Apresentação MEJ Brasil - 1º Congresso Mundial do MEJ - 2012

Hino do Congresso Internacional do MEJ 2012 Argentina - Escute aqui!

domingo, 17 de abril de 2011

A voz do nosso pároco

Domingo de Ramos da Paixão do Senhor  - Ano A – 17 de abril de 2011.

Textos:
Is 50,4-7; Sl 21; Fl 2,6-11; Mt 26,14-27,66.


Irmãos e irmãs:


NÓS VOS ADORAMOS SENHOR JESUS CRISTO E VOS BENDIZEMOS!

De Jesus no horto das oliveiras, está escrito: «Começou a sentir tristeza e angústia. Disse-lhes: ‘Minha alma está triste até o ponto de morrer; fiquem aqui e velem comigo’». Um Jesus irreconhecível! Ele, que dava ordens aos ventos e aos mares e estes o obedeciam, que dizia a todos que não tivessem medo, agora é vítima da tristeza e da angústia. Qual é a causa? Ela está toda contida em uma palavra, o cálice. «Meu Pai se é possível, afasta de mim este cálice!». O cálice indica toda a sorte de sofrimento que está a ponto de cair sobre Ele. Mas não só isso. Indica, sobretudo a medida da justiça divina que os homens culminaram com seus pecados e transgressões. É «o pecado do mundo» que Ele tomou sobre si e que pesa sobre seu coração como uma pedra.

O filósofo, físico e matemático francês, no século 17, Blaise Pascal que chegou a perambular nos universos da razão e da emoção disse: «Cristo está em agonia, no horto das oliveiras, até o fim do mundo. Não se pode deixá-lo só todo este tempo». Agoniza lá onde haja um ser humano que luta com a tristeza, o pavor, a angústia, em uma situação sem saída como Ele aquele dia. Não podemos fazer nada pelo Jesus agonizante de então, mas podemos fazer algo pelo Jesus que agoniza hoje. Ouvimos diariamente tragédias que se consomem, às vezes em nossa própria vizinhança, na porta da frente, sem que ninguém perceba nada. Quantos hortos das oliveiras, quantos «Getsêmanis» no coração de nossas cidades! Não deixemos sozinhos os que estão dentro.

O texto da primeira leitura é do profeta Isaías, capítulo 50. É o terceiro canto do Servo Sofredor; são palavras que falam sobre a fidelidade do verdadeiro Messias, Filho de Deus. Jesus agiu como o Messias anunciado pelo profeta Isaías. «O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo» (vv.4-5). Jesus se apresenta como um discípulo de Deus: escuta com calma, encoraja quem está desanimado e apresenta uma alternativa para a violência da realidade. A alternativa é a chamada «não-violência ativa». Essa alternativa parte de uma convicção e de uma certeza: Deus está comigo. «Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado» (v. 7). Isaías lembra que os planos de Deus só se realizam quando somos capazes de nos doar totalmente.

Na segunda leitura, o Apostolo Paulo ilumina o Domingo de Ramos indicando o caminho seguido por Jesus. O caminho de Jesus é o caminho do discípulo fiel. Jesus escolheu o caminho certo: fazer a vontade de Deus. «Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens» (v. 6 e 7). A humilhação e o sofrimento de Jesus são as consequências de seu total despojamento, humanamente falando, diante de Deus, o Pai. Para o homem, Cristo estava sendo humilhado; para Deus, o Pai, Ele estava sendo exaltado. «Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome» (v. 9). No seu íntimo, no seu coração, Cristo estava agindo conforme a vontade de Deus. Agir assim, ser assim, indica a possibilidade de que realmente é possível «um outro mundo» construído por nós.

Transportemo-nos espiritualmente agora ao Calvário. «Clamou Jesus com forte voz: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’. Dando um forte grito, expirou». Sabemos que esta expressão é o início de uma oração, o Salmo 21, proferida por Davi num momento muito difícil da vida em que não podia sentir a presença de Deus. Davi como todos os outros heróis da fé passaram por momentos de quase perderem a fé. Há duas formas de ateísmo. O ateísmo ativo, ou voluntário, de quem rejeita Deus, e o ateísmo passivo, ou padecido, de quem é rejeitado (ou se sente rejeitado) por Deus. Em um e em outro existem os «sem Deus». O primeiro é um ateísmo de culpa, o segundo um ateísmo de pena e de expiação

Na cruz, Jesus expiou antecipadamente todo o ateísmo que existe no mundo; não só o dos ateus declarados, mas também o dos ateus práticos, aqueles que vivem «como se Deus não existisse», relegando-o ao último lugar na própria vida. «Nosso» ateísmo, porque, neste sentido, todos somos – uns mais, outros menos – ateus, «indiferentes» diante de Deus. Deus é também hoje um «marginalizado», marginalizado da vida da maioria dos homens.

Igualmente aqui se deve dizer: «Jesus está na cruz até o fim do mundo». Ele está em todos os inocentes que sofrem. Está pregado na cruz dos enfermos graves. Os pregos que ainda o atam à cruz são as injustiças que se cometem com os pobres. Em um campo de concentração nazista, enforcaram um homem. Alguém, assinalando a vítima, perguntou a um católico que tinha ao lado: «Onde está o teu Deus agora?». «Não o vês? – respondeu-lhe. Está aí, na forca».

Em todas as «deposições da cruz», sobressai a figura de José de Arimatéia. Representam todos os que também hoje desafiam o regime ou a opinião pública para aproximar-se dos condenados, dos excluídos, e se empenham em ajudar algum deles a descer da cruz. Para algum destes «crucificados» de hoje, o «José de Arimatéia» designado e esperado bem poderá ser eu, ou poderá ser você.

Iniciamos hoje com o que se chama Domingo de Ramos uma série de celebrações que deverá abrir mais as inteligências e os corações humanos. Somos a «Igreja – Povo de Deus – em movimento!» Aprendemos de Jesus e sobre Jesus – como ensina a amada e querida Igreja Católica, Mãe e Mestra – a ter um olhar diferenciado sobre a realidade que nos cerca. A Igreja Católica nos renova sempre em suas ações pastorais. Estamos imersos numa realidade com seus mais variados contextos, assim como Jesus de Nazaré. Mas, qual foi o olhar de Jesus de Nazaré sobre si mesmo e sobre a realidade que o cercava que o distinguiu, que o diferenciou de tantos homens tão santos e piedosos como Ele? Um mergulho em profundidade na espiritualidade da Semana Santa certamente provocará ânimo novo e uma inteligência nova. Temos de aprender com a experiência vivida.

(Texto: Pe Devair Carlos Poletto - 17/04/2011)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Futebol

Disco

Motocross

Mario Bross