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domingo, 31 de outubro de 2010

A voz do nosso pároco

31º. Domingo do Tempo Comum – Ano C – 31 de outubro de 2010
Textos: Sb 11,22-12,2; Salmo 144; 2Ts 1,11-2,2; Lc 19, 1-10


Povo de Deus em Vila Guilhermina:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


A primeira leitura é do livro da Sabedoria. Esse livro bíblico foi escrito pela comunidade dos judeus que viviam na cidade de Alexandria, no Egito. Fundada por Alexandre Magno, que teve como orientador e professor nas letras e na espiritualidade, o grande Aristóteles. Alexandria tornou-se cosmopolita do ponto de vista econômico, mas, sobretudo, do ponto de vista educacional. Alexandre Magno, conquistador e general da Macedônia, atual Iugoslávia, talvez fora um dos grandes homens da História da humanidade que mais investiu, de modo completamente imparcial, na educação de base. Um homem bruto, mas que percebeu logo cedo a importância da educação nos primeiros anos de vida do ser humano e a sabedoria em lidar com as diferentes culturas. Ele construiu a famosa «Biblioteca de Alexandria». Na antiguidade essa cidade foi considerada a mais importante do mundo. Alexandria está no norte da África, perto da Faixa de Gaza, é a segunda cidade mais importante do Egito, depois da capital, Cairo. É uma cidade que fora construída à beira do Mar Mediterrâneo; os olhos da cidade voltados para a Grécia e a Europa. Por 300 anos a cidade de Alexandria fora considerada a cidade mais avançada e a mais moderna, do ponto de vista arquitetônico e científico, de todo o lado oriental do mundo. Alexandre Magno fez um esforço brutal: sintetizar as culturas do Ocidente e do Oriente. E a via para essa síntese era para ele a «educação»; mas, também o «conhecimento» que para ele se adquiria quando o ser humano era capaz de entender racionalmente e apreender o método, ou seja, o modo como compreender a realidade da vida.

A comunidade judaica diante do que havia de mais moderno do ponto de vista da ciência e da tecnologia enxergava que a verdadeira grandeza estava em Deus. «Senhor, o mundo inteiro, diante de ti, é como um grão de areia na balança, uma gota de orvalho da manhã que cai sobre a terra» (v. 22). Diante do que havia de belo, mais próspero, mais maravilhoso, o Povo de Deus se reunia para rezar para exaltar a grandeza e a sabedoria de Deus. E a grandeza e a sabedoria de Deus estavam naquilo que mais valioso existia: a vida humana. Na vida está a onipotência e o amor de Deus. Deus ama a vida. Deus é defensor natural da vida (cf. v. 26). «Sim, amas tudo o que existe, e não desprezas nada do que fizeste; porque, se odiasses alguma coisa não a terias criado» (v. 24). É com o olhar de uma fé esclarecida e consciente que a comunidade olha para o passado e consegue ver a presença de Deus. Uma presença, segundo o livro da Sabedoria, «incorruptível» (12,1). Paulo dirá: «Não cessamos de rezar por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação. Que ele, por seu poder, realize todo o bem que desejais e torne ativa a vossa fé» (v. 11).

Na segunda leitura, Paulo escreve aos Tessalonicenses, em segunda epístola, para comunicar à comunidade cristã os perigos que se corre quando confundimos a liberdade com a libertinagem. Nós confundimos liberdade com libertinagem quando nos iludimos com as variáveis versões da realidade. Para Paulo, o mundo e a realidade não são uma ilusão. As cartas de Paulo no Novo Testamento possuem grande conteúdo educacional. «Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós» (Rm 8, 18). Sofrimentos, diz Paulo, que vivemos por causa da vaidade e da dependência da vaidade (cf. Rm 8, 20). Os sofrimentos do tempo presente comparava Paulo como o gemido da mulher em dores de parto (cf. Rm 8, 22). Paulo dizia que nós devemos ser «imitadores de Deus» (cf. Ef 5,1), assim como o Salmista que abre o livro dos Salmos dizendo: «Feliz aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não anda no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se» (Sl 1, 1).

Parece que vivemos em tempos semelhantes. Confundimos liberdade com libertinagem porque estamos mergulhados numa versão ilusória da realidade, uma espécie de cegueira (cf. Lc 18,35-43). Uma ilusão, organizada em sistemas, que devasta e deforma o campo da ciência, da economia, da política e até a religião.

O Evangelho de Lucas narra o que se chama a «conversão de Zaqueu». A conversão de Zaqueu acontece depois que Jesus cura um cego. No caminho para Jerusalém Lucas recorda-nos o amor de Jesus pelos pobres e pelos pecadores. Mas, algo novo acontece no caminho; algo que chegou a surpreender o próprio Jesus que antes afirmava categoricamente: «Como é difícil para os que possuem riquezas entrar no Reino de Deus» (Lc 18, 24). Zaqueu é o exemplo de que Deus pode realizar o impossível, como ensinou Jesus. «O que é impossível aos homens é possível a Deus» (Lc 18, 27). Zaqueu enriquecera roubando. Era chefe dos cobradores de impostos (cf. v. 2). Em Jericó chega a notícia que Jesus iria passar pela cidade. A notícia aguça a curiosidade de Zaqueu. Ele «procurava ver quem era Jesus» (v. 3). Mas, como um ladrão, que tem consciência de sua condição, pode querer ver Jesus? Para Zaqueu só havia um jeito. Tinha que fingir-se de religioso, de honesto, de seguidor da Lei. Por isso, Lucas mostra toda a preparação e o esforço que Zaqueu faz. Ele sobe numa figueira; uma árvore que na mitologia judaica e antiga simbolizava a religião. A cena é interessante porque Zaqueu se sente no alto: é rico, tem dinheiro, está por cima e além do mais é religioso. Lucas coloca de propósito Zaqueu acima de Jesus. «Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse: Zaqueu desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa» (v. 5). Jesus está sempre nos puxando para a realidade e nos tirando do mundo das ilusões. «Ele desceu depressa e recebeu Jesus com alegria» (v. 6). A conversão dele começa aí. Sai do mundo das ilusões e se coloca no mesmo nível da humanidade que ele enxerga, de maneira extraordinária, em Jesus. Zaqueu se coloca aos pés de Jesus. «Zaqueu ficou de pé» (v. 8-a). Depois vêm as críticas dos que andavam com Jesus. «Ele foi hospedar-se na casa de um pecador» (v. 7). Não é Zaqueu que convida Jesus; Jesus se autoconvida para ir à sua casa. Zaqueu confirma para Jesus o que os seus seguidores falavam dele. «Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais!» (v. 8-b). A declaração final de Jesus é uma beleza; a notícia que Jesus dá a Zaqueu é essa: «Hoje a salvação entrou nesta casa» (v. 9). O Evangelho não diz se Zaqueu fez o que tinha prometido a Jesus, certamente o fez; mas Lucas conclui com o ensinamento mais importante. «O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido» (v. 10). O mandamento do amor exige total e ativa transformação do mundo.
(Texto: Pe Devair Carlos Poletto - 31/10/2010)

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