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domingo, 12 de setembro de 2010

A voz do nosso pároco

24º. Domingo do Tempo Comum – Ano C – 12 de setembro de 2010

Textos: Ex 32,7-11.13-14; Salmo 50; 1Tm 1,12-17; Lc 15, 1-32

Irmãos:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

A primeira leitura é do essencial livro do Êxodo, capítulo 32. O livro do Êxodo é fundamental para compreendermos o Antigo Testamento. O livro do êxodo é praticante o que se chama de «chave de leitura»; para abrirmos portas precisamos sempre da chave correta. O capítulo 32 faz parte de uma secção que descreve a ruptura e a renovação da Antiga Aliança. Deus sentiu tristeza ao ver o povo corrompendo-se. Bastou o líder Moisés ausentar-se do acampamento por algum tempo e o povo se acomodou, por conta das circunstâncias; buscou facilidades ainda que por motivo legítimo: sobreviver. «Corrompeu-se o povo que tiraste do Egito» (v. 7). O livro do Êxodo ensina que a falta de autênticas lideranças dispersa e divide a comunidade. O materialismo invade as nossas consciências e parece perdermos a esperança no Projeto de Deus: um mundo justo e fraterno. Nós também nos dias de hoje estamos expostos a essa tendência.
É por isso que com a mensagem ao Povo de Deus, resultado da última Assembléia dos Bispos do Estado de São Paulo, chamada «Votar Bem», os bispos pedem a todos os católicos do Estado para que ao votar, votem com convicção; mas, junto com a convicção é preciso lembrar sempre os princípios fundamentais do dever cívico. Um dos princípios é o da «idoneidade moral» do candidato; a «ficha limpa» (cf. VB, n. 5). Outro princípio é a questão religiosa: «A religião pertence à identidade de um povo. Vote em candidatos que respeitem a liberdade de consciência, as convicções religiosas dos cidadãos, seus símbolos religiosos e a livre manifestação de sua fé» (cf. VB, n. 8). O voto é com certeza um «ato individual»; porém, ele em si mesmo perde seu valor quando realizado sem a devida reflexão anterior. «E o Senhor disse ainda a Moisés: Vejo que este é um povo de cabeça dura» (v. 9). Pela primeira vez, Deus fica tão raivoso que pretende não cumprir as promessas feitas a Abraão e chega até a declarar a Moisés que será da linhagem dele que «fará uma grande nação» (v. 9-b). A caminhada pelo deserto e pelas estradas da vida do Povo de Deus é sempre. Moisés tenta acalmar Deus e torna-se uma espécie de mediador, um representante. «Moisés, porém, suplicava ao Senhor seu Deus, dizendo: Por que, ó Senhor, se inflama a tua cólera contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte?» (v. 11). Moisés relembra a Palavra de Deus para Ele mesmo falada aos antigos patriarcas, sobretudo para Abraão: «Lembra-te de teus servos Abraão, Isaac e Israel, com os quais te comprometeste, por juramento, dizendo: ‘Tornarei os vossos descendentes tão numerosos como as estrelas do céu; e toda esta terra de que vos falei, eu a darei aos vossos descendentes como herança para sempre’» (v. 13). E Deus acalmou-se.

No Evangelho Lucas narra três parábolas contadas por Jesus: a da ovelha perdida (v. 9-7); a da moeda perdida (v. 8-10) e a do filho pródigo (v. 11-31). A ovelha e a moeda são bens materiais. A alegria demonstrada por Deus e seus anjos está no modo de agir dos atores principais da parábola: o pastor larga as 99 e vai à busca de uma só que se perdeu e a da mulher que larga as 9 moedas em busca de uma só que havia perdido. Mas, um filho não é um bem material, não é uma coisa, um objeto; é uma pessoa. Então há uma espécie de progressão de atitudes e de uma ética coerente entre as 3 parábolas. Do mesmo modo como damos valor às coisas, com muito mais intensidade devemos dar valor à vida humana e às pessoas. Por isso, a conclusão final: «Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’» (v. 31-32). É a mesma atitude que Paulo pediu a Filemon no domingo passado em relação ao escravo Onésimo.
O evangelho de hoje nos questiona direta e com profundidade em relação às nossas ações na vida em sociedade e na comunidade cristã. Não agimos como o «bom pastor», nem como a dona-de-casa que se torna uma agente que reúne e une as pessoas e quase sempre não agimos como o pai do filho pródigo. A muitos é o papel do «filho mais velho» a marca principal comparado aos fariseus e aqueles que perseguiam Jesus. «O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar (v. 25-28). Aquilo que os psiquiatras modernos chamam de «síndrome de Caim», o irmão que assassina o outro. A imagem e a figura de Caim sondam o nosso interior e às vezes fica visível e fica estampado no nosso semblante obscurecido pelo ódio e pela raiva.

Amados irmãos:

Infelizmente vai se evidenciando cada vez mais a face do filho mais velho e a do Caim em muitas culturas, em muitas ações políticas e, desgraçadamente, em muitas religiões. Cresce a intolerância cultural e religiosa. Essa semana pôde observar a realidade presente na cultura religiosa americana. Um pastor evangélico convoca o povo americano a queimar o símbolo sagrado dos muçulmanos: o Alcorão, o livro revelado por Deus a eles. Nós no Brasil já sofremos muito com isso, quando um pastor evangélico chutou a imagem de Nossa Senhora; e essas agressões não pararam ali. Elas continuam dia-a-dia através de uma pretensa pregação religiosa fundamentalista alimentando o fanatismo e a divisão entre os cristãos.
É verdade que atos terroristas devem ser condenados sempre, pois neles está a impossibilidade do diálogo, o extremo, a situação-limite. Rezamos hoje pelas vítimas do ato terrorista de 11 de setembro em Nova Iorque recordada ontem no mundo inteiro; mas, lembramos também com muita tristeza no coração, a matança de quase 300 mil pessoas, mulheres e crianças, no Iraque, segundo estimativas oficiais.
Nossa Igreja seja sempre a Igreja de Jesus; uma comunidade que não se desvia dos mandamentos mais importantes: o amor a Deus e ao próximo, mesmo que o próximo seja nosso aparente inimigo. Como é de uma beleza as palavras de Paulo ao seu discípulo Timóteo, na segunda leitura: «Agradeço àquele que me deu força, Cristo Jesus, nosso Senhor, pela confiança que teve em mim, ao designar-me para o seu serviço, a mim, que antes blasfemava, perseguia e insultava. Mas encontrei misericórdia, porque agia com a ignorância de quem não tem fé» (v. 12-13).

(Texto: Pe. Devair Carlos Poletto - 12/09/2010)

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