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domingo, 16 de outubro de 2011

A voz do nosso paróco

29º. Domingo do Tempo Comum  - Ano A – 16 de outubro de 2011.

Textos:
Is 45,1.4-6; Salmo 95; 1Ts 1,1-5b; Mt 22,15-21

Irmãos e irmãs:

«O Filho do homem veio dar a sua vida para a salvação dos homens»
(Mc 10,45).
               
                A primeira leitura é o texto de Is 45; foi escrito por um profeta anônimo, discípulo do profeta Isaías, que os exegetas, pessoas especializadas na interpretação de textos da Bíblia, chamam de «Segundo Isaías».
                O texto proposto pela liturgia trata do rei Ciro, da Pérsia, um rei pagão que fez os judeus voltarem do Exílio.
O texto de hoje do Segundo Isaías indica o amor de Deus por todos os povos. Ciro não conhece Deus, mas Deus o conhece, o toma pela mão; é chamado até de «ungido», como eram chamados os reis de Israel. «Chamei-te pelo nome; reservei-te e não me reconheceste (...) armei-te guerreiro, sem me reconheceres, para que todos saibam do oriente ao ocidente, que fora de mim  outro não existe. Eu sou o Senhor, não há outro» (v. 4-5).
                Esse rei pagão é instrumento nas mãos de Deus. Deus interfere na política e na cultura do povo ao chamar Ciro para libertar os judeus.

A segunda leitura é da carta de Paulo aos tessalonicenses. A primeira tessalonicense é a mais antiga carta de Paulo que possuímos e, portanto, o mais antigo documento recolhido no Novo Testamento. Poderíamos até dizer que o Novo Testamento começou por essa carta.
Paulo, Silvano e Timóteo trabalharam algumas semanas na cidade de Tessalônica para formar os grupos da comunidade durante a sua segunda viagem missionária por volta dos anos 50 d.C.
Paulo teve que fugir para Atenas, como conta os Atos dos apóstolos, cap. 17, mas, Timóteo ficou na cidade. Mais tarde, Paulo e Timóteo se encontraram na cidade de Corinto, de onde Paulo escreveu essa carta, a partir das notícias trazidas por Timóteo.
Os tessalonicenses são chamados de «Igreja», e essa palavra significa uma comunidade organizada e unida em torno de objetivos claros e de lutas específicas. De fato, estudos recentes afirmam que a maioria dos fiéis de Tessalônica eram pessoas empobrecidas e exploradas. O Evangelho é, para eles, a boa notícia da libertação em Jesus Cristo.
A comunidade de Tessalônica se organizou a partir da catequese fundamental de Paulo e seus companheiros. «Recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da caridade e a firmeza da esperança» (v.2) O centro de sua organização é o projeto de Deus manifestado na pessoa de Jesus morto e ressuscitado. É por isso que Paulo chama os tessalonicenses de “Igreja em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo”, desejando-lhes graça e paz, isto é, a plenitude da presença de Deus que gera vida em abundância para o povo (v. 1).
O último versículo da leitura deste domingo (v. 5) fala da presença do Espírito que anima a catequese e o progresso da evangelização. Se levarmos em conta o que nos relatam os Atos dos Apóstolos, Paulo e Silvano chegaram a Tessalônica com as marcas das torturas sofridas em Filipos. O que levou os tessalonicenses a acreditar nas palavras de pessoas que se apresentam dessa forma? Para Paulo, é evidente que o Espírito Santo vai conduzindo a evangelização, sensibilizando as pessoas e dando credibilidade à palavra de quem, à primeira vista, não merecia consideração. É o Espírito quem dá força e confere eficácia ao Evangelho.
                               
