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domingo, 26 de setembro de 2010

A voz do nosso pároco

26º. Domingo do Tempo Comum – Ano C – 26 de setembro de 2010
Textos: Am 6,1-a.4-7; Salmo 145; 1Tm 6, 11-16; Lc 16, 19-31


Estimados irmãos e irmãs:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

A primeira leitura, extraída do livro do profeta Amós, é a Palavra de Deus, a luz que conduz a nossa caminhada. «Tua Palavra é uma candeia para os meus passos guiar» recorda-nos o Salmo da Bíblia. E a Palavra de Deus hoje, nos fala sobre a irresponsabilidade dos governantes. «Ai dos que vivem despreocupadamente em Sião, os que se sentem seguros nas alturas de Samaria!» (v. 1-a). Como sabemos, Amós era lavrador e morava na longínqua periferia de Jerusalém, o centro do poder econômico e religioso.

Deus chama um pobre, simples e explorado sertanejo para ser a sua Voz. Amós não será só uma «voz», mas será o grito dos excluídos originário da garganta de Deus, visto que para Amós som da sua Palavra é como o «rugir de um leão» (cf. Am 1, 2: «O Senhor ruge em Sião, de Jerusalém faz sair o seu grito!»). A palavra de Amós relembra a palavra de outros profetas como Isaías, Ezequiel, Baruque e Zacarias. O conteúdo principal – a mensagem que está por detrás do texto profético - vem do livro do Deuteronômio, livro este que procurou interpretar os 10 mandamentos e orienta-nos a colocar os mandamentos de Deus na prática da vida em comunidade e na sociedade. Moisés sempre fazia lembrança ao Povo de Deus para que não caíssem na tentação de achar que Deus não estava presente na caminhada e na vida humana. «Talvez venhas a pensar contigo mesmo: foi minha força e o poder da minha mão que me fizeram prosperar tanto» (cf. Dt 8,17). Não podemos cair na ilusão e no esquecimento. É preciso resgatar a memória da caminhada. É preciso não esquecer os benefícios e da ação de Deus na longa estrada percorrida da vida do povo. «Toma cuidado para não esquecer o Senhor teu Deus, nem deixar de observar os mandamentos, os decretos e as leis que hoje te prescrevo. Não aconteça que, depois que se tiverem multiplicado os bois, as ovelhas e aumentado a prata, o ouro e todos os teus bens, então o orgulho te suba à cabeça e esqueças o Senhor teu Deus, que te fez sair do Egito» (Dt 8,11-14). É a partir dessa advertência, que Amós anuncia a Palavra de Deus e denuncia os erros realizados pelo homem. A Palavra de Deus nos ajuda a entender a realidade do mundo. A riqueza, o luxo, a falta de vergonha, a corrupção de alguns, é um insulto ao Povo de Deus. «Os que dormem em camas de marfim, deitam-se em almofadas, comendo cordeiros do rebanho e novilhos do seu gado» (v. 4). É preciso inteligência. Não se trata de uma palavra contra a riqueza, mas, uma palavra que adverte o mau uso da riqueza. O mau uso da riqueza pode causar uma espécie de transtorno mental e conduzir a pessoa de fé numa espiritualidade cega. «O Senhor abre os olhos aos cegos e o Senhor faz erguer-se o caído; o Senhor ama aquele que é justo» (Sl 145, 8).

