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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A voz do nosso paróco


22º. DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A – 28 de agosto de 2011.
Textos:
Jr 20,7-9; Salmo 62; Rm 12,1-2; Mt 16, 21-27


Meus irmãos e irmãs:

LOUVADO SEJA NOSSO SENHOR JESUS CRISTO!


            A Palavra de Deus que celebramos neste domingo inserido no contexto eucarístico litúrgico nos convida a refletir sobre as consequências relativas ao seguimento do Senhor Jesus e à fidelidade ao Evangelho do Reino que Ele anunciou.

A primeira leitura é do livro do profeta Jeremias, capítulo 20, versículos 7 a 9. Jeremias profetizou num tempo em que os babilônios, atuais iraquianos, dominavam todo o Oriente antigo. O profeta Jeremias defendia a fidelidade radical à Aliança com Deus; para ele não importava se o momento histórico era bom ou não. O que as pessoas de fé não podiam jamais era se afastar de Deus, negar as tradições herdadas dos antigos. Para Jeremias mesmo num cenário de muitas dificuldades não se podia perder a esperança.
Quando lemos o livro do profeta Jeremias nós percebemos que ele gastou mais tempo para proclamar e anunciar a Palavra de Deus; entretanto, entre um capítulo e outro ele não deixou de extravasar as suas decepções e angústias com relação ao povo e até com Deus. Os estudiosos da Bíblia chamam esses momentos do profeta de «Lamentações».
Diante da recusa do povo, sobretudo dos poderosos de Israel em escutar o anúncio do profeta, Jeremias revoltado se dirige a Deus com palavras duras. «Seduziste-me, Senhor, e deixei-me seduzir; foste mais forte, tiveste mais poder. Tornei-me alvo de irrisão o dia inteiro, todos zombam de mim» (v. 7). Por que Senhor me enganou? Por que Senhor deixou-me iludir? São perguntas que nós também durante a caminhada – às vezes exaustos – ficamos decepcionados com a pouca receptividade da comunidade e das diversas lideranças. Diante da lentidão das profundas transformações que aguardamos ansiosamente na comunidade e também na sociedade sentimos frustrações. Jeremias queria casar e ter uma família, mas Deus não permitiu; queria curtir a vida e se divertir, mas Deus não permitiu. Por isso, em alguns momentos Jeremias quer colocar Deus no canto da parede. É uma estranha oração. Jeremias sente vergonha diante do povo quando anuncia a verdade e Deus nada faz. «Todas as vezes que falo, levanto a voz, clamando contra a maldade e invocando calamidades; a palavra do Senhor tornou-se para mim fonte de vergonha e de chacota o dia inteiro» (v. 8). Todos parecem torcer para que nada dê certo; todos parecem torcer para que a comunidade não caminhe para frente. Todos parecem torcer pelo momento em que vamos tropeçar. «Todos aqueles que parecem meus amigos esperam um tropeço meu. ´Quem sabe ele vai na conversa, nós o pegamos e tiramos nossa vingança contra ele`» (v. 10). A maioria dos profetas sofrem experiências parecidas com a de Jeremias. Somos muitas vezes motivos de zombaria de nossos próprios irmãos e pelos poderosos do mundo.

Na segunda leitura, Paulo escreve aos romanos, e fala sobre os altos e baixos da vida de um cristão e da comunidade na qual ele faz parte. Paulo no conjunto de suas cartas sempre fala a respeito disso. Para Paulo é preciso amar sem fingimento; é preciso vencer o mal com o bem. «Como, num só corpo, temos muitos membros, cada qual com uma função diferente, assim nós, embora muitos, somos em Cristo um só corpo e, cada um de nós, membros uns dos outros» (v. 4-5). Paulo parece nos dizer aquilo que falta na primeira leitura em Jeremias. Não adianta ficar só se lamentando. É preciso estar sempre atento e alerta e manter-se sempre fiel para cumprir a missão que nos foi dada por Jesus Cristo. É preciso ter discernimento durante a caminhada. Não se pode interpretar a Palavra de Deus segundo nossos desejos ou conhecer somente o que nos interessa. É preciso estar sempre em atitude de abertura diante dos imensos desafios.

            Após fazer a verdadeira profissão de fé sobre quem era Jesus de Nazaré, Pedro age como o profeta Jeremias e muitos cristãos de hoje, diante do anúncio da Paixão. «Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia» (v. 21).  Por isso, no Evangelho de Mateus de hoje, além de narrar os fatos acontecidos no relacionamento entre Jesus e os discípulos durante a caminhada que realizaram, o evangelista parece querer nos mostrar que durante a caminhada, sobretudo nos momentos difíceis é preciso não só ter fé, mas é preciso passar por uma espécie de «transfiguração». É preciso seguir Jesus até o fim, mesmo tendo que passar por momentos de cruzes e muitas vezes negando a realidade e lutando contra a vontade de Deus. «Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!”» (v. 22). A reação de Jesus diante dessa declaração de Pedro que, por detrás das palavras do apóstolo, revelam falta de compreensão e falta de convicção sobre quem realmente era o Mestre de Nazaré é dura. «Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens!”» (v. 23). Pedro teve que ouvir estas duras palavras de Jesus. Também nós nos dias de hoje enquanto membros da comunidade nós não queremos escutar as duras palavras de Jesus. Fechamos os olhos para a realidade do mundo ou queremos selecionar as palavras do Evangelho e ficar somente com «palavras doces». A morte anunciada por Jesus fazia parte dos planos de Deus, por causa da sua atuação concreta na realidade do mundo. A morte e o sofrimento passados por Jesus não revelariam «indiferença» por parte de Deus. «Deveria ser morto e ressuscitar no terceiro dia» (v. 21-c). Mas, isso jogou para o chão todo o entusiasmo e toda a admiração que sentiam por Jesus. Os Evangelhos estão sempre batendo nesta tecla: admiração, entusiasmo passageiro não são componentes de uma fé verdadeira. A aparente revolta de Pedro e sua boa intenção magoam Jesus. A fé proclamada por Pedro só pode ser forte e firme como uma «rocha», na medida em que o Apóstolo se abre à revelação do Pai ganhando a confiança de Cristo. «Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja» (v. 17-18). A fé de Pedro quando segue somente os interesses do mundo e os sistemas humanos converte-se numa fé satânica, ensina Jesus.
            Os versículos finais do Evangelho são palavras dirigidas à nossa paróquia nos dias de hoje. Parece que Jesus estava «adivinhando» que nós também passaríamos por isso. É Ele que recorda o nosso batismo e que somos consagrados como sacerdotes, profetas e reis. Jesus está sempre recordando a dimensão profética da fé, uma dimensão que é a verdadeira consagração do batismo. «Na comunidade eclesial, os Ministros Ordenados servem a COMUNHÃO, a ARTICULAÇÃO, a ORGANICIDADE. Leigos são sacerdotes, pastores, profetas, pelo batismo-crisma!», ensinava Dom Angélico Sândalo Bernardino no Congresso Arquidiocesano de Leigos de São Paulo, em 2010 e no maravilhoso encontro de formação sobre o documento de Aparecida promovido pela «Igreja – Povo de Deus – em movimento».  

(Texto: Pe Devair Carlos Poletto - 28/08/2011)

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