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sexta-feira, 3 de junho de 2011

DIÁLOGO E INSTRUÇÃO, CHAVES PARA PROMOVER INTERCULTURALIDADE

Dom Vegliò fala sobre diálogo entre cristãos, judeus e muçulmanos


Por Roberta Sciamplicotti
BUDAPESTE, quinta-feira, 2 de junho de 2011 (ZENIT.org) - No mundo atual, caracterizado pela convivência de muitos povos nos mesmos espaços geográficos, é preciso ter um novo modelo de vida baseado na interculturalidade e, para promovê-la, são necessários os instrumentos fundamentais do diálogo e da instrução.
É o que explicou hoje o presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, Dom Antonio Maria Vegliò, ao intervir sobre o tema "Valores comuns no âmbito do impacto religioso e social das migrações", na Conference on the Christian-Jewish-Muslim interfaith dialogue, promovida no semestre da presidência da Hungria no Conselho da União Europeia e que está sendo realizada no castelo real de Gödöllö, perto de Budapeste, de 1º a 3 de junho.
Dom Vegliò está na Hungria para realizar uma visita pastoral de 1º a 6 de junho, convidado por Dom János Székely, promotor da Pastoral para a Mobilidade Humana, da Conferência Episcopal Húngara.
Em sua intervenção de hoje, o arcebispo destacou que a Europa "não é só um continente multicultural hoje, mas também é uma realidade historicamente multicultural".
O encontro com diversas culturas, observou, "permite um enriquecimento da própria realidade", é uma aproximação "serena, recíproca e sem preconceitos" entre culturas, que "pode ajudar a que não se fechem em si mesmas, no que são, e a evitar o empobrecimento que seria consequência disso".
Para Dom Vegliò, na verdade, mais que multiculturalidade, seria preciso falar de interculturalidade. O primeiro termo, de fato, "constata, de forma meramente descritiva, a presença objetiva de duas ou mais culturas no mesmo espaço geográfico", enquanto a interculturalidade "indica relações estabelecidas entre as culturas presentes em certo espaço geográfico e insiste nos comportamentos, nos objetivos a alcançar e nos itinerários educativos que conduzem a esse encontro de culturas".
Torna-se prioridade não só uma aproximação, mas também um "intercâmbio"; "e não um simples intercâmbio do que se tem, mas sobretudo do que se é".
A integração, de fato, segundo o presidente do dicastéreo vaticano, "não é um processo em sentido único": "os autóctones, como os migrantes, devem mostrar-se preparados para percorrer as vias do diálogo e do enriquecimento recíproco, que permitem valorizar e acolher os aspectos positivos de cada um".
Tudo isso, obviamente, levando em consideração "o respeito da identidade cultural dos migrantes" e prestando atenção a eventuais elementos "contrários aos valores éticos e universais ou aos direitos fundamentais".
Chaves
Para a promoção da interculturalidade, destacou Dom Vegliò, há dois instrumentos indispensáveis: "o diálogo e a instrução".
O diálogo, segundo ele, "deve ser o instrumentos mais importantes para usar nas relações que se apresentam em todos os âmbitos da vida humana".
Ultimamente, no entanto, apresentou-se "um grande problema': para acolher os que chegam ao nosso continente e estabelecer com eles um diálogo construtivo, "a Europa ocultou os princípios e valores que caracterizaram seu nascimento e que a modelaram".
Assim, o continente europeu silenciou ou negou suas raízes cristãs, denunciou o bispo.
"Isso impede um acolhimento adequado e uma integração real dos imigrantes que provêm de outros contextos culturais, porque para eles é impossível estabelecer um diálogo com uma terra que parece privada de um rosto e de uma história, uma terra sem princípios comuns nem valores fundamentais."
Outro motivo do "fracasso" no acolhimento dos imigrantes na Europa, acrescentou o prelado, é o fato de que "se realizou de forma passiva e foi justificada com um desejo de tolerância".
"Confundimos frequentemente o conceito de tolerância com a aceitação não-crítica de todos os estilos de vida, a partir de um respeito sem limites e evitando emitir qualquer juízo sobre eles", constatou.
Quanto à instrução, Dom Vegliò destacou a necessidade de "comprometer-se firmemente" na "instrução intercultural", "porque os modelos educativos tradicionais não são capazes de oferecer respostas adequadas aos desafios atuais".
Um novo modelo educativo deve, portanto, concentrar-se em vários elementos: "ensinar a respeitar e a valorizar as diversas culturas, descobrindo os elementos positivos e frutíferos que podem conter; ajudar a modificar os comportamentos de medo ou indiferença com relação à diversidade; educar no acolhimento, na igualdade, na liberdade, na tolerância, no pluralismo, na cooperação, no respeito, na corresponsabilidade, na não-discriminação".
Da mesma forma, deve "valorizar positivamente o diálogo e a escuta; ajudar a vencer as generalizações, os preconceitos, os estereótipos; superar o individualismo e o isolamento em grupos fechados; favorecer as personalidades maduras, flexíveis e abertas".
A educação intercultural, indicou o presidente do dicastéreo vaticano, "será muito importante para vencer todo extremismo cultural contrário aos valores contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos".
Religião e migração
"Por que as religiões devem inevitavelmente participar no processo de construção europeia" e, mais concretamente, "no acolhimento dos imigrantes e no diálogo intercultural?", perguntou-se depois Dom Vegliò.
Em primeiro lugar, afirmou, é necessário "reconhecer que as religiões representam uma das formas mais importantes da identidade cultural" e que "existe um vínculo profundo e inegável entre a religião e cultura".
"Não é possível compreender a religião sem a cultura, nem a cultura sem a religião", destacou, porque "a visão do universo presente em cada uma das nossas sociedades e que oferece certos valores, comportamentos, ideias sobre a vida implicam em origens claramente religiosas, compartilhadas pela grande maioria dos seus membros, crentes ou não".
Em segundo lugar, acrescentou, "se considerarmos que as transformações do nosso continente passam necessariamente por uma mudança de mentalidade de cada um dos indivíduos (autóctone ou imigrante) e se formos conscientes do importante dever desenvolvido pelas confissões religiosas enquanto formadoras das consciências, não podemos deixar de reconhecer o papel indispensável das religiões neste processo de construção europeia".
"A promoção da dimensão intercultural exige a aceitação dos valores e dos princípios fundamentais, que devem ser considerados imprescindíveis e básicos para a construção das nossas sociedades europeias", indicou Dom Vegliò.
"As diversas confissões religiosas e seus lugares de culto - concluiu - têm uma missão particular a cumprir para favorecer a adoção destes valores por parte daqueles que chegam ao nosso continente."

Fonte: http://www.zenit.org/article-28120?l=portuguese (Acesso 02/06/2011 às 22h19)

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