O texto do Evangelho de Mateus proclamado neste 29º Domingo do Tempo Comum está inserido numa seção em que apresenta as controvérsias enfrentadas por Jesus.
Estando já próximo da cidade de Jerusalém é no ambiente urbano que mensagem de Jesus é duramente questionada pelos políticos e religiosos do Templo.
Essas discussões mais acaloradas irão fazer com que Jesus produza seu famoso «sermão escatológico» que está no capítulo 25.
Nunca podemos esquecer que, diante de um texto da Bíblia, seja do AT ou do NT é preciso sempre «contextualizar». Um tempo histórico foi quando Mateus conviveu com Jesus e o grupo dos Doze; outro tempo histórico é quando o Evangelho foi redigido. Entre um período e outro está incluso no texto também a experiência do próprio evangelista e sua comunidade como «discípulos e missionários» de Jesus.
Mateus escreveu seu evangelho durante o reinado do Imperador romano Domiciano, entre os anos 81-96 d.C. , na região da Galileia. Tudo indica que lá Mateus teria formado uma comunidade. Não consenso nesta questão. Alguns historiadores indicam que senão todo ou parte do texto foi escrito em Alexandria, no Egito. O certo é que podemos perceber em Mateus que Jesus está sempre voltando para a região da Galileia. Lembremos que Mateus era da cidade de Cafarnaum, ao norte da Galileia e foi lá que fora chamado por Jesus.
Escrito num tempo onde não havia mais o Templo de Jerusalém, pois este fora destruído no ano 70 pelo Imperador Tito, Mateus transcreve e tem como fonte uma Tradição oral do cristianismo e sua própria convivência histórica com Jesus.
A comunidade de Mateus era formada, em sua maioria, por judeus da Diáspora convertidos ao cristianismo. A destruição do Templo provocou uma espécie de «vazio cultural» e de liderança nos diversos grupos de judeus.  Assim, ao longo do texto do evangelho de Mateus percebemos que sua comunidade vivia constantemente em «crise» de identidade. Também percebemos que o esforço de Mateus é fazer com que a comunidade se volte sempre para Jesus e seus ensinamentos, diante de questões novas e conjunturais do mundo.
O conflito apresentado no texto de hoje do Evangelho tem como eixo o tema da «autoridade e da liderança». Mateus assim como Lucas sempre apresenta esse tema em vários momentos. «Os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra» (v. 15).
A crítica de Mateus ao grupo político e religioso dos fariseus se estende também ao grupo do seu tempo em que escreveu o Evangelho, pois diz no v.16: «Então mandaram os seus discípulos, junto com alguns do partido de Herodes».  No fundo Mateus já está nos interrogando: somos fiéis e seguidores de quem, na prática? É uma pergunta atual! Será que nós também quando vivemos em comunidade não nos unimos aos inimigos do Evangelho anunciado por Jesus?
O tema dos impostos já aparecem em Mt 17. Talvez por ter sido sua atividade profissional antes de fazer do grupo de Jesus a questão do dinheiro está sempre presente no Evangelho de Mateus.
«Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?» (v. 16-17). A pergunta tem uma maldade implícita; eles desejam provocar uma situação para que Jesus tropece e, portanto, revele as contradições de sua mensagem. Mas, Jesus percebe a malícia. Eles querem acusar Jesus de idolatria.
A resposta de Jesus é precedida de uma declaração que revela quem são os questionadores. «Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? Mostrai-me a moeda do imposto! Levaram-lhe então a moeda» (v. 18-19). Ora, a moeda apresentada tinha a imagem do imperador romano Otaviano que ordenou que em todas as moedas romanas estivesse cunhada a imagem dele e um texto em latim: «Imperator Caesar Divi Filius Augustus», ou seja, «Imperador César, filho de Deus, Augusto».
Fica assim mais evidenciada a maldade dos fariseus. No fundo e por detrás da ardilosa pergunta: você não está a serviço do deus imperador?
Mas, Jesus com inteligência os desmascara. Jesus não tem a moeda, por isso pedem para que eles. «E Jesus disse: “De quem é a figura e a inscrição desta moeda?” Eles responderam: “De César”. Jesus então lhes disse: “Dai, pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”» (v. 20-21).
A resposta de Jesus virou um provérbio: «Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» (v. 20c). A frase supõe um pensamento político e religioso: existem 2 reinos: o reino de César (a sociedade, o mundo) e em contrapartida o reino de Deus. No texto do evangelho, o que era de César era uma moeda. Era o sinal do poder econômico imposto pelo Império Romano a um país dominado, colonizado por uma «cultura superior». Os judeus tinham que pagar pelas altas doses de civilização e tecnologias importadas de Roma. Tudo bem. Se consumirmos, temos que pagar (cf. Declaração «Dignitatis humanae» sobre a liberdade religiosa, n. 11).
O problema da frase de Jesus está na última parte: «E a Deus o que é de Deus». Jesus parece indicar aos seus inimigos que a conivência deles, a aliança que fizeram com os dominadores do povo está fazendo o povo esquecer-se das coisas de Deus. Mas, quais são essas coisas que pertencem a Deus que devemos dar ou devolver?  Jesus parece dizer que temos que ser atenciosos também para com Deus: temos dívidas a pagar para Deus. Jesus recorda que Deus é superior a César. Quem nos deu a vida foi Deus e não César. «Ninguém pode servir a dois senhores (...) vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24). A nossa primeira «pré-ocupação» deve estar voltada para Deus. A Deus devemos dar tudo: nossa vida, nosso pensamento, nosso amor, nosso dinheiro, nossas dedicação e inteligência.


Caríssimos:

                A fé que professamos nos conduz a uma prática e a um modo de ser cristãos nesse mundo. Portanto, devemos nos inserir no mundo e em todos os seus ambientes, embora, nosso coração não pertença a esse mundo, mas, a Deus. «Dai a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração» pedimos no início dessa celebração.

(Texto: Pe Devair Carlos Poletto - 16/10/2011) 

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