Apresentação MEJ Brasil - 1º Congresso Mundial do MEJ - 2012

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domingo, 24 de outubro de 2010

A voz do nosso pároco

30º. Domingo do Tempo Comum – Ano C – 24 de outubro de 2010
Textos: Eclo 35,15-b-17. 20-22-a; Salmo 33; 2Tm 4,6-8.16-18; Lc 18, 9-14


Meus irmãos e irmãs:
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


Hoje a Igreja no Brasil celebra o «Dia Mundial das Missões». A Igreja é o Povo de Deus. Pelo Batismo professamos a fé que, em sua essência, é missionária. Fé e missão: eixos fundamentais para a ação. A missão é ingrediente «ontológico», no «sentido heidggeriano» para a fé cristã e católica. Martin Heidgger, falecido em 1976, foi um grande pensador e professor alemão que escreveu um livro belíssimo: «O Ser e o Tempo», de 1927. Nascido na antiga Suiça Alemã, em 1889, foi educado pelos padres jesuítas. O pai de Heidgeer era sacristão na Paróquia São Martinho. O ponto de partida do pensamento de Heidegger, principal representante alemão da «filosofia existencial», é o problema do sentido do ser. Heidegger aborda a questão tomando como exemplo o ser humano, que se caracteriza precisamente por se interrogar a esse respeito. O homem está especialmente mediado por seu passado: o ser do homem é um «ser que caminha para a morte» e sua relação com o mundo concretiza-se a partir dos conceitos de preocupação, angústia, conhecimento e complexo de culpa. Para Heidegger, o homem deve tentar «saltar», fugindo de sua condição cotidiana para atingir seu verdadeiro «eu». A sociedade e o mundo de hoje padecem desse mal: a falta de sentido. O pano de fundo de todos os problemas humanos de hoje é uma carência do pensar, no sentido filosófico; o problema não é Deus (o ser teológico), mas, o homem (o ser filosófico).

Ser católico e cristão é ser missionário. Toda a nossa ação deve ser animada a partir do dom precioso que Deus nos deu: a fé; fé catequeticamente proposta pelo Criador no processo de geração da vida e decisão da família. A fé cristã e católica tem por base a felicidade e a alegria. É a alegria da mãe e do pai pela chegada de um novo ser vivo, de um novo ser humano ao mundo; alegria e felicidade compartilhadas pelo homem e pela mulher, mesmo passando por tantas dificuldades. A fé é um «estado encorpado ressurreto». Defender a vida e favorecer a educação sempre foi uma das preocupações na agenda do Povo de Deus. As crianças inseridas no núcleo familiar, sempre participaram e com uma aguda observação conviviam no seio familiar durante a caminhada no deserto. Na perspectiva das crianças, o deserto era uma aventura, não um perigo real à vida. Na caminhada do deserto, tão bem retratada no livro do Êxodo, livro que é uma espécie de «eixo» para compreender a Palavra de Deus, a presença das crianças no longo acampamento que duraram 40 anos, se faz presente e importante, mas, de forma velada. São as crianças que encontram o «maná» (palavra que deriva do vocabulário infantil hebreu: «man-há» que significa: `mãe dá´) e partilham com o Povo de Deus no deserto. Não é à toa que o Salmista vai sempre se referir ao maná, como sendo o «pão dos anjos» (cf. Sl 78,24). As crianças acabam salvando a família com a descoberta do maná; os adultos acabam enxergando a Providência de Deus e as crianças como instrumento de sua Palavra, seus mensageiros, na linguagem religiosa, seus anjos.