Na segunda leitura, o Apóstolo Paulo aconselha a Timóteo, Bispo de Éfeso, para que sob o olhar de Cristo veja a complexidade da realidade vivida pela comunidade, imersa numa sociedade sem Deus. A Igreja que é o Povo de Deus, é formada de pessoas: sacerdotes e leigos: todos, sem distinção, pelo Batismo são «ministros servidores da Palavra de Deus que é a pessoa de Jesus Cristo, o Verbo Encarnado» e devem exercer um ministério na comunidade. Quanta responsabilidade cada um de nós temos! Somos homens e mulheres que vivemos, em sociedade, em um mundo cheio de conflitos de todos os tipos. Não podemos perder a nossa identidade e a nossa missão que nos foi entregue pelo próprio Jesus. Identidade e missão que, em si mesmas, são libertadoras. Somos uma Igreja evangelizadora e missionária e por isso, uma Igreja – toda ela – Ministério e ministerial! Por isso, Paulo aconselha Timóteo diante de uma cultura economica, política e religiosa que excluía os pobres da vida em sociedade e de uma comunidade dividida em si mesma. E o conselho pastoral é este: «Tu, que és um homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão» (v. 11). A palavra «fugir» aqui não tem o significado de alienar-se, ou fechar os olhos diante da realidade. A Palavra nos coloca como seguidor de Jesus Cristo e membro da Igreja, e portanto, devemos olhar e agir a partir dos ensinamentos de Cristo e da Igreja no mundo. As tais coisas perversas a que Paulo se refere são as pessoas que «falsificam a mensagem de Deus» e fazem da religião uma fonte de riqueza (cf. 1Tm 6, 3.5: «Se alguém transmite uma doutrina diferente e não se atém às palavras salutares de Nosso Senhor Jesus Cristo (...) e provocam discussões sem fim entre pessoas de mente corrompida, que estão privadas da verdade e consideram a piedade como uma fonte de lucro»). É preciso estar sempre vigilante, mas, ao mesmo tempo agir e atuar para transformar a sociedade para melhor. «Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e pela qual fizeste tua nobre profissão de fé diante de muitas testemunhas» (v. 12). É preciso dar um basta às «coisas perversas» ou, como diz Amós «acabar com a festa dos boas-vidas» (cf. Am 6,7).

O Evangelho de Lucas está em plena sintonia com a primeira leitura. Jesus conta a parábola do rico e do pobre Lázaro. É a continuação da reflexão do evangelho de domingo passado, onde Jesus alertava sobre o perigo de se adorar o «Dinheiro» (Mâmon, o demônio da prosperidade e da riqueza): «Vós não podeis servir a Deus e ao Dinheiro» (cf. Lc 16,13-c). A parábola está inserida dentro de um contexto de catequese para a comunidade. Apresenta um novo modo de ser e de agir do cristão, a partir das exigências que Cristo nos faz. A parábola em seu conjunto apresenta uma realidade desigual: 1 pobre sendo explorado por 6 ricos! A parábola mostra que na realidade humana a divindade do poder econômico - Mâmon – é que manda.

Na primeira parte, descreve uma situação de conflito. De um lado, um homem rico que esbanja luxo e requinte. «Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias» (v. 19); de outro, um pobre chamado Lázaro (nome que significa «Deus ajuda») que vive na completa marginalidade e excluídos de todo e qualquer direito: «estava à porta», «cheio de feridas e faminto». «Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas» (v. 20-21). O Lázaro da parábola faz lembrar o Jó do Antigo Testamento.

Na parte central, uma realidade que une os dois, o rico e o pobre Lázaro: a realidade da morte. «Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado» (v. 22).

A segunda parte da parábola nos apresenta uma situação invertida da realidade vivida por ambos na sociedade. Lázaro vai para o céu e o rico para o inferno. Jesus ensina que o mau uso da riqueza produz uma separação, um abismo, na convivência entre as pessoas. A situação invertida no mundo espiritual é gritante. O rico – que tinha sua ficha suja perante Deus - faz 2 pedidos ao tomar consciência da realidade. O rico que tinha tudo e estava acostumado a grandes banquetes, pede agora sómente uma gota de água! «Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas’» (v. 24). Por causa do abismo criado pelo mau uso da riqueza o pedido do rico é recusado. O segundo pedido é que Deus permitisse que Lázaro – o pobre que tem ficha limpa perante Deus - voltasse ao mundo para alertar os outros 5 irmãos do rico que estavam vivendo erradamente. «O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa do meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não venham também eles para este lugar de tormento’» (v. 27-28). Novamente o seu pedido é recusado e ainda por cima afirma não acreditar na Palavra de Deus, resumida na Lei e nos profetas; o rico acha que é preciso acontecer algum fenômeno sobrenatural para que seus irmãos acreditem. «O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão, mas se um dos mortos for até eles, certamente vão se converter’» (v. 30). A resposta é taxativa: a ressurreição de um morto não será capaz de sensibilizar o coração dos irmãos ricos, já que nem sensibilidade e respeito pela Palavra de Deus eles tem. Testemunho de morto não vale nada. Testemunho autêntico e verdadeiro se dá na vida.
(Texto: Pe Devair Carlos Poletto -26/09/2010)

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