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domingo, 19 de setembro de 2010

A voz do nosso pároco

25º Domingo do Tempo Comum - Ano C – 19 de setembro de 2010
Textos:
Am 8,4-7; Salmo 112; 1Tm 2,1-8; Lc 16,1-13


Irmãos:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


A primeira leitura é do livro do profeta Amós, capítulo 8. Amós era um homem do campo, um lavrador e era também pastor de ovelhas, numa aldeia chamada Técua, bem ao sul de Jerusalém, na província de Belém. Técua era uma região de periferia da grande cidade Jerusalém. Amós descreve a voz de Deus comparando-a como a um rugido de um leão (cf. Am 1,2). É um profeta que vai denunciar a desigualdade social, a indiferença, o luxo e a falsa segurança dos ricos. «Ouvi isto, vós, que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra» (v. 4). Amós representa o grito dos excluídos. Os excluídos que sofrem dentro da realidade trabalhadora e que rezam para Deus e através de orações, e mesmo vivendo dentro daquela realidade tão sofredora, mantinham a fé. As orações dos trabalhadores chegam até Deus e então Deus resolve chamar o sertanejo Amós para falar em seu nome. Como diz o Salmo 112: «Levanta da poeira o indigente e do lixo ele retira o pobrezinho, para fazê-lo assentar-se com os nobres, assentar-se com os nobres do seu povo». Ele anuncia a Palavra de Deus com dureza e com uma lucidez nunca vista. Deus vai mostrar a realidade para Amós através de 5 visões e Deus vai rugir feito um leão e manda Amós falar.

O interessante é quando examinamos o modo de proceder de Deus podemos perceber que Ele está sempre nos puxando para as nossas raízes e fontes. Não foi de dentro da realidade sofrida do trabalhador da cidade que Deus chamou esse profeta: foi do campo. Isso nos dá a entender que o nosso povo trabalhador e sofrido precisa resgatar as suas raízes, seus princípios de vida, e manter e conservar a sua cultura ensinada pelos pais, mesmo vivendo numa realidade adversa. E Amós vai «disparar» a Palavra de Deus para todos os lados; Amós vai denunciar os mais perversos crimes cometidos pelos povos organizados em sociedade. Ele dirá que Deus não aceita que um povo judie de outro. Deus não aceita nenhum tipo de traição. «Quando passará o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos, e adulterar balanças» (v. 5-b). Deus não gosta de um povo interesseiro. «Quando passará a lua nova, para vendermos bem a mercadoria?.» (v. 5- a). Deus não gosta de um povo que mata as crianças. «Rasgaram as barrigas das grávidas de Galaad» (Cf. Am 1,13); Deus não gosta de um povo que despreza a sua Lei. «Por causa da soberba de Jacó» (v. 7). Deus não gosta de um povo que pratica a injustiça e descamba para a imoralidade e libertinagem (cf. Am 2, 6-16).

Na segunda leitura da carta de Paulo ao «seu filho na fé» (cf. 1Tm 1,2), o Bispo de Éfeso, Timóteo, ele fala sobre a oração e sua importância. «Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens» (v. 1). Paulo escreveu várias cartas com recomendações pastorais: duas para Timóteo e uma para Tito. As recomendações eram propostas apresentadas por Paulo vindas da sua experiência como «arauto e apóstolo» (Cf. 1Tm 2,7). Não eram quaisquer propostas, mas, eram propostas vindas a partir da experiência vivida. Paulo retoma o que Amós fala em seu livro: é preciso – diante de uma crise – resgatar as raízes e as fontes. É preciso «rezar profeticamente», ou seja, a oração precisa estar imbuída de vida e experiência para chegar até Deus.

O Evangelho de Lucas narra a parábola do administrador esperto. É mais um ensinamento de Jesus. Esse ensinamento também está presente nos outros evangelhos. Jesus não elogia a desonestidade, mas quer acentuar que até as pessoas desonestas possuem uma espécie de inteligência e esperteza e se prepara para o que há de vir. A parábola é destinada aos fariseus que acompanhavam Jesus em seu caminho. Os fariseus são chamados por Lucas como «os amigos do dinheiro» (cf. Lc 16, 14). Os fariseus eram pessoas religiosas, mas Jesus revela que a religião para eles era apenas um enfeite, uma coisa de aparência, pois o verdadeiro Deus deles era o «Dinheiro», chamado de «Mâmon», a divindade pagã da prosperidade, a personificação da cobiça e da avareza, uma espécie de demônio. «Vós gostais de parecer justos diante dos outros, mas Deus conhece vossos corações» (v. 15). A mitologia descreve esse demônio como um velho feio, sujo e que carrega um saco de moedas; ele está sempre alisando as suas moedas e sempre olhando para todos os lados. Daí a conclusão: «Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz» (v. 8-b). Após narrar a parábola vem o conjunto dos ensinamentos. O primeiro é usar a riqueza e o dinheiro não para produzir injustiças no mundo, mas, usá-lo para os fins de Deus, ou seja, gerar um mundo solidário e fraterno. Mas, para isso é preciso ter atitudes éticas e morais. É preciso caráter, fidelidade. «Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes» (v. 10). O segundo, é o que nos lembrava a Campaha da Fraternidade desse ano: «Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro» (Lc 16, 13). É possível lutar e construir outro mundo mais igualitário e fraterno. Não é o dinheiro em si mesmo que é ruim, mas, o uso que o homem faz dele. «A força da grana constrói e destrói coisas belas», nos recorda Caetano Veloso naquela belíssima composição «SAMPA», feita para homenagear São Paulo, a cidade grande que é bela, mas feia ao mesmo tempo, pois explora e maltrata os pobres que vem para cá trabalhar. «Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas. Da força da grana que ergue e destrói coisas belas. Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas».


Irmãos:

Hoje, dia 19 de setembro, o Papa beatifica o cardeal John Newman, que viveu entre os anos de 1801 a 1890. Newman era anglicano e fora ordenado diácono em Oxford. Dedicou-se à Igreja Anglicana, mas não encontrou nela aquela vitalidade necessária, anunciada pelos evangelhos. Foi excluído e ridicularizado pelos anglicanos, pois iniciou um movimento para revitalizar a Igreja Anglicana, o chamado «Oxford Movement». Newman era considerado pelos intelectuais e escritores da época como um homem de grande cultura. Newman foi teólogo, escritor, filósofo, historiador e um homem de profunda espiritualidade. James Joyce, escritor irlandês, falecido em 1941 e autor de «Ulisses», chegou a dizer que ninguém na Inglaterra escrevia como Newman. Em 1845, Newman passa para a Igreja Católica e o Papa Leão XIII o torna Cardeal. Ele é admirado tanto pelos anglicanos quanto pelos católicos na Inglaterra. A sua beatificação hoje une e aproxima mais os cristãos católicos e anglicanos.
(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 19/09/2010)

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