Por isso a missão tem tudo a ver com a partilha e com a solidariedade. O gesto de repartir, partilhar, que percorre transversalmente toda a Palavra de Deus vem da experiência das crianças. Não é por acaso que num dos relatos da multiplicação dos pães aparece uma criança que apresenta a Jesus o pouco que tem: dois pães e dois peixes. O ato de partilhar, como ensinam os Evangelhos, é a vontade de Deus; quem partilha entrega também a sua experiência e vivência existencial. Jesus nos convida a ser seus discípulos e seus missionários. O horizonte da missão é o mundo, a humanidade no seu todo. Nós como comunidade católica e cristã temos uma responsabilidade missionária. Responsabilidade de rezar pelos missionários; responsabilidade de pedir alcançar a graça de ser missionário; responsabilidade em ajudar financeiramente as obras missionárias. Em 2008, a Igreja no Brasil realizou o 2º. Congresso Missionário Nacional, em Aparecida, interior do Estado de S.Paulo. O Congresso teve como inspiração fundamental o documento de Aparecida. A missão aprofunda a mensagem fundamental que é o Evangelho semeado nas diversas realidades da nossa cidade, ou seja, a missão tem esse aspecto de mergulho no espírito do Evangelho; o aspecto prático desse mergulho é o «ir», ou seja, agir para fora dos limites, das fronteiras. Ser missionário é exatamente isso: mergulhar no espírito do Evangelho! A ação pastoral e evangelizadora missionária é um ato de mergulhar no profundo oceano do Espírito.

A primeira leitura é do livro do Eclesiástico, capítulo 35. As origens do livro remontam a um costume da comunidade que, ao reunir-se ouvia a proclamação da Lei e a seguir ouvia uma espécie de relato das pessoas mais velhas da comunidade. O relato apresentado está inserido numa espécie de liturgia e de celebração onde o Povo de Deus – em movimento e reunido nas casas («oikia», do grego, que vai dar origem, séculos mais tarde, ao conceito básico de «paróquia»). O autor quer lembrar o jovem Povo de Deus à necessidade de respeitar a experiência de vida dos mais velhos. Para entender a Palavra de Deus não basta lê-la e receber instrução. Só ler não instrui (cf. «Prólogo» na Versão Grega). É preciso ouvir a experiência de quem viveu. É preciso percorrer um caminho duro: disciplinar-se (cf. Eclo 1-23), depois entender a relação entre a Sabedoria de Deus e a vida humana para compreender o projeto de vida na Criação, para finalmente, adquirir capacidade para rezar (cf. Eclo 51). A sentença inicial vem da experiência. «O Senhor é um juiz que não faz discriminação de pessoas» (v. 15-b). Portanto, a oração elevada para Deus não deve conter nenhum sinal de falsidade. Os juízes da terra podem ser parciais. A Lei pode ser interpretada segundo os modismos ou circunstâncias. Deus não é um juiz assim. «Ele não é parcial em prejuízo do pobre» (v. 16-a).

A lição da primeira leitura está na ilustração apresentada por Jesus em forma de parábola, no Evangelho. É a parábola do «fariseu e o publicano». Jesus remete a parábola para aqueles «que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros» (v. 9). Essa parábola é uma continuidade da parábola do domingo passado que mostrava a relação entre um juiz injusto e uma viúva (cf. Lc 18, 1-10). Jesus questiona o sistema puro-impuro. O fariseu, considerado puro pela prática da Lei vai ao Templo rezar; o publicano, considerado impuro pelas leis sociais e religiosas também se dirige ao Templo. A questão que Jesus coloca é: a oração de qual deles vai chegar até Deus? Enquanto o fariseu desfia sua lista de qualidades, em forma de oração, para Deus, o publicano não tem qualidades nenhuma para apresentar. «Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda» (v. 11-12), diz o fariseu em seu pensamento.

De outro lado, o publicano reconhece seus pecados e não tem nem ânimo para dizer qualquer coisa. «Meu Deus, tem compaixão de mim, que sou pecador» (v. 13-c).

Jesus diz que Deus ouviu a oração do publicano e não a do fariseu. A oração que agrada a Deus é fruto do modo como vivemos em relação aos outros.
(Texto: Pe Devair Carlos Poletto - 24/10/2010)

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