum – Ano C – 1 de agosto de 2010
Textos:
Ecl 1,2;2,21-23; Salmo 89; Cl 3, 1-5.9-11; Lc 12, 13-21

Meus irmãos e irmãs:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

A primeira leitura foi extraída de um livro que faz parte do conjunto de livros chamados de «Sapienciais». É o livro do «Eclesiastes», também chamado de «Coélet». O «Coélet» era o pregador no culto na sinagoga. O livro apresenta os ensinamentos e pensamentos de uma pessoa mais velha, mais experiente na vida; a pregação é destinada às pessoas mais jovens. A autoria do Livro é atribuída a Salomão. Há uma semelhança incrível com o Livro de Jó.
Pelo contexto do livro dá para perceber que o autor combate ideias de outra cultura, diferente da judaica; trata-se provavelmente da cultura grega, que em determinado momento histórico tentou «fazer a cabeça» do povo judeu.
O livro apresenta um problema que parece ser comum a todas as culturas: os jovens tendem a esquecer dos ensinamentos dos mais velhos (ver Ecl 11,7-12,8).
Para a sabedoria bíblica, é na realidade e na experiência da vida que acontece a «revelação de Deus». O livro faz então uma espécie de critica: a sabedoria humana se apoia na «razão humana» e não na Revelação e na luz sobrenatural de Deus. Por isso, todo o livro apresenta um ácido discurso religioso que se contrapõe aos chamados «prazeres da vida».
O capítulo primeiro ensina que o mundo é uma espécie de roda; ele gira e por isso aquelas coisas que o homem julga ser importante não passa de «vaidade», que no sentido bíblico quer dizer «neblina, fumaça». Tudo acaba no que o autor chama de «suprema ilusão». «Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade» (1,2).
A parte central do livro é composta por 8 capítulos (3,1-11,6), o que sugere na «cabala» judaica a «sorte na vida» para o homem que compreende os ensinamentos desses capítulos. Depois de declarar que a ciência e o conhecimento só trazem maior dor e sofrimento ao homem (cf. 1,12-18), o autor fala da «ilusão do prazer». O que é a alegria e para que serve? O riso não seria um sinal da «loucura humana»? Pois, o homem ri da desgraça do próprio homem. É a base do humor. Para o autor não há diferença entre a pessoa sábia e a pessoa insensata, pois «o fim de ambos é o mesmo» (cf. 2,14).
O autor conclui dizendo a vida é melhor com Deus, pois a própria vida é obra da mão de Deus. Assim, o «comer e beber», o exibir os frutos do trabalho, só tem sentido quando se vê neles a presença de Deus.
Por isso, a oração de resposta à primeira leitura é o Salmo 89, que reafirma as fragilidades humanas, mas, nos anima a sentir a presença de Deus em nossas vidas; Deus é nosso único refúgio.

Na segunda leitura, na carta aos Colossenses, Paulo utiliza a mesma linguagem do tradicional pregador judaico, o «Coélet». A diferença está no fato de que o centro da vida de um cristão não são as coisas do mundo, mas, as coisas do mundo vistas na ótica da ressurreição de Cristo. «Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus» (v.1).
Enquanto o Eclesiastes faz uma dura crítica ao que Paulo chama de «homem velho», o autor da carta aos Colossenses nos diz que Cristo ressuscitou para transformar o «homem velho» em «homem novo». «Já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu Criador, em ordem ao conhecimento. Aí não se faz distinção entre judeu e grego, circunciso e incircunciso, inculto, selvagem, escravo e livre, mas Cristo é tudo em todos» (v. 9-11).

Lucas no Evangelho apresenta Jesus questionando as excessivas preocupações com as coisas do mundo. Essas preocupações exageradas atrapalham o nosso relacionamento com Deus. O próprio Jesus percebeu isso em sua caminhada, diante da recusa em segui-Lo do doutor da Lei e ao chegar à casa de Marta e perceber que ela estava mais preocupada com as coisas da casa que em parar um pouco e ouvir o que Ele tinha a dizer. «E disse-lhes: Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens» (v.15). Jesus alerta seus seguidores contra o que Ele chama de «fermento dos fariseus» (cf. Lc 12, 1-3). Diante de Deus não há espaço para uma vida e fé falsa ou uma fé dupla, pois tudo no fim acaba sendo conhecido (v. 2 e 3, do cap. 12). Mas, Jesus nos encoraja dizendo que não devemos ter medo de viver e de enfrentar os problemas. «Não tenham medo dos que matam o corpo e depois não podem fazer mais nada!» (cf. Lc 12,4). É preciso confiar em Deus e ser leal no seguimento a Jesus Cristo.
Depois do alerta contra a ganância e a confiança nos bens materiais, Jesus ilustra com a parábola do «rico insensato». A ganância e a confiança nos bens materiais conduz o homem à loucura e à insensatez. «Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!» (v. 19). O homem louco transfere a sua vida para as coisas materiais que não têm vida alguma; mas, na cabeça do louco, as coisas materiais parecem ter vida e valor. «A vida é mais que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa» (cf. Lc 12, 23).

Irmãos:
Não tenhamos ilusão. Vivemos num mundo onde o dinheiro comanda a vida das pessoas. Recentemente, a Campanha da Fraternidade alertou a sociedade brasileira sobre esse perigo. Quando examinamos a história humana podemos perceber a força do dinheiro. A própria história é dividida por «ciclos» de riqueza: pau-brasil, açúcar, café e atualmente o chamado «agronegócio», tão estimulado pelos governos nos últimos 20 anos.
O texto do evangelho de hoje começa com o relato de uma triste situação comum a todos os tempos: a briga de dois irmãos pela herança. «Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo» (v. 13). Jesus denuncia a cultura materialista sob a qual estamos todos submetidos. Por isso, a Igreja, como Jesus, propõe uma vida simples e frugal; uma vida onde o «ato de partilhar os bens» tem uma força capaz de transformar o homem para um autoconhecimento mais positivo.
Jesus nos alerta contra uma doença chamada «síndrome de Colosso»: a popular «mania de grandeza». Assim, é muito oportuna uma reflexão mais profunda da carta de Paulo aos Colossenses, habitantes de uma antiga cidade chamada «Colossos», na Ásia Menor; é a atual cidade de Honaz, na Turquia de hoje. A origem do nome «Colossos» vem de uma flor chamada «ciclame».


Texto:
Pe. Devair Carlos Poletto - 01/08/2010

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